Venda de ações da SAD compensaria “rei dos frangos” por ajudar Vieira

O Ministério Público associa uma alienação de 25% de ações da Benfica SAD a um estratagema para compensar o empresário José António dos Santos por este aplicar 44,7 milhões de euros em negócios privados de Luís Filipe Vieira.

Documentos da investigação a que a agência Lusa teve hoje acesso indiciam que a alienação de um quarto do capital da Benfica SAD teria sido desenhada de forma a que essa participação ficasse concentrada no empresário agroalimentar, conhecido como “rei dos frangos”, com a promessa de este ficar com as mais-valias geradas pela venda das ações acima dos preços de mercado.

José António dos Santos, conhecido com “o rei dos frangos”, já é o maior acionista individual da Benfica SAD, detendo atualmente mais de 16% das ações, enquanto o autossuspenso presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, detém 3,28% do capital.

O empresário é suspeito de multiplicar empresas e operações financeiras para esconder negócios que seriam de facto controlados por Luís Filipe Vieira.

Pela disponibilização dos 44,7 milhões de euros e também pelos gastos que efetuasse, José António dos Santos poderia ser compensado também, ou em alternativa, através de operações financeiras cruzadas, com a utilização de contas bancárias na Suíça e no Dubai.

No processo ‘Cartão Vermelho’, estão em causa, segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) factos suscetíveis de configurar “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais”.

Para esta investigação foram cumpridos 44 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária em Lisboa, Torres Vedras e Braga. Um dos locais onde decorreram buscas foi a SAD do Benfica que, em comunicado, adiantou que não foi constituída arguida.

No mesmo processo foram também detidos Tiago Vieira, filho do presidente do Benfica, o agente de futebol Bruno Macedo e o empresário José António dos Santos, conhecido como “o rei dos frangos” e fundador do Grupo Valouro-Avibom.

Os primeiros interrogatórios judiciais relacionados com a investigação prosseguem durante o dia de hoje no Tribunal Central de Instrução Criminal.

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