Parece guião para filme, mas não é. O contexto à volta da histórica Erin Jackson e da sua compatriota altruísta (e visionária) Brittany Bowe.
A prova rainha da patinagem de velocidade, nos Jogos Olímpicos de Inverno, foi ganha por uma mulher dos Estados Unidos da América.
Erin Jackson quebrou um jejum norte-americano de 28 anos (Bonnie Blair, em Lillehammer 1994) e tornou-se a primeira negra a vencer na especialidade dos 500 metros.
Na final realizada neste domingo, em Pequim, Erin terminou a prova em 37,04 segundos, à frente da japonesa Takagi Miho e da russa Angelina Golikova, que completaram o pódio.
“Estou muito feliz, é uma sensação de alívio. É mesmo isso: alívio. Paguei o dividendo desta opção” – palavras da nova campeã olímpica.
Mas qual opção? A opção da sua compatriota Brittany Bowe, também especialista em provas de patinagem de velocidade.
Ganhar, mas abdicar
Para explicarmos esta sequência, é preciso recuar aos campeonatos nacionais dos EUA, ao apuramento das melhores nacionais para os Jogos Olímpicos.
Erin Jackson era a favorita na prova decisiva mas, num deslize anormal, quase caiu numa curva. Aguentou-se, chegou ao fim, mas perdeu tempo – e o terceiro lugar não chegava para a presença em Pequim, nesta distância. Não se qualificou.
Brittany Bowe foi a vencedora. Mas a própria Brittany sabia do valor de Erin e, já qualificada noutras duas distâncias (1.000m e 1.500m), cedeu o seu lugar.
“Ganhei a prova de qualificação, mas sei muito bem onde estou na tabela mundial. Erin é a número 1 do mundo e agora é campeã olímpica. Foi a coisa certa a fazer. Estou sem palavras. Foi uma honra dar essa oportunidade a alguém…”, afirmou Bowe, ao canal oficial dos Jogos Olímpicos.
O guião de filme aumenta quando Erin Jackson recorda o que estava a fazer há meia dúzia de anos: “Há seis anos eu mal conseguia patinar. Em 2017 fui para Salt Lake City, para aprender. Eu não previa isso, apenas há um ano. Ainda me sinto meio nova no desporto”.
Ainda houve mais um episódio neste filme: Brittany Bowe não iria participar nos 500 metros…mas participou. Alguns países desistiram de enviar representantes para esta especialidade e isso criou vagas para outras atletas, incluindo a norte-americana. Terminou no 16.º lugar.
[sc name=”assina” by=”Nuno Teixeira da Silva, ZAP” ]
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