A UEFA rejeitou hoje o projeto da cidade de Munique para iluminar o estádio com as cores do arco-íris no jogo entre Alemanha e Hungria, na quarta-feira, para o Euro2020 de futebol, por protestar contra uma lei húngara.
“Pelos seus estatutos, a UEFA é uma organização política e religiosamente neutra”, reiterou o organismo que rege o futebol europeu, em comunicado.
O município presidido por Dieter Reiter pretendia iluminar a Allianz Arena com as cores do arco-íris, símbolo associado à comunidade LGBT, no embate entre alemães e húngaros, para a terceira jornada do Grupo F, que integra também a seleção portuguesa, e hastear bandeiras multicoloridas no recinto.
A iniciativa visava manifestar apoio à comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero) na Hungria, Estado-membro da União Europeia que aprovou recentemente uma lei que proíbe a divulgação de conteúdos sobre orientação sexual a menores de 18 anos.
“Dado o contexto político deste pedido — uma mensagem que visa uma decisão tomada pelo parlamento nacional húngaro —, a UEFA deve recusá-lo”, rematou o organismo presidido pelo esloveno Aleksander Ceferin.
A UEFA diz acreditar que “a discriminação só pode ser combatida em estreita colaboração com os outros”, propondo que a cidade bávara ilumine o estádio com estas cores no dia 28 de junho, dia da parada do Christopher Street Day (CSD), ou entre 03 e 08 de julho, na semana da CSD em Munique.
Hungria critica utilização de símbolo da comunidade LGBT
O Governo húngaro classificou esta segunda-feira como “nocivos e perigosos” os planos da autarquia de Munique de iluminar o estádio com as cores do arco-íris.
Em declarações à comunicação social, à margem de uma reunião ministerial, o ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Péter Szijjártó, disse esta segunda-feira que “na proposta de iluminar (o estádio) é claramente detetada uma intenção de misturar a política com o desporto”.
“Todos sabem do que se trata”, afirmou o chefe da diplomacia húngara, considerando tal iniciativa como “muito nociva e perigosa”.
A autarquia de Munique expressa de forma explícita que a ação pretende manifestar solidariedade para com a comunidade LGBT húngara após a aprovação, na semana passada, de uma legislação classificada como homofóbica e encarada com grande preocupação pela Comissão Europeia e por várias organizações não-governamentais (ONG) internacionais.
A lei proíbe, por exemplo, a “representação” da homossexualidade e da transexualidade em programas curriculares de ensino. Ainda nas declarações aos jornalistas, Péter Szijjártó defendeu a legislação aprovada, argumentando que a nova lei visa apenas defender os direitos dos menores.
“Aprovamos uma lei em defesa das crianças húngaras e contra a qual a Europa Ocidental está agora a protestar”, reforçou o ministro.
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