Benfica 1-2 Gil Vicente | Galo canta e silencia águia na Luz

STOP. O Gil Vicente visitou na tarde deste sábado o Benfica e saiu do palco da Luz com os três pontos na bagagem e a “cantar de galo”, ao vencer por 2-1, num duelo relativo à 27ª jornada da Liga NOS – no qual os três golos foram marcados por jogadores da formação de Barcelos.

Léautey e Lourency e Vítor Carvalho (na própria baliza) foram os marcadores de serviço. Ricardo Soares desenhou uma equipa que soube ocupar a zona central, neutralizou as acções do Weigl e Taarabt e soube explorar e ferir os corredores, colocando a nu as fragilidades defensivas de Grimaldo e de Diogo Gonçalves.

O jogo explicado em números

  • Em equipa que ganha, Jorge Jesus não mexeu e manteve a aposta nos mesmos 11 jogadores que iniciariam o duelo da última jornada na Capital do Móvel. Já nos Galos, Ricardo Soares chamou ao “onze” Rodrigão, Vítor Carvalho, Lucas Mineiro e Léautey em detrimento de Claude Gonçalves, Kanya Fujimoto, João Afonso e Ygor Nogueira, respectivamente, isto tendo como ponto de comparação o desaire frente ao Moreirense.
  • Entrada em cena personalizada e organizada dos forasteiros. A equipa de Barcelos actuava com a defesa alta, conseguia roubar muitas bolas e condicionar as acções “encarnadas”, e sempre que conseguia aproximava-se da área contrária – um canto e um remate desenquadrado.
  • Apesar de ter mais bola (57% da posse contra 43% do opositor), o Benfica sentia muitas dificuldades em conseguir fazer quatro passes seguidos em progressão, mostrando-se lento, previsível, pouco reactivo na recuperação pós perda da bola e em desvantagem na zona central do meio-campo, onde Weigl e Taarabt não conseguiam superar o trio formado por Lucas Mineiro, Pedrinho e Vítor Carvalho. Dos sete remates – todos desenquadrados – feitos até aos 30 minutos, quatro pertenceram ao Gil e três aos anfitriões.
  • Lourency, com 5.7, era o elemento com melhor nota neste período. O extremo acumulava um passe para finalização, eficácia de 100% nos 15 passes feitos, acertou dois dos três dribles tentados e ainda registou três recuperações da posse.
  • Ao minuto 35, os gilistas inauguraram a contagem. Após abertura de Pedrinho, Léautey, com uma diagonal da direita para o centro, desferiu um remate colocado e forte, batendo Helton Leite que não sofria tentos há sete jornadas. O francês estreou-se a marcar nesta edição do campeonato.
  • Apenas já em período de descontos ocorreu uma espécie de resposta “vermelha-e-branca”, mas Luca Waldschmidt cabeceou para fora depois de um cruzamento de Diogo Gonçalves.
  •  Foi sem surpresas que o Gil Vicente foi para os balneários em vantagem. A equipa gilista não precisou de ser brilhante para comandar o marcador, foi competente a defender nas poucas vezes que teve trabalho e foi inteligente nas incursões ofensivas, acabando por construir mais cantos, mais remates e marcou a culminar uma óptima iniciativa gizada por Léautey. O francês foi o MVP nestes primeiros 46 minutos com um GoalPoint Rating de 6.9. Além do tiro certeiro, na única tentativa que fez, contabilizou 22 acções com a bola, três recuperações da posse, uma falta sofrida e nenhum passe falhado em 15 feitos.
  • No regresso à linha de quatro na defesa, JJ retirou o amarelado Lucas Veríssimo e chamou Everton “Cebolinha” para assumir o lado esquerdo do ataque. Mas quem esteve próximo de marcar foi o Gil Vicente quando, aos 49 minutos, Lourency ficou a centímetros de ampliar a vantagem dos nortenhos, após um excelente cruzamento de Joel.  
  • Na resposta, Seferovic, aos 53 minutos, esteve perto do empate, naquela que foi a ocasião mais perigosa criada pelas “águias”. Não obstante as mudanças tácticas – 1x3x4x3 versus 1x4x4x2 -, continuaram as dificuldades benfiquistas em chegar com perigo à zona dos últimos 30 metros, bem como a inferioridade no meio-campo e a facilidade do Gil em criar perigo – exemplo a oportunidade falhada por Pedro Marques (57′).
  • Três minutos volvidos, numa jogada de insistência de Diogo Gonçalves, Haris Seferovic voltou a ficar próximo do 1-1. E nem à terceira tentativa o suíço conseguiu marcar (70′).
  • A dez minutos dos 90, Lourency arrancou no corredor esquerdo e só parou quando colocou a bola no fundo das redes da baliza à guarda de Helton Leite e rubricou o 0-2. Excelente desenho ofensivo dos comandados de Ricardo Soares e realce para a forma passiva como a equipa de Jorge Jesus abordou o lance. Foi o quarto tiro certeiro do brasileiro nas 27 jornadas da Liga em que foi utilizado.
  • Aos 87 minutos, o Benfica conseguiu reduzir a desvantagem, aproveitando um golo na própria baliza apontado por Vítor Carvalho, que viu a bola tocar-lhe depois de uma incursão iniciada por Rafa desde a ala direita até ao centro. Já na fase de desespero, Pedrinho e Otamendi estiveram próximos do 2-2, mas ambos os remates não levaram a direcção do alvo.
  • O Benfica, que vinha de sete triunfos consecutivos e que nas últimas dez rondas da prova apenas tinha sofrido um golo, voltou a consentir – algo que não ocorria há sete jogos – e a perder, naquilo que foi o culminar de uma exibição desinspirada e que complica as contas na equipa no que concerne à luta pelo segundo lugar que dá acesso directo à fase de grupos da Liga dos Campeões. O líder Sporting está a 12 pontos, o FC Porto poderá ficar a seis e o SC Braga ganhar um novo alento.
  • Por sua vez, o Gil Vicente exibiu-se a um óptimo nível e voltou a levar os três pontos do palco da Luz, algo que não ocorria desde a época 2005/06. Foi ainda a terceira vez de rajada que os homens de Ricardo Soares festejaram um triunfo fora de portas nesta edição do campeonato – depois de Rio Ave e Vitória de Guimarães, a vítima foi o Benfica.

O melhor em campo GoalPoint

Pulmão inesgotável num constante vai e vem entre a defesa e o ataque. Joel Pereira esteve em alto nível durante os 97 minutos de jogo na Luz. O MVP acumulou uma ocasião flagrante criada, quatro passes valiosos, oito passes longos certos em 11, mais 11 progressivos que levaram a direcção desejada, quatro variações do flanco, 70 acções com a bola, oito recuperações da posse, duas acções defensivas no meio-campo adversário, seis desarmes, quatro intercepções e três passes/cruzamentos bloqueados. O melhor em campo registou um GoalPoint Rating de 7.0.

Jogadores em Foco

  • Otamendi 6.7 – No último suspiro da “águia”, ficou próximo de empatar o duelo. O argentino foi a unidade dos da casa com a melhor nota. A destacar as dez recuperações da posse que fez (máximo na partida), cinco acções defensivas no meio-campo adversário (outro máximo), cinco desarmes, três intercepções e dois alívios.
  • Pedrinho 6.4 – Muito influente na manobra do Gil no meio-campo, em especial na construção, Pedrinho fez uma assistência em dois passes para finalização e deu o “corpo ás balas”, com dois bloqueios de remate.
  • Taarabt 6.4 – Causou estranheza ter saído de cena aos 59 minutos. Até então, estava a ser dos poucos elementos do Benfica a tentar contornar a teia montada pelos gilistas. Dos seus dados destacámos três passes valiosos, dois cruzamentos, 65 acções com o esférico, cinco dribles com êxito em cinco feitos e outras tantas recuperações.
  • Rafa 6.4 – O lance que redundou no 1-2 acabou por “salvar” uma exibição desinspirada e pouco assertiva do internacional português. Mesmo num dia menos feliz – 19 perdas de bola, três desarmes sofridos e quatro maus controlos de bola -, conseguiu gizar quatro passes para finalização (um deles para ocasião flagrante), nove passes valiosos, sete acções com a bola na área contrária (máximo no duelo) e acertou cinco dos oito dribles feitos.
  • Lourency 6.3 – Um perigo à solta. Defendeu quando teve de o fazer e atacou sempre que conseguiu. A forma como finalizou a jogada do 0-2 acaba por premiar uma excelente “performance” do extremo que falhou apenas dois dos 23 passes feitos (91% de eficácia), “fechou” 50% dos seis dribles realizados e recuperou a bola em nove ocasiões.
  • Seferovic 5.3 – Após ter partido as “stats” diante do Paços de Ferreira, o suíço esteve numa “tarde não” e os números dizem que rematou em sete ocasiões – nenhuma enquadrada e com Expected Goals (xG) de 1,1 -, fez dois passes valiosos, nove acções com a bola na área do Gil Vicente, venceu metade dos seis duelos aéreos ofensivos em que interveio, mas além da má finalização (duas flagrantes desperdiçadas), ainda teve quatro maus controlos da bola.

Resumo

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