O emblema de Stamford Bridge chegou a estar para venda, mas o Governo britânico suspendeu o processo e tomou as rédeas do clube. A falência não está fora de questão.
O Chelsea está impedido de vender bilhetes para jogos, negociar jogadores e o processo de venda do clube foi suspenso na sequência das sanções anunciadas pelo Governo britânico ao proprietário, o russo Roman Abramovich.
A ministra da Cultura, Nadine Dorries, disse que o Chelsea ainda poderá jogar partidas e pagar aos funcionários, mas admitiu que as sanções “têm um impacto direto no Chelsea e nos adeptos”.
“Temos trabalhado arduamente para garantir que o clube e o desporto nacional não sejam desnecessariamente prejudicados por estas importantes sanções. Para garantir que o clube possa continuar a competir e operar, vamos emitir uma licença especial que permitirá que os jogos sejam cumpridos, os funcionários sejam pagos e os titulares de bilhetes assistam aos jogos enquanto, crucialmente, Abramovich é privado de beneficiar da propriedade do clube”, anunciou na rede social Twitter.
1/ 4🧵Putin’s attack on Ukraine continues & we are witnessing new levels of evil by the hour. Today the Government has announced further sanctions against individuals linked to the Russian Government. This list includes Roman Abramovich, the owner of Chelsea Football Club.
— Nadine Dorries (@NadineDorries) March 10, 2022
Abramovich tinha anunciado no início do mês que iria vender o clube campeão da Europa e do mundo de futebol, “devido à atual situação” em que a Rússia invadiu a Ucrânia, prometendo reverter os lucros para as vítimas do conflito.
Dorries admitiu que esta situação cria “alguma incerteza, mas o Governo trabalhará com a Liga e os clubes para permitir que o futebol continue a ser jogado, garantindo que as sanções atinjam os pretendidos”.
O governo britânico anunciou hoje novas sanções contra sete oligarcas russos, incluindo o dono do Chelsea, Roman Abramovich, e o antigo sócio, Oleg Deripaska, com o congelamento de bens e proibição de viagens.
Roman Abramovich, de 55 anos, tem participações na metalúrgica Evraz, na Norilsk Nickel e é dono do Chelsea FC desde 2003.
Em 2005, vendeu uma participação de 73% na petrolífera russa Sibneft à gigante do gás estatal Gazprom por 9,870 mil milhões de libras (11,770 milhões de euros) e o património líquido é estimado em 9.400 milhões de libras (11.200 milhões de euros).
“É um dos poucos oligarcas da década de 1990 a manter a proeminência sob [o presidente russo, Vladimir] Putin”, vincou o Governo britânico.
O visto de investidor no Reino Unido do russo expirou em 2018, ano em que obteve a nacionalidade israelita.
Em 2021 Abramovich tornou-se cidadão português através da lei que beneficia os descendentes de judeus sefarditas expulsos no final do século XV, mas deixou de ter um visto de investidor no Reino Unido.
Uma porta-voz do empresário negou anteriormente qualquer relação próxima do empresário com Vladimir Putin.
O Chelsea vai solicitar ao governo britânico a intenção de poder continuar a “operar o mais normal possível”, na sequência das sanções aplicada a Roman Abramovich.
Em comunicado, o emblema londrino confirmou que as sanções impostas a Abramovich têm efeitos no funcionamento no clube, mas explicou que, entretanto, o governo britânico emitiu uma licença que permite “continuar certas atividades”.
“Queremos debater com o governo do Reino Unido os contornos dessa licença. Isso incluirá um pedido para que a licença permita que o clube continue a operar o mais normal possível. Hoje, o Chelsea vai cumprir os seus jogos com o Norwich e o West Ham, da equipa masculina e feminina, respetivamente. O clube fará uma atualização desta situação quando for apropriado”, lê-se na nota publicada no site oficial dos londrinos.
Drama financeiro
Face às sanções, foi emitida uma licença especial que permite ao Chelsea gastar apenas 500 mil libras (cerca de 595 mil euros) para organizar jogos em casa e 20 mil libras (cerca de 24 mil euros) para as partidas fora de portas.
Se nos jogos das competições domésticas esta contenção de gastos é mais prática, o mesmo não se pode dizer nas deslocações dos encontros da Liga dos Campeões.
Os blues preparam-se para defrontar o Lille, na próxima quarta-feira, em França. Embora a distância até à cidade francesa não seja grande, a situação poderá complicar-se caso o Chelsea passe aos quartos de final da competição.
É o mais provável: os londrinos levam uma vantagem de dois golos para a segunda mão. A confirmar-se, o Chelsea poderá ter de se deslocar a Munique ou Madrid — viagens que já teriam de ser feitas de avião. Uma das possibilidades poderá até passar por optar por uma companhia aérea low cost.
Em declarações à Sky Sports, o treinador do Chelsea não fugiu às notícias recentes.
“São grandes notícias e é claro que tem um impacto forte e, claro, faz parte da ordem do dia. Provavelmente num dia como estes estaríamos a falar dos jogos da Liga dos Campeões, mas ninguém está a falar disso. Por isso até é bom termos um programa a cumprir antes do jogo, pois assim permite-nos focar como estamos habituados”, disse Thomas Tuchel.
Mais tarde, à BBC Radio 5 Live, salientou que enquanto houver camisolas e autocarro, o Chelsea vai a jogo.
“Vamos ver como ficam as coisas. Se ficarem assim, não sei. Temos de ir dia a dia… Não esperava por isto ontem e não sei o que virá amanhã. Mas todos podem ter a certeza de que nos vamos focar em nós mesmos, manter a atitude e a mentalidade certas no treino e no seio da equipa. Confiamos uns nos outros e isso não vai mudar. Enquanto tivermos camisolas suficientes e um autocarro para ir para os jogos, vamos lá estar e competir no máximo”, atirou.
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