Autêntico filme de suspense no jogo com os EUA (16-16). Portugal volta ao Mundial de râguebi, 16 anos depois.
Na verdade, o drama começou há alguns meses, ainda durante a fase de qualificação na Europa.
No Campeonato da Europa, uma espécie de segunda divisão das 6 Nações, o último jogo de Portugal disputou-se em Madrid, em Março deste ano.
Uma vitória portuguesa colocaria os Lobos no Mundial. Mas, num duelo ibérico de nervos e decisivo, a Espanha venceu por 33-28.
Como a Roménia ganhou nos Países Baixos uma semana depois, Portugal ficou apenas no quarto lugar, atrás de Geórgia, Espanha (ambas apuradas directamente) e Roménia (avançaria para o último torneio de qualificação).
Mas as contas de apuramento, afinal, não acabaram quando o último jogo acabou. No mês seguinte, Abril, a Federação Internacional de Râguebi anunciou que a Espanha utilizou um jogador de forma irregular em dois dos jogos dessa qualificação.
O castigo foi retirar 10 pontos à selecção espanhola. Por isso, Portugal passou inesperadamente para o terceiro lugar e ficou apurado para um torneio de qualificação intercontinental.
A incerteza no Dubai
Foi esse torneio que se disputou nas últimas duas semanas, nos Emirados Árabes Unidos.
Portugal venceu com facilidade Hong Kong e Quénia. Os Estados Unidos da América fizeram o mesmo.
Ou seja, Portugal e EUA chegaram à última jornada com 10 pontos, mas com vantagem para Portugal devido à maior diferença para os adversários nos resultados dos duelos anteriores.
O equilíbrio dominou o jogo desta sexta-feira. Literalmente até ao último segundo. Os americanos começaram na frente, um ensaio de Raffaele Storti deu a volta e foi Portugal a chegar ao intervalo a ganhar, por 10-9.
No segundo tempo, o único ensaio dos EUA protagonizou mais uma reviravolta e colocou Portugal a perder por 10-16. Os portugueses reduziram mas chegaram ao último minuto ainda a perder (13-16).
Na última jogada, um autêntico filme de suspense. Um pontapé de muito longe de Jerónimo Portela acertou no poste. Mas Portugal estava a jogar a vantagem e ainda teve direito a um último pontapé de penalidade – isto já depois dos 80 minutos regulamentares.
Samuel Marques era o responsável pelo pontapé dos 3 pontos: se acertasse entre os postes, Portugal estaria no Mundial; se falhasse, os EUA iriam ao Mundial.
Acertou.
Loucura no relvado, no banco, nas bancadas.
A última vaga foi conquistada na última jogada, no último segundo do último jogo. Resultado 16-16 e regresso ao torneio 16 anos depois.
Portugal estará num Mundial de râguebi pela segunda vez em toda a história. Esteve no Mundial 2007, em França. Vai estar no Mundial 2023…em França.
País de Gales, Austrália, Fiji e Geórgia serão os adversários de Portugal no Grupo C.
[sc name=”assina” by=”Nuno Teixeira da Silva, ZAP” ]
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