Fez-se história em São Miguel. O Santa Clara travou a fúria do “leão” e venceu pela primeira vez na sua história, à 13.ª tentativa, o emblema de Alvalade.
Os campeões, que ainda não tinha perdido em 16 jornadas do Campeonato e que vinham de uma série incrível de 17 triunfos nos últimos 18 jogos (em todas as competições), não resistiram a uma “águia” açoriana voraz, que somou três importantes pontos na luta pela manutenção.
O Sporting, que esteve duas vezes em vantagem, poderá ser ultrapassado pelo Porto na liderança da prova. Jean Patric, Lincoln e Ricardinho apontaram os tentos açorianos. Palhinha e Sarabia assinaram os golos dos “leões”, que não contaram com Rúben Amorim (infectado com a Covid-19) no banco de suplentes.
Passou num suspiro a primeira metade do encontro, que abriu as contas da jornada 17 da Liga Bwin. O “leão” não perdoou na primeira vez que visou o alvo, abrindo a contagem com uma “bomba” de João Palhinha, à passagem do minuto 10.
Os açorianos, que fizeram o primeiro remate da partida, não acusaram o toque e foram em busca do prejuízo: aos 15 minutos, Cryzan atirou por cima, aos 26, Jean Patric não marcou por escassos centímetros, mas aos 30 o brasileiro não vacilou e assinou o 1-1, na sequência de uma excelente assistência de Sagna.
Foi o oitavo tento sofrido pelos “verdes-e-brancos” em 17 rondas.
Ao cabo dos primeiros 46 minutos de acção em São Miguel, o melhor elemento em cena era Palhinha, médio que é o pêndulo dos “leões”.
Além do golo, o terceiro na prova, realizou mais dois remates, um passe para finalização, teve uma eficácia de 91% no capítulo do passe (dois falhados em 22 feitos), coleccionou duas recuperações de posse e um GoalPoint Rating de 6.9.
Se a primeira parte foi intensa, a segunda não fugiu à regra e foi imprópria para cardíacos. Sarabia, com um finalização de alto calibre, voltou a deixar os forasteiros na frente.
Mas numa fase louca, segundos depois Lincoln empatou o duelo. O Santa Clara ia aguentando as investidas lisboetas, conseguia controlar a zona central face à superioridade numérica de Anderson Carvalho, Morita e Lincoln sobre Palhinha e Matheus Nunes.
Aos 68 minutos, Marco travou o bis de Sarabia e, a 13 minutos dos 90, a pressão alta açoriana surtiu efeitos: Lincoln recuperou a bola, levou a melhor sobre Esgaio e Palhinha e abriu caminho para Ricardinho, que desferiu um “míssil” que decretou o 3-2 final.
Até ao apito derradeiro de Rui Costa, houve tempo para a expulsão de Bragança (após consultar o VAR, o árbitro viu um pisão sobre Ricardinho), para um remate de Paulinho que quase acabava no fundo das redes contrárias e para um lance em que Bouldini ficou próximo do 4-2. Foi o ponto final num verdadeiro show de bola…
Melhor em Campo
Lincoln cumpre a terceira época nos açorianos e causa estranheza que ainda não tenha sido resgatado por outro emblema com mais aspirações do que o Santa Clara. Nesta sexta-feira, vestiu a pele de “diabo” e desbaratou por completo a equipa visitante.
Cirúrgico a assistir (ofereceu o 3-2 a Ricardinho), surgiu quase sempre sem marcação e agradeceu para marcar o 2-2, tendo ainda preenchido a folha de serviços com os seguintes dados: cinco passes valiosos, três passes para finalização, oito passes aproximativos recebidos, 53 acções com a bola, seis recuperações de posse e quatro faltas sofridas.
Ou por outras palavras, um “jogaço” do criativo de 23 anos, que foi o MVP da partida com um merecido GoalPoint Rating de 7.4.
Destaques do Santa Clara
Boateng 6.6 – Fez dupla com João Afonso na ausência de Villanueva (castigado) e rubricou uma óptima “performance”. Destaque para os dois duelos aéreos defensivos em que interveio e venceu, as cinco recuperações de posse, dois desarmes, duas intercepções e excelentes oito alívios, marca que mais ninguém atingiu no jogo.
Sagna 6.3 – À meia-hora subiu no terreno e, com um passe teleguiado, ofereceu, com uma assistência, o 1-1 a Jean Patric. Além disso, fez sete recuperações da posse e dois alívios.
Ricardinho 6.2 – Esteve 24 minutos em campo, tempo suficiente para fazer estragos: apontou um golaço, no único remate que fez, e esteve na génese do lance que levou à expulsão de Daniel Bragança.
Destaques do Sporting
João Palhinha 6.9 – Foi o melhor dos “leões”, fez uma primeira parte quase perfeita e terminou o jogo com um golo, três remates (todos de fora da área, quatro acções defensivas no meio-campo adversário, quatro faltas sofridas e cinco desarmes.
Sarabia 6.2 – O espanhol esteve sempre muito activo, surgindo em diversas zonas do terreno. Marcou um grande golo, esteve próximo do bis, tendo ainda feito quatro passes valiosos, dois super aproximativos e quatro acções com a bola na área contrária. A rever, os quatro maus controlos de bola e os três desarmes consentidos. Falhou uma ocasião flagrante.
Pedro Gonçalves 6.0 – Não marcou, tendo falhado uma ocasião clara na primeira parte. Fez a assistência para o 1-2, lançou três remates (um enquadrado) e recuperou a posse por seis vezes.
Matheus Nunes 5.8 – Autor de dois remates, quatro passes valiosos, recebeu oito passes aproximativos e perdeu a posse em 18 ocasiões. Foi um dos jogadores mais carregados em falta, cinco vezes, duas em zona perigosa.
Matheus Reis 5.7 – Teve uma eficácia de passe de 95% (70 certos em 74, máximo do jogo), coleccionou 96 acções com a bola e realizou três desarmes. Das unidades mais regulares da equipa.
Nuno Santos 5.5 – Quase marcou um grande golo, tentou criar perigoso nos nove cruzamentos feitos, cinco deles eficazes, e realizou quatro conduções aproximativas.
Coates 5.4 – Na fase de desespero, fez dupla com Paulinho no ataque e a aposta quase surtia efeito, mas Paulinho atirou ao lado. Foi o jogador com mais remates, quatro no total, tendo desperdiçado uma flagrante. Destaque para o capítulo do passe, com oito longos certos em 12, nove passes aproximativas e quatro super aproximativos, ambos máximos.
Bruno Tabata 5.2 – Tentou ajudar a equipa a equilibrar o corredor central, mas sem efeitos práticos.
Ádan 5.0 – Autor de duas defesas, não teve culpas nos três golos sofridos.
Ricardo Esgaio 5.0 – Não deu profundidade pelo corredor e não teve pernas para travar Lincoln na jogada que terminou no 3-2, sendo batido, igualmente, no golo de Jean Patric (1-1).
Paulinho 4.6 – Já em período de descontos, ficou a escassos centímetros do empate. Foi o único remate que fez em 96 minutos de jogo. O camisola 21 realizou dois passes para finalização, um deles para ocasião flagrante (0,5 Expected Assists) e contabilizou cinco acções com a bola na área açoriana.
Resumo
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