Em 2021, Sochi voltou a ser Sochi e em Sochi ganha a Mercedes – com recorde histórico para Hamilton

Lewis Hamilton conquistou, no GP da Rússia de 2021, a 100.ª vitória da carreira como piloto de F1

Lando Norris, o jovem piloto da Mclaren, vai sair da Rússia com um misto de sensações. No fim-de-semana em que conquista a primeira pole position da carreira, perde também, de forma dramática, a hipótese de se tornar vencedor de um Grande Prémio na categoria rainha do automobilismo — em grande parte, por culpa própria.

Numa corrida decidida apenas nas últimas três voltas devido à chegada da chuva, — até aí tinha sido uma prova feita em piso seco — Lewis Hamilton voltou a reafirmar que o Circuito Internacional de Sochi, na Rússia, é indiscutivelmente terreno Mercedes, cunhando ali a centésima vitória da carreira. Um marco histórico, já que nenhum outro piloto o conseguiu na história da modalidade.

Tratou-se, ainda assim, de uma vitória suada para o britânico que partiu de quarto lugar e derrapou algumas posições face a um arranque menos conseguido (caiu para sétimo). Primeiramente, viu-se obrigado a discutir posição com pilotos como Daniel Ricciardo (Mclaren) ou Lance Stroll (Aston Martin) durante o seu primeiro stint com pneus médios. Já após a paragem nas boxes e uma colocação em pista mais favorável, Hamilton tratou de perseguir Lando Norris (Mclaren) — o seu compatriota que partiu da pole e que após ter tido a liderança roubada por Carlos Sainz (Ferrari) a recuperou à volta 13.

A perseguição e ultrapassagem de Hamilton a Norris só se consumou à volta 50 de 53, quando uma forte chuva se abateu sobre a pista. Após várias chamadas da Mclaren a Norris — todas recusadas de forma categórica —, para que o piloto se dirigisse às boxes para calçar pneus intermédios de chuva, o monolugar do britânico começou a deslizar com frequência pela pista devido à falta de aderência. Já Lewis Hamilton, com uma visão a longo prazo focada na conquista do mundial de pilotos e construtores, optou por jogar pelo seguro e assegurar o segundo lugar, cumprindo, ainda que com alguma resistência, as ordens da equipa e parando para uma mudança de pneus.

Norris, devido às sucessivas situações de perda de controlo do monolugar, acabaria por terminar em sétimo. Nas entrevistas de pós-corrida, de lágrimas nos olhos, o piloto de 22 anos garantiu que não fosse a chegada da chuva teria conseguido segurar Hamilton para conquistar o primeiro Grande Prémio da sua ainda curta carreira na fórmula 1 – é apenas a terceira temporada. Garantiu, no final, um ponto extra pela volta mais rápida.

Max Verstappen (Red Bull), que começou o fim-de-semana a liderar o campeonato do mundo pilotos, foi relegado para o último lugar da grelha de partida face à decisão da Red Bull de substituir a sua unidade motriz (herdara também uma penalização de quatro lugares devido ao acidente com Hamilton). O piloto dos Países Baixos foi, ainda assim, um dos vencedores do fim de semana, já que após a confusão gerada pela chuva conseguiu subir vários lugares e terminar no pódio, em segundo lugar — uma posição completamente inesperada três voltas antes de as condições meteorológicas se alterarem —, ainda que a quase um minuto de Hamilton.

Dos homens que se classificaram nas primeiras posições, Carlos Sainz foi o que mais correspondeu na corrida, tendo terminado no último lugar do pódio depois de ter largado de segundo. No entanto, o resultado não foi suficiente para a scuderia ultrapassar a Mclaren no terceiro lugar do mundial de construtores, já que, ao contrário da equipa de Woking – que pontua com os dois pilotos –, a equipa do cavallino rampante fê-lo apenas com o espanhol.

Charles Leclerc (Ferrari), que este fim de semana testava algumas das novidades, em termos de potência, da Ferrari para a próxima temporada e que por isso partiu dos últimos lugares devido às penalizações, foi uma das vítimas da chuva, acabando por abandonar a prova antes do final.

Quanto aos chamados “segundos pilotos” das duas equipas que disputam os dois títulos mundiais, Valtteri Bottas (Mercedes) — também ele partiu dos últimos da grelha, depois de a Marcedes ter decidido, pela segunda corrida consecutiva mudar a sua unidade motriz, numa jogada estratégica para tentar conter a progressão de Verstappen pelo pelotão — terminou em quinto lugar, depois de passar grande parte da prova fora dos lugares pontuáveis.

Sérgio Perez (Red Bull), em mais um fim de semana aquém das expectativas, acabou em nono, o mesmo lugar em que se qualificou, apesar de ter partido de oitavo depois de aplicada a penalização de Valtteri Bottas.

Nota positiva ainda para George Russell (Wiliams). Depois de mais uma qualificação notável em que colocou o Williams no terceiro lugar da grelha de partida para a corrida deste domingo, o futuro colega de equipa de Lewis Hamilton consegue levar pontos para casa em quatro das últimas cinco corridas, tendo terminado em décimo lugar.

Como ficam as classificações?

Perante um Grande Prémio impróprio para cardíacos, as classificações dos dois campeonatos sofreram alterações, sobretudo nos dois primeiros lugares. Tal como referido, Max Verstappen chegou a Sochi como líder do mundial de pilotos, mas o segundo lugar conseguido em extremis não foi suficiente para o segurar. A vitória de Hamilton permitiu-lhe, ainda que por uma margem de dois pontos, voltar a encabeçar um lugar na tabela classificativa que conhece como ninguém.

No que respeita à classificação dos construtores, a Mercedes, que partiu para este fim-de-semana na liderança, lá se mantém graças à vitória de Hamilton e ao quinto lugar de Valtteri Bottas. Do lado da Red Bull, a sequência de más prestações de Sérgio Pérez continua, com o mexicano a ficar novamente aquém do potencial do seu carro. Desta forma, apesar das sucessivas vitórias do principal piloto da equipa, a marca austríaca continua sem se conseguir superiorizar à Mercedes.

Apesar do dramático fim de corrida de Lando Norris, o britânico continua no quarto lugar do mundial de pilotos, atrás de Bottas, e a Mclaren, muito graças ao quarto lugar de Daniel Ricciardo, mantém-se na terceira posição do mundial de construtores — depois da vitória contundente em Monza, no Grande Prémio de Itália, há quinze dias.

A Fórmula 1 está de regresso daqui a duas semanas, na Túrquia, para um Grande Prémio que caso se assemelhe minimamente ao do último ano será, mais um, de suster a respiração.

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