A FIFA e a AFC dão, no total, milhões de euros por ano à Federação de Futebol do Paquistão. Assombrada por interesses financeiros, a Federação não usa o dinheiro para benefício dos jogadores.
Este mês, enquanto todo o mundo se concentrava nos planos da formação de uma Superliga Europeia, a FIFA suspendeu a Federação de Futebol do Paquistão (FFP). No início de abril, uma multidão supostamente liderada por um ex-presidente da FFP invadiu e ocupou os escritórios da federação à força, levando a FIFA a tomar medidas.
O Paquistão tem um das seleções de futebol com classificação mais baixa do mundo — 199.º de 210 países.
Nos últimos seis anos, a FFP tem estado envolvida numa verdadeira batalha administrativa, não sendo esta a primeira vez que a FIFA suspende a federação.
“O controlo da FFP é motivado pelo desejo de controlar as grandes somas de dinheiro associadas a ela, com financiamento garantido na ordem de milhões de euros a cada ano”, explica Ali Ahsan, editor do site FootballPakistan.
Por ano, a Federação de Futebol do Paquistão recebe cerca de 1 milhão de euros da FIFA, mais cerca de 650 mil euros da Confederação Asiática de Futebol, a AFC.
Além disso, a FIFA também dá milhões de euros à FFP no âmbito do Goal Project, que visa “apoiar as associações nacionais mais pobres”. No entanto, apesar das promessas de implantar o projeto em oito cidades, apenas um campo foi construído, enquanto os restantes permanecem incompletos ou nunca foram construídos de todo, escreve a VICE.
“Os últimos quatro a cinco anos foram desastrosos para os jogadores, muitos dos quais abandonaram completamente o futebol“. disse Haajra Khan, capitã da seleção paquistanesa de futebol feminino. “Os nossos sonhos acabaram. Eu sinto que [o futebol] acabou para mim”.
Faisal Saleh Hayat é um dos principais nomes responsáveis por esta situação. Ele chegou ao poder da FFP pela primeira vez em 2003, apesar de não ter nenhuma ligação com o futebol até então.
Paralelamente, firmou alianças com líderes proeminentes do Golfo, como o presidente da AFC, Sheikh Salman, do Bahrein, o ex-presidente da AFC, Mohammad bin Hammam, do Catar, e o Sheikh Ahmed Al Fahad Al Sabah, do Kuwait.
Esta relação fez com que o Paquistão votasse no Catar para organizar o Mundial de 2022. Como compensação, a AFC pagou milhares de euros em taxas legais em seu nome, forneceu mais de meio milhão de euros para um projeto que nunca foi construído e transferiu fundos para contas pessoais de fiéis a Hayat.
A partir daí, os fiéis a Hayat quiseram uma fatia maior do bolo e começaram uma luta pelo poder que levou à tal guerra administrativa. Esta situação fez com o Paquistão não conseguisse enviar uma equipa na sua força total para os jogos internacionais. Como seria de esperar, o Paquistão falhou a qualificação para o Mundial, perdendo logo na 1.ª pré-eliminatória, contra o Camboja.
Kaleemullah, que é o jogador de futebol mais famoso e bem-sucedido do Paquistão, disse recentemente à imprensa que “há milhares de jogadores que têm o seu ganha-pão vinculado ao futebol” e que “uma suspensão significa que esses jogadores ficarão desempregados e as suas carreiras serão destruídas“.
[sc name=”assina” by=”Daniel Costa, ZAP” ]
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