Frederico Varandas, Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira colocaram as diferenças de parte e juntaram-se à mesa, na Mealhada, para discutir o futuro do futebol português. Na cimeira com outros líderes dos campeonatos profissionais, ficou patente o “descontentamento” com o “tratamento injustificável” do Governo.
Um restaurante na Mealhada juntou os presidentes dos dois campeonatos profissionais portugueses num almoço-reunião, nesta terça-feira, com o objetivo de preparar a próxima temporada.
Nem todos os presidentes de clubes estiveram presentes, como foi o caso de António Salvador do Sporting de Braga que se fez representar.
Mas os líderes dos três grandes, Frederico Varandas (Sporting), Pinto da Costa (FC Porto) e Luís Filipe Vieira (Benfica) colocaram de parte as divergências e marcaram presença.
Clubes exigem “ser respeitados e apoiados”
Na reunião, ficou decidido que os clubes da I Liga vão iniciar um “diálogo construtivo” com o Governo e com as entidades do sector, sem intermediários, para debater várias alterações ao desenvolvimento da actividade.
O comunicado foi assinado pelos 17 emblemas que estão garantidos na I Liga 2021/2022, entre os quais os promovidos Estoril-Praia e Vizela, e o Rio Ave, que ainda vai disputar o ‘play-off’ de acesso com o Arouca.
Os clubes salientam que, “nos últimos anos, as sociedades desportivas têm-se deparado com alterações significativas no desenvolvimento da sua actividade”, desde o “enquadramento jurídico e fiscal, passando pela apropriação por terceiros da comercialização dos direitos televisivos, até à completa ausência de apoios relacionados com as consequências dramáticas resultantes do impacto da covid-19 no sector”.
Apesar de salientarem a “vontade” e “os esforços” da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e da Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, os clubes consideram que “o resultado é manifestamente negativo”.
“É chegado o momento de as sociedades desportivas se entenderem em matérias estruturantes e que afectam todo o sector, sem intermediários e sem a intervenção de entidades que ultrapassam os seus desígnios e que, por vezes, contra elas concorrem”, referem.
De resto, os emblemas da I Liga exigem “ser respeitados e apoiados”, desde logo porque “são aqueles que mais desenvolvem o desporto mais querido em Portugal”, “assumem riscos, são grandes empregadores e os grandes contribuintes”.
“Tratamento injustificável” para o futebol
Já nesta quarta-feira, a Liga de clubes revelou que na próxima Assembleia-Geral (AG) extraordinária do organismo, a 2 de Junho, será discutida e votada uma proposta de carta aberta ao Governo a expressar o “descontentamento” pelo “tratamento injustificável” de que a modalidade tem sido alvo.
Os clubes e a LPFP opõem-se à forma como o Governo tem tratado o futebol profissional, reclamando medidas concretas e de implementação imediata, que compensem os prejuízos resultantes desta discriminação.
Esta reivindicação ocorre um dia depois de o presidente da LPFP, Pedro Proença, ter dito à Lusa que iria convocar os clubes para “tomarem uma posição clara e objectiva em função do que tem sido a discriminação em relação a esta indústria“.
“Agora é tempo e altura de o Governo olhar esta indústria como tem de ser tratada“, disse, na segunda-feira, Pedro Proença.
O dirigente recordou a ausência de resposta do Governo a uma carta enviada em 22 de Março, em que reivindicava a tutela partilhada do sector pelo Ministério da Educação e da Economia, a criação de uma linha de financiamento para o sector ou os pedidos de revisão do enquadramento fiscal ou da lei das apostas desportivas.
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