Mais um jogo, mais uma vitória. O adversário, o Boavista, era (e é) orientado por Petit, treinador que habituou Rúben Amorim a algumas dores de cabeça tácticas.
E a história até se estava mais ou menos a repetir, apesar de os campeões nacionais terem assumido total superioridade a partir de meio do primeiro tempo.
Pablo Sarabia e Nuno Santos marcaram (e assistiram) os tentos de uma vitória que acabou por ser tranquila e que poderia ter assumido outros números, não fosse o desperdício leonino, em particular do homem de quem menos se esperava: Pedro Gonçalves (4 remates, 0.8 Expected Goals desperdiçados).
A primeira grande oportunidade pertenceu ao Boavista, aos nove minutos, com Kenji Gorré, completamente isolado, a não conseguir bater Antonio Adán.
Logo a seguir foi Pedro Porro a rematar forte, ao lado, e em cima do quarto de hora, Jackson Porozo entregou e Yusupha chegou um pouco atrasado. Quase, quase por três vezes.
Mas a partir daqui, e até ao intervalo, o jogo foi completamente do Sporting, a pressionar intensamente no ataque e a criar inúmeros lances de perigo, e o “leão” até marcou, por Porro, mas o lance foi anulado por fora-de-jogo de Matheus Nunes, o autor do cruzamento.
Por isso mesmo, o melhor em campo ao descanso era o guardião do Boavista, Alireza Beiranvand, com três defesas, todas “à queima-roupa”, e um rating de 6.6.
A grande superioridade do Sporting acabou por dar frutos nos primeiros minutos do segundo tempo.
Numa das poucas vezes em que a defesa boavisteira deu espaços nas suas costas, Nuno Santos fugiu pela esquerda, cruzou atrasado e Pablo Sarabia (53′) atirou a contar perante Bracali – que substituiu Beiranvand, lesionado. A partir daqui, tudo mais fácil.
Os “axadrezados” viram-se obrigados a subir linhas e, já se sabe, o Sporting aproveita essas situações como poucas equipas e, aos 59 minutos, o 2-0, com inversão de papéis com os mesmos protagonistas. Sarabia lançado em profundidade, cruzou facilmente para conclusão também simples de Nuno Santos.
O jogo arrefeceu. Ou o “leão” arrefeceu-o tirando-lhe intensidade e aplicando-a apenas nos momentos que mais lhe convinha, como aos 81 minutos, quando Sarabia deu o golo a Pedro Gonçalves, mas este atirou ao lado quando não tinha ninguém na baliza. Não estamos habituados a estes falhanços de “Pote”.
E assim ficou o resultado.
Melhor em Campo
O espanhol Pablo Sarabia não deu hipótese aos “axadrezados”.
Na ausência de Paulinho, castigado – mas também a contas com COVID-19 – Sarabia começou o jogo como elemento mais adiantado do Sporting, mas com muita mobilidade, e fez mais ou menos o que quis da defesa contrária, terminando com um extraordinário GoalPoint Rating de 8.7.
Pablo inaugurou o marcador, fez a assistência para o 2-0, criou duas ocasiões flagrantes em cinco passes para finalização e fez sete passes ofensivos valiosos.
Destaques do Sporting
Nuno Santos 7.6 – O extremo português foi, tal como Sarabia, um veloz vagabundo na frente e aproveitou da melhor forma os espaços que o Boavista lhe foi dando. Começou por assistir o espanhol e fez ele mesmo o 2-0, terminando com duas flagrantes criadas e seis acções com bola na área contrária. Foi o mais rematador do jogo, com cinco disparos, e a ocasião flagrante falhada baixou-lhe a nota.
Manuel Ugarte 6.3 – O uruguaio tomou-lhe o gosto. Rotulado de menos competente defensivamente do que Palhinha, a verdade é que nos dois jogos na ausência do médio português, Ugarte “varreu” tudo, saindo nesta partida pouco depois da hora de jogo. Tempo suficiente para completar 30 de 34 passes, recuperar nove vezes a posse de bola, fazer cinco acções defensivas no meio-campo contrário e cinco bloqueios de passe.
Daniel Bragança 6.2 – O jovem médio entrou para a segunda metade da etapa complementar e falhou somente um de 19 passes, completou as duas tentativas de drible e fez quatro recuperações de posse.
Antonio Adán 6.2 – O guardião espanhol não teve muito trabalho a partir de meio da primeira parte, mas até lá esteve em destaque, com duas defesas. Espectacular a saída que evitou o golo de Gorré.
Sebastián Coates 6.1 – O central derrotou o COVID a tempo de derrotar o Boavista, embora tenha desperdiçado uma flagrante de 0,5 Expected Goals (xG). Está perdoado, porque participou em sete duelos aéreos defensivos e ganhou-os todos e fez três passes super aproximativos.
Matheus Nunes 5.9 – Após o brilharete na Luz, o médio esteve perto de mais um, mas a sua assistência para golo de Porro foi anulada por fora-de-jogo. Destaque para sete recuperações de posse.
Pedro Gonçalves 5.7 – Que foi aquilo, Pedro? “Pote” falhou uma flagrante de baliza aberta, sem pressão, e terminou o jogo com 0,8 xG desperdiçados. Nem parece dele. O português foi o segundo mais rematador da partida, com quatro disparos, mas esbanjou duas ocasiões flagrantes, compensando com duas outras criadas que valeram 0,6 Expected Assists (xA). Foi o jogador com mais acções com bola na área adversária (9) e o segundo em acções defensivas no meio-campo contrário (4).
Ricardo Esgaio 5.6 – Entrou ao intervalo para o lugar de Pedro Porro e deu maior clarividência posicional, ajudando a anular o futebol directo do Boavista. Terminou com três bloqueios de passe/cruzamento.
Gonçalo Inácio 5.5 – Tal como o colega de posição Coates, falhou uma ocasião flagrante, mas ganhou todos os duelos aéreos defensivos em que participou (3).
Matheus Reis 5.5 – O brasileiro esteve muito bem no passe, completando o máximo de entregas (68). Foi também o jogador com mais acções com bola (97) e fez dois passes super aproximativos.
Flávio Nazinho 4.8 – Estreia agridoce para o lateral de 18 anos na Liga Bwin. A nota aqui interessa pouco, pois foi a estreia para um jovem num contexto competitivo mais exigente, e até recuperou seis vezes a posse de bola. O pior é que saiu lesionado por volta dos 70 minutos.
Destaques do Boavista
Seba Pérez 6.7 – O médio colombiano foi o melhor dos boavisteiros, com três intercepções, 91% de eficácia de passe e uma ocasião criada em dois passes para finalização.
Alireza Beiranvand 6.6 – O guardião iraniano foi o melhor do primeiro tempo, com três defesas, todas a remates a menos de oito metros, mas saiu ao intervalo lesionado.
Jackson Porozo 6.0 – Bom jogo do central, competente no ar com dois duelos aéreos defensivos ganhos (100%), 11 recuperações de posse (máximo) e outras tantas acções defensivas.
Resumo
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