Sem folgas e 84 horas semanais. Denunciadas mais “condições parecidas a trabalho forçado” no Qatar

A Amnistia Internacional denuncia que o Catar, país que este ano vai acolher o Mundial de Futebol, está a impor “trabalho escravo” a imigrantes.

Um relatório divulgado esta quinta-feira revela como profissionais de segurança são obrigados a trabalhar 12 horas por dia, sete dias por semana, sem direito a folgas.

“Eles pensam que nós somos máquinas”, disse Zeke, do Uganda, um trabalhador ouvido pela Amnistia Internacional.

“Imaginem trabalhar durante 12 horas e, depois, ser conduzido para um centro e ter formação durante oito horas, toda a noite. Depois dormes quatro horas e tens de estar no trabalho às cinco da manhã”, disse ainda.

O relatório detalha como há profissionais de segurança que trabalham em “condições semelhantes a trabalho forçado”. Este não é caso único desde que o Catar foi anunciado como organizador do Mundial de futebol.

Desde que o Qatar ganhou o direito a organizar a competição, em dezembro de 2010, que 6.500 trabalhadores da Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh e Sri Lanka terão morrido neste pequeno país do Golfo Pérsico.

No arranque da qualificação para o Campeonato do Mundo, jogadores da Noruega e da Alemanha exibiram t-shirts com mensagens de alerta para a situação vivida no país.

As condições denunciadas neste novo relatório dizem respeito a trabalhadores estrangeiros. Muitos deles trabalham em estruturas ligadas ao Mundial, como estádios, hotéis e outros serviços.

Depois de 12 horas de trabalho por dia, alguns trabalhadores foram ainda submetidos a formações de oito horas. Quem tentava tirar um dia de folga era punido com deduções salariais.

“Os abusos são sistémicos e não acidentes isolados”, conclui o relatório, que fala no desrespeito pelos períodos de descanso e racismo.

A Tribuna Expresso realça que a lei laboral do Catar estabelece um limite de 60 horas de trabalho semanais e a obrigatoriedade de um dia de descanso pago por semana. No entanto, os profissionais de segurança visados no relatório trabalham cerca de 84 horas semanais.

[sc name=”assina” by=”Daniel Costa, ZAP” ][/sc]


Comentários

6 comentários a “Sem folgas e 84 horas semanais. Denunciadas mais “condições parecidas a trabalho forçado” no Qatar”

  1. “Desde que o Qatar ganhou o direito a organizar a competição, em dezembro de 2010, que 6.500 trabalhadores da Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh e Sri Lanka terão morrido”.
    Como o Qatar são amigos dos EUA e da UE nada se passa, está tudo bem, podem continuar a morrer que os média pouco se importam e o ocidente considera essa gente pobre descartável.
    O mesmo se passa na guerra do Ímen onde a Arábia Saudita bombardeia a seu belo prazer matando milhares de civis, mas… nada se passa, não faz parte da agenda da propaganda.

    1. Avatar de Nuno Alves
      Nuno Alves

      A ironia que lhe escapa é que a própria existência da notícia desmente-o. A cegueira é tramada.

  2. Avatar de Maria indignada
    Maria indignada

    Isto tudo para, depois, uns milhares de irresponsáveis aplaudirem os “craques” ,os verdadeiros deuses na terra, completamente indiferentes aos enormíssimos sacrifícios exigidos aos emigrantes para eles poderem brilhar!! Não são só os políticos que estão distraídos, os adeptos e todas as organizações ligadas ao escandaloso negócio do futebol estão-no muito mais! Países com estas características nunca poderiam, à sombra de nenhuma lei, organizar tais eventos, tais competições!!

    1. A primeira coisa que fazem a esses pobres é roubarem-lhes os passaportes para ficarem reféns desses criminosos. Depois descontam tudo o que podem dos salários já baixos e ficam sem nada. Muitos suicidam-se tal o desespero, e os governos ocidentais, paladinos dos “direitos humanos” e das “democracias” fecham os olhos pois a agenda da propaganda e da mentira está direcionada para outras paragens…

  3. Avatar de Maria indignada
    Maria indignada

    “…Dos direitos humanos, das democracias…” e da civilização!! E é para satisfazer a frivolidade desses países “ditos civilizados” que se cometem estes crimes contra a humanidade, encarados com a maior das indiferenças! No último jogo do Manchester tivemos o nosso craque no seu melhor, ofendendo barbaramente uma criança que estava ali só porque admirava o Ronaldo!! Claro que a organização Save Children, da qual era embaixador e para a qual nada fazia há já alguns anos, lhe retirou imediatamente o título! Quem se julga esta gente??

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