A Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL) anunciou que a organização da Copa América, que arranca em 13 de junho, foi atribuída ao Brasil, após a desistência da Argentina devido à covid-19.
“A Copa América de 2021 será jogada no Brasil. As datas de início e final [10 de julho] do torneio estão confirmadas. As sedes e a tabela serão informadas pela CONMEBOL nas próximas horas. O torneio de seleções mais antigo do mundo fará vibrar todo o continente”, pode ler-se numa publicação na rede social Twitter da confederação.
Antes, e a duas semanas do início da 47.ª edição da Copa América, que deveria ter-se disputado no ano passado, numa organização conjunta entre Colômbia e Argentina, a CONMEBOL disse “que, dadas as atuais circunstâncias, foi decidido suspender a organização da Copa América na Argentina”.
No domingo, a ministra da Saúde argentina, Carla Vizzotti, tinha já admitido que a realização da Copa América no país não estava “100% definida”.
Na quarta-feira, o Governo argentino apresentou à CONMEBOL “os rígidos” protocolos de saúde para a realização da Copa América no país, que desde abril tem observado um aumento no número de casos de covid-19.
Em 21 de maio, a organização da Copa América já havia sido retirada à Colômbia, com base no agravamento da pandemia no país e das tensões sociais, que já provocaram dezenas de mortos, depois de a CONMEBOL ter rejeitado um pedido do governo colombiano para adiar a competição.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.543.125 mortos no mundo, resultantes de mais de 170,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
“É uma irresponsabilidade terrível”
Vários jogadores sul-americanos mostram-se descontentes com a realização da Copa América no Brasil, em plena pandemia.
“Estou impressionado com o fato de que a Copa América será disputada apesar da situação atual”, disse o uruguaio Luis Suárez em declarações ao jornal Le Monde.
O seu compatriota, Edinson Cavani partilha a mesma opinião: “É uma irresponsabilidade terrível que tudo se faça para jogar a Copa América. Nada sobre a situação social importa aqui, nem mesmo os riscos associados ao vírus”.
A Argentina recusou a Copa América por causa do agravamento da pandemia. Lá, a média móvel de mortes nos últimos sete dias foi de 470 pessoas… Aqui, é de 1.844. QUATRO VEZES MAIOR. Esse é o retrato de um governo assassino.
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) May 31, 2021
O deputado Marcelo Freixo destaca o facto de “a média móvel de mortes nos últimos sete dias” ser quatro vezes maior no Brasil do que no país vizinho. “Esse é o retrato de um governo assassino”, atira.
Para o jornal inglês The Guardian, a decisão de realizar a competição no Brasil é “surpreendente”, uma vez que o país tem um dos maiores índices de mortalidade por covid-19 do mundo.
Brasil ainda negoceia e impõe condições
O Governo brasileiro indicou na segunda-feira que ainda negocia a realização da Copa América em futebol no país e estabeleceu condições para sediar o evento desportivo, como a vacinação de todas as equipas e ausência de público.
“Ainda não tem nada certo, quero pontuar de forma bem clara. Estamos no meio do processo. Mas não nos vamos furtar a uma demanda, caso seja possível atender”, declarou o ministro da Casa Civil brasileiro, Luiz Eduardo Ramos, em conferência de imprensa, em Brasília.
O ministro antecipou que hoje o Governo, presidido por Jair Bolsonaro, terá uma “posição final” sobre se o Brasil será a nova e única sede da Copa América, que inicialmente seria disputada na Colômbia e na Argentina.
No entanto, o governante deu a entender que a administração de Bolsonaro é favorável à realização do torneio no Brasil, onde a pandemia continua descontrolada e onde se aproxima do meio milhão de mortos, com uma média diária de 2.000 óbitos.
Ramos destacou que a Copa América é um “evento privado” e rejeitou a onda de críticas geradas pelo anúncio da CONMEBOL, de que o Brasil acolheria o torneio, embora reconheça a situação “difícil” que o país vive devido à pandemia.
O ministro estabeleceu uma série de condições para sediar a disputa, entre elas a ausência de público nos estádios e a vacinação prévia de todas as equipas participantes.
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