União de Leiria apareceu em campo com oito futebolistas. E estava 0-0 aos 45 minutos. Um dos jogadores foi acusado de traição, outro teria levado uma mala com seis mil euros.
Há jogadores ou não há jogadores? Há jogo ou não há jogo? O Belenenses SAD-Benfica, que terminou aos 47 minutos, pareceu uma “novela”? Já houve uma “novela”, recente, com episódios mais graves e mais insólitos, no futebol português.
Abril de 2012, início da semana: os jogadores da União de Leiria apresentam um pré-aviso de greve aos três últimos jogos do campeonato. O plantel do Centro do país alegava não receber salários há três e quatro meses, dependendo do caso.
Quatro dias depois, sexta-feira: rescisão colectiva de contrato. A situação dos salários em atraso não foi resolvida e 16 futebolistas anunciaram a rescisão colectiva e prometeram avançar com acções judiciais. Só não rescindiram os atletas cedidos pelo Benfica e os juniores.
29 de Abril de 2012. E eis que chega o dia do jogo com o Feirense. E haveria jogo? Haveria jogadores suficientes para a partida arrancar?
Houve. Oito: Oblak (sim, esse Oblak); Abdullah, Pedro Almeida, Shaffer; Filipe Oliveira, Ogu, Nicklas Barkroth; Djaniny. Quatro jogadores emprestados pelo Benfica, dois juniores e dois desistentes da rescisão.
O Estádio Municipal da Marinha Grande – que tinha zero adeptos nas bancadas a cerca de 50 minutos do início do duelo – assistiu a um jogo de futebol de 11 em que uma das equipas só tinha oito jogadores.
Mesmo com essa diferença, aos 45 minutos estava 0-0. Os oito resistentes, a jogar contra 11, aguentaram o nulo até ao período de descontos da primeira parte, quando Miguel Pedro inaugurou o marcador a favor do Feirense. Oblak tinha feito muito até então mas não conseguiu travar tudo.
Em cada vez que a bola saía das quatro linhas ouvia-se um aplauso por parte dos adeptos locais. Mas, na segunda parte, Pedro Queirós, Miguel Pedro e Buval construíram a goleada por 0-4.
União de Leiria e Feirense foram as duas equipas que desceram de divisão, em 2012.
Depois do jogo…
A “novela” continuou. E de que maneira: o presidente demissionário da SAD da U. Leiria, João Bartolomeu, avisou logo que iriam surgir processos-crime contra todos os jogadores que rescindiram contrato.
Bartolomeu centrou-se em Marco Soares, a quem chamou “traidor”, e explicou porque Keita estava na ficha de jogo mas não apareceu no relvado: “O Keita é caso de polícia. Levou seis mil euros na mala. Fugiu com o dinheiro e parece que tinha um indivíduo lá fora à espera dele. O dinheiro era relativo às despesas do jogo”.
No dia seguinte, a administração da União de Leiria SAD indicou que tinha havido um “mal-entendido” em relação a Keita.
Os responsáveis da União asseguraram no entanto que não tinham recebido qualquer pedido de rescisão de contrato por parte dos jogadores.
[sc name=”assina” by=”Nuno Teixeira, ZAP” ]
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