Superliga: protestos, adepto no hospital, mas é uma “grande ideia”

Emirates Stadium

Os arredores do estádio do Arsenal foram palco de novos protestos contra os proprietários de um clube inglês. No entanto, a maioria dos 12 clubes criadores da competição continua a acreditar no projeto.

A “novela” Superliga Europeia continua. Apesar de a competição ter sido suspensa dois dias depois de ter sido anunciada, continuam a surgir reações, quer da parte dos adeptos, quer da parte de responsáveis de clubes. Sobretudo no Reino Unido.

Nesta sexta-feira houve novos protestos em Londres, desta vez à porta do The Emirates Stadium, o estádio do Arsenal. Horas antes do jogo da Premier League com o Everton (0-1), os seguidores da equipa da casa pediram a demissão dos proprietários do Arsenal, a família Kroenke.

O portal The Athletic cita a polícia e os serviços de urgências locais, que informaram que um dos adeptos que estava na manifestação caiu de um telhado e foi transportado para um hospital; não é uma situação de estado grave.

Os adeptos pediram a saída imediata da família Kroenke, exibindo pedidos como “Kroenke, obrigado por nada. É altura de dizer adeus”. Os adeptos do Arsenal juntam-se aos seguidores de Tottenham, Manchester United e Chelsea: todos se mostraram desiludidos quando souberam que os clubes que apoiam estavam integrados na criação da Superliga Europeia.

Quatro dos seis clubes ingleses envolvidos no projeto já pediram desculpa aos adeptos pelo “erro”, mas nem todos seguem esse discurso: o proprietário do Manchester United, Avram Glazer, foi questionado sobre uma eventual venda do clube, enquanto se tentava ouvir uma reação oficial por parte do milionário. “Sem comentários”, respondeu Glazer.

Adeptos do Manchester United bloquearam a entrada do campo de treinos do clube, na quinta-feira. Alguns elementos da equipa, incluindo o treinador Ole Gunnar Solskjaer e o ex-Benfica Nemanja Matić falaram pessoalmente com alguns dos adeptos, que mais tarde dispersaram.

“Pior do que cobras” – mas a ideia permanece

A vice-presidente do West Ham criticou a postura dos responsáveis pelos seis clubes ingleses que alinharam nesta ideia do presidente do Real Madrid. “Não me admira o facto de o presidente da UEFA, Aleksander Čeferin, ter dito que eles são cobras“.

“Na terça-feira passada houve reunião dos outros 14 clubes da Premier League e posso assegurar-vos de que eles mereceram nomes piores“, escreveu Karren Brady, no seu espaço de opinião no jornal The Sun, acrescentando que a presença num torneio deve depender dos resultados em campo “e não de homens de fato”.

Este desagrado é geral, entre os diretores dos clubes da Premier League – excetuando Liverpool, Manchester United, Manchester City, Arsenal, Chelsea e Tottenham, que estavam no grupo que anunciou a criação da Superliga Europeia.

Vários diretores disseram à Sky Sports que já nem conseguem reunir com os responsáveis desses seis clubes: “Disseram-nos várias vezes que não estavam a preparar a Superliga. Depois do que aconteceu nesta semana, não conseguimos voltar a falar com essa gente. Os clubes em causa têm de encontrar novos representantes para as reuniões da Premier League. Estes têm de ser substituídos”, confessou um dos diretores.

O projeto da Superliga Europeia, que demorou três anos a ser criado e demorou 48 horas a ser suspenso, ainda pode avançar. Porque, igualmente segundo a Sky, os proprietários da maioria dos 12 clubes fundadores ainda acreditam no torneio, que acham que é uma “grande ideia”. O que não funcionou foi a comunicação, avançou um diretor da Premier League.

Comparação com Benfica e FC Porto

A Superliga Europeia iria ser jogada todas as épocas com alguns dos maiores clubes europeus, numa prova que contaria com 20 equipas – e a maioria delas estaria sempre qualificada para o torneio, mesmo que ficasse em último lugar no campeonato nacional anterior.

Um torneio com “grandes” da Europa mas, reforça o jornalista Kaveh Solhekol, alguns dos clubes fundadores não são assim tão “grandes”. E o jornalista lembra os dois clubes portugueses que já foram campeões europeus, numa comparação que publicou no Twitter.

As contas são estas, por ordem cronológica: Benfica, Celtic, Feyenoord, Ajax, Notthingham Forest, Aston Villa, Hamburgo, Steaua Bucareste, FC Porto, PSV, Estrela Vermelha e Borussia Dortmund conquistaram, juntos, 19 edições da Liga dos Campeões; enquanto um terço dos clubes fundadores da Superliga Europeia – Arsenal, Atlético de Madrid, Manchester City e Tottenham – ganhou… zero.

E, olhando para outras estatísticas, verifica-se que o Tottenham só ganhou uma Taça da Liga nos últimos 30 anos, o Arsenal não está na Liga dos Campeões há cinco anos, o AC Milan não está na Liga dos Campeões desde 2013 e há 10 anos que o Inter Milão não passa da fase de grupos da mesma prova.

[sc name=”assina” by=”Nuno Teixeira, ZAP” ]


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