O protesto silencioso, mas poderoso da Dinamarca no Mundial 2022

Tunísia x Dinamarca para o Mundial de 2022 no Qatar

A equipa da Dinamarca entrou em campo, na estreia no Mundial 2022, no Qatar, diante da Tunísia, com uma camisola de protesto. Mas apenas os mais atentos terão percebido que o equipamento tinha os logotipos da selecção e da marca que a patrocina, a Hummel, esbatidos.

Não queremos ser visíveis durante um torneio que custou a vida de milhares de pessoas”, escreve a Hummel que patrocina a selecção da Dinamarca, numa publicação no Twitter.

“Apoiamos a selecção dinamarquesa totalmente, mas isso não é o mesmo que apoiar o Qatar como país anfitrião” do Campeonato do Mundo, acrescenta a marca de equipamentos desportivos, mostrando um exemplar das camisolas usadas pela equipa, com o logotipo esbatido, quase sem se ver.

A referência da Hummel às mortes reporta para as condições de trabalho dos imigrantes que ajudaram a construir os estádios. Em 2021, foram anunciadas mais de de 6.500 mortes. Já neste ano, a Amnistia Internacional denunciou condições semelhantes a “trabalho escravo”.

O terceiro equipamento da Dinamarca é todo preto e, segundo a Hummel, representa “a cor do luto”.

A marca refere que os equipamentos também foram inspirados na selecção da Dinamarca de 1992 que foi campeã europeia.

Já a Federação Dinamarquesa de Futebol não faz qualquer referência ao protesto, salientando apenas que os equipamentos celebram “o 30º aniversário do maior triunfo do futebol dinamarquês“, isto é, o Europeu de 1992.

A Hummel justifica este protesto nas camisolas com as questões dos direitos humanos que subsistem para lá das condições dos trabalhadores imigrantes. No Qatar, a homossexualidade é crime, os direitos das mulheres são limitados e não há liberdade de expressão.

Contudo, a marca que tem sede na Dinamarca também está a ser criticada porque os equipamentos serão fabricados na China, outro país com “culpas” no capítulo dos direitos humanos. Assim, há acusações de que é apenas uma jogada de marketing para vender camisolas.

O Comité organizador do Mundial do Qatar já contestou a ideia da Hummel de que o torneio tenha vitimado milhares de pessoas.

“Rejeitamos de todo o coração a banalização do nosso compromisso genuíno de proteger a saúde e a segurança dos 30.000 trabalhadores que construíram os estádios do Campeonato do Mundo da FIFA e outros projectos”, refere o Comité em comunicado.

[sc name=”assina” by=”ZAP”]

 


Comentários

Um comentário a “O protesto silencioso, mas poderoso da Dinamarca no Mundial 2022”

  1. Hipocrisia. Quem está no Qatar é colaborante do que se passa. Protestos nas camisolas mas jogam na mesma? Hipocrisia.

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