“Deixem-nos sonhar”: Portugal pode ter campeão europeu de natação nesta quarta-feira

Gabriel Lopes

Gabriel Lopes foi o mais rápido nos Europeus em Roma; nas eliminatórias e nas meias-finais. Vamos sonhar, como José Torres sonhou em 1985.

Não há que disfarçar: Portugal nunca foi uma potência na natação. Nunca fomos um dos países mais fortes, em qualquer competição.

Até há poucos dias, só tínhamos duas medalhas em todo o currículo de Europeus: Alexander Yokochi em 1985 e Alexis Santos em 2016.

Diogo Ribeiro juntou-se à lista restrita, na sexta-feira passada: bronze nos 50 metros mariposa.

Portugal continua a não ser uma potência mas é óbvio que, em 2022, o cenário é outro. Os resultados são outros.

Basta ver o que aconteceu na tarde desta terça-feira, nos Europeus em Roma. Em poucos minutos.

Primeiro, nos 200 metros mariposa, meias-finais: Ana Catarina Monteiro foi quarta classificada na sua série, oitava no geral e assim vai estar na final.

Logo na prova seguinte, 200 metros estilos, meias-finais: Gabriel Lopes foi o mais rápido e vai estar na final.

Quase a fechar o dia, 100 metros costas, meias-finais: João Costa ficou no quarto posto na sua série, sétimo no global, e também estará na final.

Nas três últimas meias-finais do dia, Portugal conseguiu sempre uma presença na final. Já são oito finais nestes Europeus, o melhor registo luso de sempre – o recorde anterior era cinco, numa edição. Até aqui, estar nas meias-finais já era o objectivo realista mais ambicioso, além da superação de recordes nacionais.

Entre estes três finalistas, destaque para Gabriel Lopes.

Como mencionámos, o seu registo 1:58.77 minutos foi o melhor de todos, nas meias-finais. Equívoco? Falhas dos adversários? Nem por isso.

É que, nas eliminatórias de manhã, o seu registo 1:58.94 minutos foi…o melhor de todos.

Ou seja, quer nas eliminatórias, quer nas meias-finais, o português de 25 anos foi o nadador mais rápido da Europa, nos 200 metros estilos.

Em 1985, ano em que Yokochi conseguiu uma medalha de prata, disputava-se o apuramento para o Mundial de futebol, México’86. O seleccionador português José Torres sabia que era preciso que a Suécia perdesse na Checoslováquia e era preciso, sobretudo, ganhar na poderosa República Federal da Alemanha.

“Matematicamente, a qualificação ainda é possível, embora só um milagre nos levará ao México. Mas deixem-me sonhar. Deixem-me, ao menos, sonhar mais um pouco”, afirmou o seleccionador.

A Suécia perdeu e Portugal ganhou mesmo na República Federal da Alemanha.

Depois de uma prata e de dois bronzes em Europeus de natação…virá o ouro? Deixem-nos sonhar.

A final dos 200m estilos começa às 17h37.

[sc name=”assina” by=”Nuno Teixeira da Silva, ZAP” ]


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