As detenções surgem na sequência dos insultos que Rashford, Sancho e Saka sofreram depois de falharem os penáltis na final contra a Itália.
A polícia inglesa já prendeu cinco pessoas envolvidas nos ataques racistas dirigidos a Marcus Rashford, Jadon Sancho e Bukayo Saka depois dos três jogadores terem falhado penáltis na final do Euro 2020 frente à Itália.
Os detidos incluem um homem de 42 anos suspeito de mostrar comportamentos ameaçadores e de ser autor de mensagens que fomentam o ódio racial, um de 37 anos suspeito de infringir o Acto de Comunicações Maliciosas e um outro de 50 anos suspeito de incitar ódio racial, avança o The Guardian.
Recorde-se que a Federação Inglesa e figuras como Boris Johnson e o princípe William manifestaram publicamente o apoio aos jogadores. O primeiro-ministro britânico chegou a prometer banir adeptos racistas de assistir a jogos, pode ler-se na BBC.
Mark Roberts, chefe da unidade policial inglesa que gere o futebol, mostrou-se satisfeito com a condenação universal que o caso recebeu. “A nossa equipa de Inglaterra foi um verdadeiro exemplo durante o torneio, comportaram-se com profissionalismo e dignidade. Repulsa-me saber que há indivíduos por aí que acham que é aceitável dirigir este abuso abominável aos jogadores ou a qualquer outra pessoa”, afirma.
Os agentes estão a trabalhar com as redes sociais Facebook, Instagram e Twitter na investigação, isto depois do primeiro-ministro britânico se ter encontrado com os responsáveis destas gigantes tecnológicas para abordar estratégias de combate ao racismo online. A investigação vai continuar para tentar encontrar mais responsáveis.
“Se identificarmos quem está por detrás deste crime, vamos descobrir onde estão e vão sofrer as consequências sérias destas acções vergonhosas”, avisa Mark Roberts.
Vandalismo a mural de Rashford pode não ser racista
Para além dos insultos nas redes socias, o mural de homenagem a Marcus Rashford, localizado em Manchester, foi também vandalizado. O jogador é uma das figuras no futebol mais envolvidas na comunidade, tendo até sido condecorado pela rainha depois de doar milhões para um programa que fornece refeições a crianças nas escolas.
O mural de Rashford foi vandalizado horas depois do final do jogo contra a Itália. Em resposta, várias pessoas deixaram mensagens de apoio ao jogador a cobrir os insultos.
Entretanto, a polícia de Manchester afirmou que não tem a certeza de que a destruição tenha motivações racistas, escreve o The Guardian. “Apesar de não acreditarmos que o conteúdo do vandalismo é de natureza racista, os agentes vão manter uma mente aberta sobre o motivo por detrás da desfiguração da obra”, anunciou a polícia.
O caso tem também ganho contornos políticos. O internacional Tyrone Mings, do Aston Villa, chegou mesmo a acusar a Secretária de Estado britânica, Priti Patel, de hipocrisia. “Não podem atiçar a fogueira no início do torneio ao apelidar a nossa mensagem anti-racismo de “gesto político” e depois fingir estar horrorizados quando a coisa contra a qual nós protestamos acontece”, escreveu no Twitter.
You don’t get to stoke the fire at the beginning of the tournament by labelling our anti-racism message as ‘Gesture Politics’ & then pretend to be disgusted when the very thing we’re campaigning against, happens. https://t.co/fdTKHsxTB2
— Tyrone Mings (@TyroneMings) July 12, 2021
Os comentários anteriores de Boris Johnson sobre as vaias que os jogadores sofreram da própria claque inglesa depois de se ajoelharem num protesto contra a discriminação também têm sido criticados. Na altura, Johnson defendeu o “direito das pessoas de protestar pacificamente“, recorda a BBC.
Este incidente suscitou mais uma vez o debate sobre o racismo no futebol e sobre o papel das plataformas online de combater a propagação de discurso de ódio.
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