O Ministério Público (MP) suspeita que Pinto da Costa terá alegadamente criado um esquema com o empresário Pedro Pinho para desviar dinheiro da SAD do FC Porto para seu benefício próprio e de outros administradores do clube.
O esquema, investigado na operação Cartão Azul, envolve a transferência de jogadores desde 2016/17 e envolve clubes como o Vitória de Guimarães e o Sporting de Braga. Além de Pedro Pinho, envolve ainda outros agentes desportivos.
Segundo o Observador, estes empresários terão devolvido uma parte das comissões cobradas a Pinto da Costa e a outros dirigentes da SAD portista.
Assim, o presidente do FC Porto, embora ainda não tenha sido constituído arguido, é suspeito da prática de crimes de abuso de confiança agravada, burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento de capitais.
A SAD portista terá assinado vários contratos de intermediação de transferências apenas para justificar o pagamento de vantagens indevidas ou de rendimentos a Pedro Pinho e outros agentes que não foram declaradas ao Fisco.
Depois, parte das comissões eram devolvidas ao presidente e dirigentes portistas. Pinto da Costa e o líder do conselho de administração da SAD do FC Porto terão sido os que mais beneficiaram com este esquema.
O pagamento era feito através da transferência do montante para uma conta numa offshore ou os agentes pagavam despesas pessoais dos dirigentes.
É neste último caso que entra a suspeita do Ministério Público que dinheiro ganho com comissões de negócios do FC Porto terá sido usado por Pedro Pinho para pagar despesas de leasing e a renda a Fernanda Medina, ex-mulher de Pinto da Costa.
Os pagamentos de Pedro Pinho a Fernanda Medina terão sido feitos durante vários meses. O dinheiro ascende a cerca de 20 milhões de euros faturados em comissões com a compra e venda de jogadores.
O ex-jogador portista Moussa Marega é um dos visados neste esquema. O FC Porto comprou 100% dos direitos de Marega ao Marítimo em janeiro de 2016 por 3,8 milhões de euros. Um ano depois emprestou-o ao Vitória de Guimarães a custo zero.
Após uma grande época de Marega no Minho, o FC Porto decide alienar 30% de uma futura mais-valia do passe de Marega ao Vitória por 3.637.500 euros mais IVA, salienta o Observador.
Ainda que o negócio fosse apenas relativo a uma futura mais-valia, a Pesarp SA de Pedro Pinho cobrou ao FC Porto cerca de 400 mil euros de intermediação.
Uma temporada depois, os ‘dragões’ voltaram a comprar os 30% do passe, alegadamente por 3.675.500 euros. No entanto, o Relatório e Contas da SAD menciona outra valor: 4,2 milhões euros. Isto reflete-se numa diferença de 600 mil euros.
O Ministério Público suspeita de dois negócios simulados. O primeiro, o pagamento de 400 mil euros feito a Pedro Pinho por 30% do passe de Marega e o pagamento de 480 mil euros à TM Management de Aziz Ben Assis, agente do maliano; o segundo, a recompra dessa parcela, que levou à cedência de 50% dos direitos económicos de André André, Rafa Soares e João Carlos Teixeira.
No discurso de encerramento da gala dos Dragões de Ouro, Pinto da Costa reagiu às buscas no âmbito da operação Cartão Azul.
“Vou terminar parafraseando Fernando Pessoa. Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Penso que Deus quer que eu não esteja muito mais tempo a cumprir missão que me destinou, mas eu sonho que ainda vou poder ser útil ao FC Porto durante algum tempo”, disse o presidente ‘azul e branco’.
E tenho a certeza de que Deus me permitirá ter tempo de provar no sítio certo que a orquestração de certa comunicação social, de calunia e mentira, para me afrontar a mim, ao FC Porto e aos meus amigos, estou certo de que ainda vou ter tempo para demonstrar o que sempre fui, o que os meus pais me ensinaram a ser, uma pessoa séria, honrada, sem ter nada que se lhe diga”, acrescentou. “A obra continuará a crescer sempre, comigo ou com quem vier, porque o FC Porto é eterno”.
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