Equipas e selecção do Brasil tentam sempre desviar-se do número associado ao veado – sinónimo de homossexual no país.
Começa o Brasileirão e a grande maioria das equipas não utiliza a camisola 24. Na presente edição apenas quatro equipas têm um jogador com esse número.
Começa uma edição da Libertadores ou da Sul-Americana e os jogadores de cada equipa só podem vestir camisolas entre os números 1 e 30.
As equipas brasileiras entregam sempre – ou quase sempre – a camisola 24 ao guarda-redes que nunca vai jogar, ou então a um estrangeiro.
Começa a Copa América 2021 e o Brasil, mesmo tendo 24 futebolistas na competição, conseguiu dar a volta e não entregou o número 24 a ninguém. O último jogador da lista ficou com o 25.
Uma atitude que originou protestos por parte de comunidades e associações LGBTQIA+ e que originou mesmo um processo na Justiça do Rio de Janeiro.
A Confederação Brasileira de Futebol explicou publicamente que, nessa Copa América, Douglas Luiz vestiu a camisola 25 por “razões desportivas”.
Para quem vive noutro país, não se percebe esta fuga ao 24. Mas quem vive no Brasil sabe: no jogo do bicho (que até é um jogo ilegal) o 24 é o número do veado – e “veado” é muitas vezes sinónimo de homossexual, no Brasil.
“Este afastamento do número 24 alimenta violências e reforça o histórico de que o futebol é um lugar apenas para homens heterossexuais“, lamentou Marianna Rodrigues, adepta do Grémio e militante LGBTQIA+ do colectivo tricolor Tribuna 77, no jornal El País (durante a Copa América do ano passado).
Mas agora vem aí o Mundial 2022. Com 26 futebolistas. E, desta vez, não há como escapar às regras da FIFA: o estreante Bremer, defesa da Juventus, vai mesmo vestir a camisola 24 no Qatar.
Uma novidade que encaixa com a visão do novo presidente da federação, Ednaldo Rodrigues, que foi eleito já neste ano e, sobre este assunto, disse que é “inadmissível” a retirada da camisola 24 da selecção, garantindo que isso não vai acontecer enquanto for presidente.
[sc name=”assina” by=”Nuno Teixeira da Silva, ZAP” ]
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