Luís Filipe Vieira, ex-presidente do SL Benfica, concedeu uma entrevista à CMTV, esta segunda-feira, na qual afastou um eventual regresso ao Estádio da Luz, embora realçasse que “se amanhã houvesse eleições, ganhava”.
“Nunca mais voltarei a ser presidente do Benfica, estarei disponível para ajudar no que precisarem. Já viram agora? Tenho tempo para tudo, pareço mais novo, ando bronzeado… Lá trabalhei como um escravo para alguns que não faziam nada”, disse o empresário.
“Mas se fosse a eleições, ganhava. Não tenho dúvidas, ganhava. É ponto assente que não voltaria a ser presidente, dei o meu contributo e está a vista. Não mudo de opinião, não há hipótese. Não vou. Não há hipótese de voltar. O que se passou comigo, o que fiz passar o meu filho, é impossível para mim”, acrescentou.
Questionado sobre se tinha roubado o Benfica, Vieira negou efusivamente. Pelo contrário, diz até que foi o Benfica quem lhe roubou, a sua “vida familiar e em termos empresariais”.
“Passei 12 anos por burlão quando foi o caso do BPN, também foi o Ministério Público que me fez essa acusação e não fui a julgamento. Espero que neste eu seja inocentado, mas em vida, que eu não esteja morto. Que seja rápido. Se eu não cometi ato algum… têm de provar, porque eu não fiz”, atirou.
O antigo presidente ‘encarnado’ salientou que a conquista da Youth League é mérito dos treinadores dos jogadores. “Que eu saiba, a influência do Rui [Costa] no Seixal tem sido praticamente inexistente ao longos dos anos”, realçou.
Vieira falou também da “dimensão incalculável” que criou nos cerca de 20 anos que esteve no Benfica. Além disso, garante que não lesou nem roubou o clube — “que fique claro”.
“Quando cá estava ouvia toda a gente mas também dizia que quem decidia era eu. A democracia a mais faz mal e a democracia neste clube faz mal. Por não haver democracia é que crescemos como crescemos. Hoje, mesmo que me queiram esquecer não me vão esquecer porque quando forem à casa de banho, quem se sentar numa secretária tem de se lembrar de mim”, disse Luís Filipe Vieira.
O antigo dirigente desportivo lembrou o dia em que foi detido, dizendo que parece que alguém quer a sua cabeça ou que é um “troféu de caça”.
“Umas pessoas fizeram buscas na minha casa, na casa do meu filho… A seguir fui para minha casa. Almoçaram comigo dois ou três… Se eu ia almoçar, podiam almoçar comigo, não? Disseram-me que ia ficar detido e perguntei ‘Porquê? Para prestar declarações? Para isso passo por lá quando quiserem’. Percebi após o almoço que ia ser detido”, recorda.
Hoje é um bom dia para relembrar que a investigação ao que será porventura o maior esquema de criminalidade organizada e corrupção desportiva que o futebol Português já viveu, continua parado, na gaveta, e rumo à prescrição.
— Rui Pinto (@RuiPinto_FL) June 6, 2022
“Não sei, parece que saí numa lista qualquer ou fui escolhido por alguém para ser o bode expiatório. Veio uma notícia no jornal a dizer que eu ia ser o ‘biombo da justiça’, eu nem sabia o que era um biombo, mas tinha razão”, disse Vieira, em entrevista à CMTV.
Quanto às dívidas ao Novo Banco, o empresário disse que não tinha dinheiro para pagar o empréstimo, “mas disse que se me continuassem a financiar eu ia desenvolver o projeto e o banco seria ressarcido, como sempre foi”.
Luís Filipe Vieira também dirigiu críticas a Rui Pedro Braz, que terá ‘feito a cama’ ao ex-treinador benfiquista Jorge Jesus.
“Se Jesus fosse bem apoiado seria diferente, tinha jogadores de muita qualidade. Com o Rui Pedro Braz a fazer o trabalho que fez contra Jesus, como podia Jesus brilhar? Andava todos os dias a tirar o tapete a Jesus e a dizer que para o ano não era treinador”, começou por dizer Vieira.
“Quando perde com o Sporting, Jesus foi vaiado. Quem saiu em defesa de Jesus? Zero. Ninguém veio. Quando Rui Vitória foi cilindrado pelo Jesus em casa, apareceu o Vieira no final do jogo a dizer ‘Este é o meu treinador, é com este que vamos ganhar’. Geriram mal a situação do Jesus. A seguir ao jogo com o Porto, quem disse ao Pizzi ‘Deixem o homem desabafar’? Foi o Rui Pedro Braz. Sabia que havia adjuntos do Jesus ali. Esse tema foi mal gerido. Fui eu que o contratei e ninguém na administração queria. Foi um erro meu. Se ninguém o queria, não sei porque ainda está lá”, acrescentou.
Relativamente à escolha de Roger Schmidt para treinador, Luís Filipe Vieira mostra-se algo cético e garante que teria optado por um treinador português.
“Treinador estrangeiro? O Rui [Costa] é que é responsável, não discuto nada disso. Mas na minha opinião pessoal contrataria um português. Quem? Mourinho? Não… Leonardo Jardim? Sim, era esse”, disse.
Ainda assim, o antigo líder das ‘águias’ abordou a possibilidade de Rúben Amorim, o atual treinador sportinguista.
“Se eu fosse o presidente do Benfica, tinha uma conversa séria e exercia a cláusula de opção de 30 milhões de euros. Passado um ano, estava pago. Pagava os 30 milhões de euros. Batia a cláusula para ele vir mas o Rúben [Amorim] agora não sai do Sporting, ele está farto de dizer que não saía. Até teve algumas propostas, segundo consta mas não quer sair. Acho que conseguia convencê-lo”, acrescentou.
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