O Benfica fez História. Na segunda mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, e após o empate em Lisboa, os “encarnados” encararam o Ajax em Amesterdão com uma ideia em mente: saber sofrer perante a expectável pressão neerlandesa e tentar causar estragos nas saídas para o ataque.
Raramente essas saídas aconteceram, mas na sequência de um livre aos 77 minutos, Darwin Núñez deixou o penteado a fazer lembrar uma senhora bem posta, amarrou-o como é costume e cabeçeou para o golo decisivo, contrariando por completo a tendência do jogo até então. Venham os quartos-de-final.
O nulo ao intervalo não disfarçou, para quem acompanhou a partida, as grandes dificuldades que os “encarnados” sentiram perante a superioridade do Ajax.
Os “lanceiros” foram os únicos a criar verdadeiro perigo, tiveram mais bola, mais remates, presença na área, realizaram mais combinações de ataque e, ao contrário da formação lusa, estiveram bem no passe, com 86% de eficácia, com destaque para os 81% de acerto no passe vertical.
Para termos uma ideia, os neerlandeses fizeram mais do dobro dos passes (296 contra 137), mas as “águias” acertaram apenas 70% deles e 48% dos verticais.
Esse facto originou um recuou enorme do Benfica, que praticamente jogou toda a etapa inicial encostado à sua grande área e incapaz de lançar transições rápidas, face à pressão e reacção à perda dos homens da casa.
Assim, não espanta que o Benfica tenha feito um só remate, por Gonçalo Ramos, e que o MVP fosse do Ajax, curiosamente um central, Lisandro Martínez 6.7, não pelo trabalho defensivo, mas pelo ofensivo, com dois passes para finalização, 91% de eficácia nas entregas, entre elas sete passes aproximativos e dois super aproximativos.
O melhor benfiquista era, sem surpresa, Odysseas Vlachidomos 6.0, com duas defesas.
Nélson Veríssimo compreendeu as insuficiências do Benfica na luta do meio-campo e, ao intervalo, tirou Adel Taarabt e lançou Soualiho Meïté para dar uma diferente dimensão física ao jogo “encarnado”, mas a verdade é que a bola continuou a pertencer ao Ajax, que chegou a ultrapassar os 70% de posse.
O que o Benfica conseguiu fazer foi estancar um pouco a avalancha ofensiva dos “lanceiros”, que passaram a criar menos perigo. Só ninguém estava à espera do que veio a seguir.
Na cobrança de um livre na direita, aos 77 minutos, Álex Grimaldo colocou a bola na grande área e Darwin Núñez, de cabeça, marcou para o Benfica, ao quarto remate da formação portuguesa, o primeiro enquadrado, completamente contra a corrente de jogo. Um golo que enervou os homens da casa.
Estes continuaram a atacar, mas mais com o coração do que com a cabeça, e o apuramento não fugiu à formação portuguesa.
Melhor em Campo
Quem diria? O Benfica esteve quase todo o jogo a lidar com a pressão intensa do Ajax, que teve sempre mais bola e atacou muito.
Porém, a “performance” defensiva da formação da Luz foi imaculada e, numa das poucas vezes que atacou com perigo, marcou e apurou-se. Esse golo saiu dos pés de Grimaldo, que juntou a sólida exibição defensiva a um lance atacante decisivo.
Foi do espanhol a assistência para o golo de Darwin, mas o seu GoalPoint Rating de 7.0, o mais alto da partida, reflecte também três passes para finalização, três desarmes e seis alívios.
Destaques do Ajax
Lisandro Martínez 6.8 – O melhor em campo na primeira parte manteve o nível e terminou com a melhor nota dos “lanceiros”. O central fixou o máximo de passes tentados (120) e de certos (104), completou sete de 12 longos, fez dez passes aproximativos e dois super aproximativos, fez cinco variações de flanco, registou o máximo de acções com bola 133 e de recuperações de posse (14), e ganhou os três duelos aéreos defensivos em que interveio. De nada valeu à sua equipa.
Noussair Mazraoui 6.6 – O lateral-direito do Ajax bem tentou transportar jogo pelo seu flanco. Passes ofensivos valiosos foram seis, aos quais acrescentou nove aproximativos, dois super aproximativos, bem como dez recuperações de posse, cinco acções defensivas no meio-campo contrário e sete desarmes, máximo do jogo.
Ryan Gravenberch 6.3 – Ele é o “patrão” de todo o futebol dos “lanceiros” e esteve em bom plano, com sete passes ofensivos valiosos, 92% de eficácia de passe, mas também seis acções defensivas no meio-campo contrário e cinco desarmes.
Destaques do Benfica
Gilberto 6.3 – Enorme jogo do lateral-direito benfiquista, que deixou Dušan Tadić aos papéis – e isso é só por si um elogio. Gilberto trabalhou até à exaustão, registando sete recuperações de posse, cinco desarmes e seis alívios.
Darwin Núñez 6.0 – O uruguaio foi o herói da partida, correu, lutou e também saiu com queixas, aos 81 minutos. Antes disso fez, de cabeça, o golo que apurou o Benfica para os quartos-de-final, num excelente golpe de cabeça, num dos dois duelos aéreos ofensivos que ganhou, nos seis em que participou. Registou ainda cinco acções com bola na área contrária e somou uma condução aproximativa.
Odysseas Vlachodimos 5.8 – O grego teve mais trabalho na primeira parte, altura em que fez duas defesas, nenhuma a remates na sua área, o que mostra a competência do Benfica em manter o Ajax longe das zonas de decisão.
Jan Vertonghen 5.5 – De regresso a uma casa que bem conhece, o belga deu à equipa aquela experiência tão necessária neste tipo de jogos. Aos dez alívios realizados juntou três duelos aéreos defensivos ganhos em seis.
Julian Weigl 5.4 – A luta do meio-campo foi perdida pelo Benfica, o que explica a nota do alemão. Weigl teve de se destacar nos alívios (7) e bloqueios de passe (3).
Nicolás Otamendi 5.4 – Outro jogador cuja experiência foi fundamental. O argentino fez quatro alívios, dois bloqueios de passe e ganhou quatro de cinco duelos aéreos.
Soualiho Meïté 5.3 – Entrou ao intervalo para conferir mais poder de choque ao meio-campo benfiquista, mas nem por isso a equipa ganhou a luta do “miolo”. Somou cinco recuperações de posse e dois desarmes.
Roman Yaremchuk 5.1 – Prender os centrais, na fase final de um jogo em que se previa que subissem mais, terá sido a ideia de lançar o avançado. O ucraniano, de facto, “moeu” a defesa do Ajax com o seu poder físico, e até podia ter marcado, mas foi lento quando se encontrava isolado e acabou desarmado.
Gonçalo Ramos 4.6 – Jogo de luta e muito trabalho do atacante, que destacou-se com cinco desarmes.
Rafa Silva 4.6 – Era de esperar que o atacante luso explorasse bem a sua velocidade e aproveitasse os espaços que o Ajax concedeu na retaguarda, mas a verdade é que Rafa nunca o conseguiu fazer com propriedade. Destaque positivo para quatro acções na área contrária e dois dribles completos em cinco. De negativo os três desarmes sofridos.
Adel Taarabt 4.5 – Saiu ao intervalo, após não se ter dado bem com a pressão do Ajax no meio-campo, com um registo de quatro perdas de posse e dois dribles consentidos no primeiro terço.
Everton “Cebolinha” 4.5 – O brasileiro passou ao lado do jogo, registando somente 14 acções com bola e três desarmes sofridos.
Resumo
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