https://soundcloud.com/nuno-teixeira-264830877/gil-vicente-1-2-boavista-o-musical
O campeonato fecha. Um campeonato com 18 equipas e 17 das quais foram abordadas nesta amostra de crónica. O último conjunto ignorado deixa de ser ignorado nesta ronda derradeira: olho para o mapa e vou até Barcelos, onde o Gil Vicente se vai estrear nestes mini-musicais. E onde o Boavista também tem um mapa – o mapa da continuidade na primeira divisão.
Aí estão as equipas. Vão entrar em campo pela última vez nesta temporada. Quer dizer, da parte do Boavista…veremos se é a última vez.
E ainda bem que não marcaram a partida para a noite da Eurovisão!
O jogo começa e a bola vai aparecendo perto das duas áreas. Primeiro o Boavista, depois o Gil Vicente, depois o Boavista. Depois, Samuel Lino. Depois, Samuel Lino. Depois, Samuel Lino. Não, não houve qualquer problema aqui na publicação do artigo. O brasileiro do Gil Vicente falhou o golo três vezes em menos de 10 minutos.
Golo! A centenas de quilómetros de Barcelos, tinha sido golo. Do Nacional. O Rio Ave perdia, o Boavista agradecia.
A seguir, uma fase normal. Ou seja, duelo pouco interessante, maus passes. Jogo para dormir. A última dança deste campeonato apresentava um compasso igual à maioria das outras danças.
Golo! A centenas de quilómetros de Barcelos, tinha sido golo. Do Santa Clara. O Farense perdia, o Boavista agradecia.
Rami e Sauer ainda ameaçaram golo visitante mas foram os anfitriões quem marcaram primeiro. Lá está o Samuel Lino outra vez a criar perigo, a cair na área e a marcar com sucesso a grande penalidade, a poucos minutos do intervalo.
Ainda mais perto do intervalo, nos descontos, o artista Angel Gomes saiu lesionado. Yusupha entrou. Más notícias para o Boavista? Veremos.
Boas notícias chegavam novamente dos Açores, onde o Farense perdia por 2-0 no descanso.
A segunda parte não começa sem autorização do telemóvel. Sim, o delegado da Liga estava ao telefone e esperava pela confirmação de que, nos outros estádios, também estava tudo pronto para o segundo tempo arrancar. E esperamos. Esperamos mais um pouco. Anda lá. Isto só aumenta a adrenalina desta última dança.
Samuel Lino (outra vez?) foi o primeiro protagonista depois do intervalo. Mas o golo surgiu…na Madeira. O Rio Ave chegava à igualdade e agora tinha apenas menos um ponto do que o Boavista, que continuava em vantagem na classificação.
O rival a pontuar na Choupana, a sua equipa a perder lá dentro, mas cá fora, nos arredores do estádio em Barcelos, dezenas de adeptos do Boavista faziam a festa. O barulho chegava lá dentro, perfeitamente.
Estavam a adivinhar: golo do Boavista. Yusupha. Sim, o suplente que entrou por causa da lesão de um colega.
Entretanto, 4-0 para o Santa Clara. Pronto, o Farense está fora das contas quase de certeza. O foco agora é o Rio Ave.
O jogo voltou a perder interesse, até que surgiu nova grande penalidade. Novamente Samuel Lino. Mas o desfecho não foi o mesmo; bola no poste. Acertaste no sítio errado, Samuel.
Falhaste o penálti, saíste dois minutos depois.
Ora, falta um quarto de hora. O Boavista tem um ponto, o Rio Ave também. Um golo do Boavista tranquiliza a situação – mas o que fez Jesualdo Ferreira? Colocou no jogo Javi García, médio-defensivo. Estás a segurar o resultado?
Quando a bola estava longe das balizas e quando havia mais protestos do que futebol (mais uma dança normal), golo. Terceira grande penalidade, a primeira para o Boavista, e bis de Yusupha, o suplente herói nesta última jornada.
O Rio Ave ainda viria a marcar também, igualou o resultado do rival, mas foi o Boavista a saber já que vai continuar na primeira divisão.
Tanto choro. Muita emoção, muito alívio na comitiva portuense. E choro. Rami, que foi campeão mundial há menos de três anos, deve ter chorado mais em Barcelos do que na final do Mundial na Rússia.
Lá fora, fogo-de-artifício. Não é bem a festa do Boavista campeão há 20 anos, mas duas décadas depois voltou a haver festa da pantera.
Nas entrevistas rápidas, o jornalista, humilde e sincero, disse que tem uma longa carreira mas não tem memória de tudo.
E apresentou esse contexto para perguntar a Jesualdo Ferreira se, na sua carreira de treinador, alguma vez tinha estado neste contexto, de chegar à ronda derradeira e não saber se iria descer de divisão. O técnico confirmou que não estava habituado e repetiu: foi o seu trabalho mais difícil de sempre.
Mas, para o lado do Bessa, as coisas terminaram bem. Com emoção, com alegria, com amor. O amor está do lado deles.
E acreditemos que o amor, a calma, vão dominar a próxima temporada. Não achas?
[sc name=”assina” by=”Nuno Teixeira, ZAP” ]
Deixe um comentário