CEO do Novo Banco “preparou” Vieira para a CPI. Perfil do Twitter lança suspeitas contra Rui Costa

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O CEO do Novo Banco, António Ramalho, terá estado reunido com Luís Filipe Vieira para o ajudar a “preparar-se” para a ida à Comissão Parlamentar de Inquérito em torno dos grandes devedores desta entidade. Uma revelação que consta das escutas telefónicas do processo Cartão Vermelho.

A revista Sábado teve acesso ao conteúdo das escutas telefónicas feitas no âmbito do processo Cartão Vermelho que tem Luís Filipe Vieira como principal arguido, por suspeitas de crimes de burla qualificada, abuso de confiança e branqueamento de capitais.

São centenas de conversas e, portanto, o juiz Carlos Alexandre terá recebido apenas um resumo das mesmas, com os principais dados comprometedores.

A Sábado nota que estas escutas indiciam subornos a directores do Novo Banco, mas também fraude fiscal em transferências de jogadores, lançando ainda suspeitas quanto à venda de apartamentos de luxo a empresários e dando uma ideia de como Vieira terá “escondido” dinheiro entre os seus familiares.

Mas as escutas também revelam que António Ramalho, o CEO do Novo Banco, ajudou a “preparar” Vieira para a sua ida à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que analisou as dívidas dos grandes devedores do banco.

A Sábado refere que Vieira contactou quadros do Novo Banco antes de ir à CPI.

Numas dessas conversas, um quadro do banco diz-lhe que “António Ramalho lhe pediu para ver se conseguia agendar” uma reunião com Vieira, como cita a revista. Mas em conversas do próprio Ramalho, interceptadas nas escutas, será este a confirmar um encontro com o ex-presidente do Benfica antes da sua ida à CPI.

Negócio “surreal”

As escutas também dão nota de um negócio “surreal”, segundo as palavras do inspector tributário Paulo Silva que tem liderado a investigação. Em causa está a venda de um “pacote” de imóveis do Novo Banco a um grupo de investidores, que incluiria Vieira e José António Santos, o “Rei dos Frangos”, por 15 milhões de euros.

O aspecto “surreal” é o facto de o vendedor estar a negociar com um dos seus principais devedores. Além do mais, o Novo Banco acabou por perder 2,4 milhões de euros com o negócio, pois a dívida do pacote de imóveis ascendia a 17,4 milhões de euros.

O nome de Vieira não consta do contrato formal de venda, mas o acordo foi assinado “num camarote do Estádio da Luz”, como vinca a Sábado, notando que Paulo Silva escreve que “é no mínimo surreal que se aprove estas vendas dentro do banco a um investidor endividado”.

Jorge Mendes será um dos alvos da investigação

A Sábado refere que o Ministério Público está “a investigar 55 jogadores que passaram pelo Benfica”, incluindo Pedrinho, Seferovic, Witsel, Talisca, Jonas, Weigl, Raúl de Tomás e Samaris. Há suspeitas do desvio de milhões para a esfera de Luís Filipe Vieira.

Mas, além do ex-presidente do Benfica e do empresário Bruno Macedo que ajudou Vieira a promover o regresso de Jorge Jesus ao Benfica, há também suspeitas sobre os empresários Ulisses Santos, Isidoro Giménez e Giuliano Bertolucci.

Quanto a Bertolucci, empresário brasileiro, estaria a ser investigado em “três processos diferentes”, incluindo o Cartão Vermelho que implica Vieira, mas também o Prolongamento que envolve o FC Porto.

O super-agente Jorge Mendes será outro dos alvos da investigação e estará sob escuta desde 2019, como nota a Sábado.

A revista refere que uma das escutas registadas revela que Jorge Mendes tentou o regresso de Cristiano Ronaldo ao Real Madrid antes de este ter rumado ao Manchester United.

Além disso, há conversa telefónica de 11 de Janeiro de 2019, entre Vieira e a filha Sara, onde o ex-dirigente desportivo diz que “o Jorge vai mandar os 200 mil euros que faltam”.

O pirata informático Rui Pinto, que está a colaborar com as autoridades em algumas investigações, já comentou estas suspeitas que envolvem Jorge Mendes no Twitter.

João Félix suspeito de fuga ao fisco

Pelo meio das conversas interceptadas a Vieira, fica também a ideia de que acabou por pôr João Félix em sarilhos.

O ex-jogador do Benfica será suspeito de fuga ao fisco no âmbito da sua transferência para o Atlético de Madrid, havendo indícios de que recebeu “um prémio de assinatura que não foi declarado”, como nota a Sábado.

A revista fala de uma conversa telefónica de Vieira com o director financeiro do Benfica, Miguel Moreira, a pedir-lhe para não divulgar que “é o miúdo que vai pagar, senão o Fisco vai cair em cima do miúdo“.

Rui Costa visado por grupo anónimo no Twitter

Entretanto, o grupo anónimo PULHA que assegura que “adora o Sport Lisboa e Benfica” revelou no Twitter documentos que parecem envolver o actual presidente do Benfica, Rui Costa, nos negócios suspeitos que implicam Vieira.

Em causa está a transferência do avançado Francisco Vera para o Benfica desde o Paraguai. Um negócio de 2,8 milhões de euros feito em Junho de 2015 por um jogador que “aos 23 anos deixou o futebol e abriu uma loja de artigos desportivos”, como repara o Correio da Manhã (CM).

O valor do negócio terá sido dividido entre um clube paraguaio e uma empresa de Bruno Macedo, de acordo com os dados divulgados por esse grupo que revelou ainda as suspotas letras bancárias para pagamento que terão sido assinadas por Rui Costa e Domingos Soares de Oliveira.

Além disso, este perfil do Twitter revela ainda uma alegada conversa com um dos magistrados do MP que trabalha no Cartão Vermelho a falar do envolvimento de Rui Costa no processo, considerando que “tinha de conhecer o esquema de Vieira”.

Contudo, não são avançadas quaisquer provas, nem é possível confirmar se se tratará mesmo de um magistrado, pois as vozes estão distorcidas.

Benfica assegura que Rui Costa não é arguido

O Benfica já reagiu a estas suspeitas, garantindo, em comunicado, que “a transferência do jogador Francisco Vera seguiu os trâmites normais de uma SAD, com o contrato de transferência e pagamento das respectivas Letras bancárias assinadas por dois administradores”.

“O pagamento da transferência deste jogador, através de garantias via a emissão de uma Letra bancária, foi feita exclusivamente ao clube paraguaio, de onde o jogador era oriundo”, aponta ainda o Benfica.

“O destino subsequente dessa garantia bancária apenas pode ser explicado pelo clube que a recebeu, sendo os actuais responsáveis do SL Benfica, nomeadamente o seu presidente Rui Costa, alheios a essa decisão e desconhecendo o seu futuro paradeiro”, acrescenta o clube.

A finalizar, o Benfica assegura que “nem a SAD nem os seus actuais dirigentes são arguidos no processo Cartão Vermelho”.

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