Luol Deng esteve entre os melhores da NBA, quando jogou basquetebol. Agora é figura noutro patamar, no seu país natal, o Sudão do Sul.
Não pertenceu à grande geração de Michael Jordan e companhia, mas Luol Deng foi claramente uma figura nos Chicago Bulls ao longo de uma década. Chegou a ser eleito duas vezes para a melhor equipa da NBA da temporada.
Agora, o mesmo Luol Deng, aos 36 anos, já deixou de jogar basquetebol e joga noutros campeonatos mais importantes: o da paz e o da reconstrução, no país onde nasceu, o Sudão do Sul.
No Dia Internacional do Desporto para o Desenvolvimento e a Paz, assinalado nesta quarta-feira (6 de Abril), o ex-basquetebolista mereceu uma espécie de tributo no portal oficial dos Jogos Olímpicos.
Deng nasceu no Sudão (hoje Sudão do Sul), em 1985. Era fase de guerra civil e, por isso, logo aos três anos ele e os seus irmãos foram para o Egipto. O pai ficou, foi preso e libertado oito anos depois do seu nascimento; aí, foram para Londres, Reino Unido.
Entretanto, no Egipto, o ainda pequenino Luol Deng conheceu o compatriota Manute Bol, que jogava na NBA. Aprendeu basquetebol com Manute, que foi também o seu mentor.
Em Londres, um observador reparou na qualidade do jovem de, na altura, 14 anos. A partir daí a vida passou a ser em Nova Jérsia, nos Estados Unidos da América.
Estudou e jogou na Universidade de Duke e, em 2004, foi escolhido logo na primeira ronda do draft da NBA. Chicago foi o destino, onde ficou até 2014, para depois jogar por Cavaliers, Heat, Lakers e Timberwolves.
A nível internacional, passou a ser um cidadão britânico e representou a Grã-Bretanha em “casa”, nos Jogos Olímpicos de Londres.
No entanto, nunca esqueceu a sua casa inicial. Agora, longe dos pavilhões, continua a não se esquecer das suas origens; não se esqueceu de que foi um refugiado – e voltou ao Sudão do Sul, para ajudar a reconstruir o país.
É presidente da Federação de Basquetebol do Sudão do Sul há mais de dois anos; oferece casas, promove a paz e ajuda a “espalhar” a prática do desporto, como uma forma de desenvolvimento da comunidade.
Já recebeu o prémio humanitário da Agência das Nações Unidas para Refugiados em 2008.
Deng já tem esta postura há muitos anos. Mesmo quando jogava, tentava proteger e melhorar a vida dos refugiados em todos os locais que conseguisse.
Em 2005 criou a Fundação Luol Deng no Sudão do Sul, uma organização sem fins lucrativos que cria oportunidades de basquetebol para jovens jogadores. Mais tarde, surgiu o acampamento Deng Camp.
Defende que estes comportamentos altruístas longe dos campos origina bons desempenhos quando se pega na bola em direcção ao cesto.
Mesmo no Reino Unido – e devido a um corte considerável no apoio ao basquetebol local, após Londres 2012 – o antigo jogador criou a sua academia, em 2014, para dar uma oportunidade a jovens basquetebolistas.
Há apenas dois meses a sua fundação juntou-se à Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional, para criar o Campo de Actividades Juvenis do Sudão do Sul, onde se vai aprender, não só a jogar basquetebol, como também a prevenção de conflitos, por exemplo.
Oficial da Ordem do Império Britânico desde o ano passado, ainda hoje não se esquece de quem o inspirou.
E voltamos ao início do artigo: Manute Bol. “Manute era famoso mas voltava sempre para casa e agradecia. Ele era quem ele era e o basquetebol não o mudou”.
“Entrei no basquetebol porque Manute tirou férias para ajudar a comunidade sul-sudanesa de lá. Então, se não fosse por alguém que estava a tentar ajudar outras pessoas do seu país natal, eu nunca teria tido a oportunidade que tive”, recordou Luol Deng.
[sc name=”assina” by=”Nuno Teixeira da Silva, ZAP” ]
Deixe um comentário