Eileen Gu venceu uma prova nos Jogos Olímpicos de Inverno, indiferente à polémica à volta da sua nacionalidade.
Chama-se Ailing Eileen Gu, tem apenas 18 anos e já era uma figura dos Jogos Olímpicos de Inverno ainda antes do início da competição em Pequim. Agora “saltou” ainda mais para as notícias: foi campeã olímpica.
A jovem chinesa nascida nos Estados Unidos da América – já vamos lá – foi a melhor na final do esqui estilo livre, na modalidade big air. Com uma primeira e uma terceira rondas muito boas, a atleta da casa totalizou 188.25 pontos, suficientes para a medalha de ouro.
Tess Ledeux, que liderava a final até ao último salto de Gu, conseguiu 187.50 pontos e ficou com a medalha de prata.
E a desilusão da francesa originou uma das imagens mais bonitas dos Jogos Olímpicos, até agora: ficou a chorar durante muitos segundos, abaixada, mas sendo logo apoiada por Mathilde Gremaud, a suíça que ficou com a medalha de bronze (182.50 pontos).
E quando a nota de Ledeux foi divulgada, a própria Gu interrompeu imediatamente os seus festejos, ao ver o estado da francesa. Gu e Gremaud tentaram acalmar a vice-campeã durante um período considerável, que culminou num abraço longo entre Ledeux e Gremaud.
Entre EUA e China
Eileen Gu, que ainda estará na luta pelo ouro noutras especialidades, já aparecia nas notícias antes desta competição por causa da decisão que tomou em 2019: deixou de competir pelos EUA e passou a ser atleta chinesa.
Gu nasceu em 2003 em São Francisco. Ainda vive nos EUA. O pai também nasceu nos EUA e a mãe é chinesa. Quando começou a competir, em 2018, representava o seu país natal; mas no ano seguinte decidiu mudar de nacionalidade, já a pensar nesta edição dos Jogos Olímpicos que se realizam precisamente na China.
“Quero ajudar a inspirar milhões de pessoas na China. Através do esqui, espero conseguir unir as pessoas, promover o entendimento comum, criar comunicação e criar amizades entre as nações“, explicou a jovem, na altura.
Uma decisão nada vulgar no desporto profissional. E que não criou muitos elogios nos EUA, onde diversos meios de comunicação social deixaram análises ao processo; e dúvidas.
A revista Slate, por exemplo, publicou neste domingo um artigo no qual descreve Eileen Gu como uma “idiota”. Ou, pelo menos, esta decisão foi “idiota”.
Por dois motivos: porque passou a representar um país onde se cometem “genocídios” e que é liderado por um “violador dos direitos humanos” – o presidente Xi Jinping; e ainda porque haveria espaço para ela na selecção dos EUA (muitas e muitos atletas mudam de nacionalidade por saberem que não seriam convocadas no seu país natal).
Além disso, o processo de mudança de nacionalidade nunca foi muito bem explicado. A China não aceita pessoas com dupla nacionalidade mas a campeã nunca disse que abdicou da nacionalidade norte-americana.
“Sou chinesa quando estou na China e sou norte-americana quando estou nos EUA”, de acordo com a própria.
Uma “dança” entre países que terá um motivo: interesses comerciais. Gu, além de especialista no esqui estilo livre, é modelo e tem contratos com várias empresas chinesas.
E ainda é uma adolescente: “Esta decisão foi apenas dela? Não sabemos que conselhos recebeu, que pressões surgiram. Não sabemos se foi outra pessoa a optar pela mudança de nacionalidade”, lê-se no artigo assinado por Justin Peters.
[sc name=”assina” by=”Nuno Teixeira da Silva, ZAP” ]
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