Foi com estrondo que o FC Porto caiu aos pés do Clube Brugge. Os belgas deram um “banho de bola” e vergaram os “dragões” por 4-0.
Na antevisão ao jogo, Sérgio Conceição tinha avisado que a tarefa nesta segunda jornada do Grupo B não seria fácil: “o Club Brugge tem qualidade para ganhar. São tricampeões da Bélgica, estão habituados a vencer, têm seis presenças na Champions nas últimas sete ocasiões, é uma equipa habituada a estes palcos. Espera-nos um jogo difícil”.
E foi isso que ocorreu. Os forasteiros estiveram sempre serenos, souberam explorar os espaços e a passividade do adversário e embalaram para um resultado histórico.
Nas provas europeias, o FC Porto não ganha há cinco encontros consecutivos, somando quatro desaires de rajada. No outro jogo do grupo, o Leverkusen, próximo adversário da formação nortenha, triunfou na receção ao Atlético de Madrid. Jutglà, Sowah, Skov Olsen e Nusa foram os marcadores de serviço na noite desta terça-feira.
Nervoso, sem imaginação, pouco pressionante e previsível. Foi desta forma que o FC Porto se apresentou na primeira parte e nem a recuperação supersónica de Otávio conseguiu ajudar a equipa a serenar.
Seguro a defender, o Brugge ganhou embalo no primeiro quarto-de-hora com um golo da marca dos 11 metros de Ferrán Jutglà – tinha sido derrubado por João Mário – e conseguiu controlar o duelo, não obstante ter tido menos posse de bola (56% versus 44%).
Sempre objetivos a atacar, os tricampeões belgas aproveitaram o desacerto e nervosismo contrários para colecionarem situações de perigo, mas ora o desacerto no momento da finalização (41’), ora as boas intervenções de Diogo Costa (30’ e 43’) iam segurando os “dragões”.
A única ocasião de real perigo dos anfitriões ocorreu aos 30 minutos, quando Pepê não conseguiu “bater” Mignolet.
Diziam os números que o Brugge em sete jogos (quatro triunfos e três empates) nunca perdeu fora de portas para a Champions sempre que foi para o descanso a vencer.
Autor do primeiro remate da partida, um cruzamento, quatro ações com a bola na área belga e duas conduções aproximativas, Galeno era o elemento dos da Invicta com melhor nota.
Ao intervalo, Sérgio Conceição decidiu mexer no xadrez, retirando os desinspirados João Mário e Evanilson e colocando Toni Martínez e Namaso, Pepê recuou para ocupar a vaga de lateral-direito, mas os “dragões” nem tiveram perto para assimilar as alterações.
Decorriam dois minutos da etapa final quando Kamal Sowah aproveitou um passe de Ferrán Jutglà para dilatar a vantagem, num lance em que ficou patente a passividade dos “azuis-e-brancos” a defender.
A tempestade belga, que invadiu a cidade Invicta e gelou os 39.229 adeptos que estiveram no reduto portista, prosseguiu e, volvidos cinco minutos, culminando uma jogada vistosa, com um futebol em progressão, de constantes trocas posicionais, Meijer driblou Pepê, cruzou de forma tensa para a zona do segundo poste onde Skov Olsen, após fugir à marcação de Zaidu, disparou para o 0-3.
No melhor período dos campeões nacionais, os suplentes protagonizaram os lances mais perigosos: Loader cabeceou à figura de Mignolet (80’), Gonçalo Borges testou os reflexos do guardião (82’) e Wendel ficou a centímetros de carimbar um golaço (83’).
Já depois de Raphael Onyedika ter atirado ao atirou ao poste esquerdo (86’), Nusa aproveitou a auto-estrada que se abriu no relvado para assinar o 0-4. Triunfo justo dos campeões belgas, que não sofre qualquer tipo de contestação.
Melhor em campo
Kamal Sowah. Tão cedo os sócios e simpatizantes do FC Porto não irão esquecer este nome. O avançado ganês formou uma dupla temível com Jutglà, que baralhou a defensiva contrária.
Sempre inteligente a movimentar-se, rápido a desmarcar-se e furtivo a decidir, marcou o segundo golo do encontro, tendo no cômputo geral realizado quatro remates (metade enquadrados), protagonizado cinco ações com a bola na área contrária, acertou os dois dribles que arriscou, realizou três desarmes e levou para casa o título de melhor em campo.
Destaques do FC Porto
Pepê 6.0
Após nove jogadores do Brugge, foi a unidade portista com melhor avaliação. O polivalente, que não teve velocidade para travar Meijer na jogada do 0-3, rematou ao alvo por duas vezes, criou quatro passes para finalização, cinco passes de ruptura e dez passes aproximativos. Em sentido inverso, perdeu a posse por 19 vezes e sofreu dois desarmes.
Pepe 6.0
O capitão não evitou o dilúvio ofensivo do adversário, mesmo assim foi o segundo melhor da equipa. Dos seus dados realçámos 11 passes de risco falhados, dois maus controlos de bola, sete recuperações de posse, três desarmes, dois alívios e dois bloqueios de passes/cruzamentos.
Galeno 5.8
Tentou remar contra a maré de desinspiração, mas pouco conseguir fazer. Fez o primeiro remate ao alvo no jogo que saiu ao lado, registou quatro maus controlos de bola, três interceções e outras tantas ações defensivas no meio-campo belga.
Uribe 5.5
O relógio suíço “made in” Colômbia não acertou as horas e não conseguiu imprimir a habitual fiabilidade. Ainda tentou a sorte com um remate, mas não conseguiu acompanhar a pedalada de Vanaken e companhia. Venceu apenas um dos seis duelos aéreos defensivos em que interveio, fez um desarme, duas interceções e bloqueou dois remates contrários.
Wendell 5.4
Refrescou o lado esquerdo da defesa e, em 17 minutos, o momento alto foi um remate que ficou a centímetros de entrar na baliza de Mignolet.
Loader Namaso 5.4
Tentou reverter a situação. Voluntarioso, enquadrou dois dos três remates que tentou.
Otávio 5.2
Abandonou o jogo da jornada inaugural com uma fratura nas costelas, recuperou em tempo recorde, mas nunca conseguiu “entrar” no ritmo das incidências. Nos 59 minutos em que atuou, destacou-se com dois passes para finalização, 41 ações com a bola, quatro recuperações da posse e 13 perdas registadas.
Diogo Costa 5.2
Partida ingrata, sofreu quatro golos e mesmo assim carimbou três defesas.
Evanilson 4.9
Passou ao lado do encontro, com apenas um remate (desenquadrado), 15 ações com a bola (duas na área) e pouca participação nas investidas atacantes da equipa.
João Mário 3.6
Protagonizou uma espécie de filme de terror na primeira parte. Posicionou-se mal e acabou por derrubar Juntglà, a partir daí entrou numa espiral de desacerto e de más decisões: três passes de risco falhados, três perdas registadas no primeiro terço do terreno, dois cruzamentos e um remate.
Destaques do Club Brugge
Jutglà 7.2
O avançado espanhol foi uma das principais fontes que alimentaram o ataque belga. Muito inteligente, posicionou-se no espaço entrelinhas, deixando os dois centrais e a dupla Uribe e Eustáquio aos papéis. Sofreu a falta que redundou na grande penalidade, marcou o tento inaugural, ofereceu o 0-2 a Sowah e concluiu 37 acções com a bola (cinco na área portista).
Mignolet 6.9
Nas vezes em que o FC Porto ameaçou, gritou presente e demonstrou os predicados, saindo de cena com quatro defesas, três das quais em remates que ocorreram já no interior da área, e registou duas saídas pelo ar eficazes.
Yaremchuk 4.9
No regresso a Portugal, o antigo jogador do Benfica atuou cerca de 21 minutos, período no qual realizou um remate que Diogo Costa defendeu, acertou dez dos 14 passes feitos, tendo colecionado três passes de risco.
Resumo
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