Pinto da Costa assinala 40 anos na presidência do FC Porto como “uma boa loucura” e conta alguns dos episódios que o marcaram nestes anos, revelando que quase contratou os craques brasileiros Ronaldo e Romário e que os treinadores Arsène Wenger e Mircea Lucescu chegaram a assinar pelo clube.
Os 40 anos na presidência do FC Porto de Pinto da Costa foram assinalados nesta sexta-feira, 22 de Abril, com um jantar, em Gondomar, promovido pela comissão de apoio às suas sucessivas recandidaturas.
Um jantar de homenagem a Pinto da Costa, de 84 anos, que era director de futebol quando o clube quebrou um longo jejum, com José Maria Pedroto, e chegou ao título de campeão em 1977/1978.
Mas foi precisamente a 23 de Abril de 1982 que Pinto da Costa tomou posse como presidente do clube. Um momento que o FC Porto assinala com uma grande entrevista ao dirigente na revista Dragões, onde conta alguns dos episódios que mais o marcaram durante o seu “reinado” de 40 anos.
Um desses momentos foi quando tentou contratar os craques brasileiros Ronaldo e Romário, na altura do início das respectivas carreiras no futebol europeu.
“O Ronaldo, quando veio jogar, creio, no Torneio do Centenário do FC Porto, com 16 ou 17 anos, ainda tentámos, mas os valores já eram impossíveis“, revela Pinto da Costa na Dragões.
Quanto a Romário, o presidente portista refere que chegou a ter “acordo com ele, mas depois o Vasco da Gama fez exigências que eram incomportáveis e, mais tarde, foi para o PSV e para o Barcelona”.
Da mesma forma, o FC Porto quase contratou os treinadores Arsène Wenger e Mircea Lucescu. Em ambos os casos, foram as exigências dos clubes onde estavam que impediram os acordos.
“Consegui contratar todos os treinadores que quis, excepto dois. Um deles foi o Arsène Wenger, que estava então no Mónaco e eu acreditava que ele viria a ser um grande treinador”, começa por contar Pinto da Costa, realçando que o treinador francês “aceitou vir para o FC Porto”.
“Firmámos, inclusive, condições, porque ele estava convencido de que o Mónaco o libertaria e que ele poderia vir, apesar de ter contrato por mais um ano. Mas, contrariamente ao que ele dizia, o Mónaco não autorizou, nem quis negociar. No ano a seguir surgiu o Arsenal e já não valia a pena estar a fazê-lo vir cá”, revela Pinto da Costa.
Quanto a Lucescu, “também esteve cá no Porto e toda essa história foi muito engraçada, porque ele ficou em casa de uma irmã do falecido e querido Reinaldo Teles, onde esteve escondido da comunicação social durante dois dias“, refere o presidente portista. “A irmã do Reinaldo levava-lhe a comida, porque ele não saía para ninguém o ver, e fechámos contrato”, conta ainda.
Nessa altura, Lucescu estava no Dínamo de Bucareste “e dizia também que o clube o deixava sair, mas o Dínamo não só não permitiu a sua saída, como exigiu um dinheirão“, relata Pinto da Costa na Dragões.
“Depois surgiu um clube italiano (Pisa) que pagou o que o Dínamo queria, e ele foi. Ainda hoje me fala nesse episódio, porque quando cá esteve dei-lhe um emblema do FC Porto de brilhantes, que ele usa por vezes. Há tempos veio de férias a Portugal e trazia na lapela o emblema que lhe ofereci”, acrescenta o dirigente.
A sonhar com “dobradinha à moda do Porto”
Já na intervenção no jantar comemorativo dos 40 anos da sua presidência, Pinto da Costa olha para o futuro e diz que “uma época inesquecível será se for conquistada a famosa ‘dobradinha’ à moda do Porto”.
O presidente do FC Porto também assegura a continuidade de Sérgio Conceição que tem contrato por mais dois anos, “porque quer, porque eu quis, porque nós quisemos”, constata.
Sobre a sua própria continuidade no clube, Pinto da Costa dá a entender que pretende continuar por mais um mandato, pelo menos.
“Serei eu a tomar a decisão, não preciso que ninguém me empurre. Quarenta anos à frente de um clube é uma loucura, uma boa loucura, mas uma loucura. Dizer é no dia tal, não vou dizer”, aponta sobre a sua saída do clube, frisando que acontecerá quando vir que “não sou útil ao FC Porto, que não tenho capacidade de gerir um clube tão grande como este”.
Quanto ao seu sucessor na presidência, Pinto da Costa diz que espera que seja alguém “com espírito de servir o FC Porto, que ame o FC Porto, não que esteja 40 anos, isso é impossível, acho que não se repete, mas que sirva o FC Porto”.
Mas o dirigente garante que não vai tomar “posição sobre candidatos”, nem dizer “uma palavra se houver mais do que um candidato”.
Taremi, “se calhar, é encantador de lagartos”
Pinto da Costa também usa o seu estilo habitual para falar das críticas que surgiram a Taremi no Jornal Sporting. “Foi um indivíduo, que até parece que é advogado, que teve um acto racista” que “é triste e reflecte o espírito e mentalidade de algumas pessoas”, nota o líder portista.
“Mas o Taremi passou por cima disso e demonstrou-o bem. Chamou-lhe encantador de serpentes. Se calhar, é encantador de lagartos, porque ele encanta todos os animais que gostam de futebol. Porque é um grande jogador”, conclui o dirigente.
Pinto da Costa também elogia Rui Costa, presidente do Benfica, desejando-lhe sucesso nesse cargo “porque é um homem do futebol”.
“Gostava muito que o Rui Costa tivesse sucesso, que não ganhasse ao FC Porto, mas que tivesse sucesso porque é um homem do futebol e um símbolo do Benfica”, constata.
O presidente do FC Porto elogia igualmente Bruno de Carvalho, ex-presidente do Sporting, notando que “não ganhou no futebol, mas ganhou todos os títulos em todas as modalidades“. “E fez uma coisa que o Sporting não tinha – que andava a correr ali nos subúrbios – que foi um pavilhão”, acrescenta.
“Todos disseram que ele era maluco quando disse que ia fazer um pavilhão, e certo é que fez. Ganhou as modalidades todas e foi expulso de sócio”, aponta ainda numa farpa aos sportinguistas.
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