C‘EST FINI. O sonho marroquino de chegar à final do Mundial 2022 sucumbiu na noite desta quarta-feira aos pés da França.
Os campeões em título, mais experientes nestas andanças, foram matreiros e puxaram dos galões da experiência e da maior qualidade que têm para aplicarem a primeira derrota dos “Leões do Atlas” na prova, graças ao acerto de Théo Hernández e Kolo Muani.
Porém, nada apaga a brilhante campanha de Marrocos – não perdia há dez jogos consecutivos – , que foi a primeira selecção “made in” África a atingir este patamar e que tentou mudar o rumo desta meia-final até, literalmente, ao último instante.
É a segunda vez consecutiva que os actuais campeões mundiais de Didier Deschamps chegam à final.
O duelo do próximo domingo frente à Argentina de Messi será bombástico.
Entrada em falso foi fatal para os marroquinos
Os primeiros minutos foram de pesadelo para Marrocos e começaram antes do arranque da partida. Aguerd – que iria regressar ao “onze” após falhar por lesão o duelo contra Portugal – teve uma recaída no aquecimento e foi riscado à última hora. Achraf Dari foi chamado de urgência e juntou-se a Saïss e a El Yamiq na linha de três centrais que Regragui desenhou.
Com a defesa mais reforçada, os marroquinos desguarneceram o meio-campo. A França entrou a todo o gás e, logo na primeira acção com a bola na área adversária, abriu a contagem decorria o minuto cinco, num lance orquestrado por Griezmann e finalizado por Théo Hernández. Foi o primeiro tento apontado por um adversário e consentido pelos africanos na prova – Aguerd tinha feito um autogolo ante o Canadá na fase de grupos.
Em desvantagem, algo que ocorria pela primeira vez neste Mundial 2022, os “Leões do Atlas” tentaram responder, mas viram Lloris voar e negar o empate a Ounahi (11’).
Foi apenas um laivo, já que o encontro era controlado pelos gauleses, superiorizavam-se nos duelos e na zona do meio-campo – Tchouaméni, Fofana e Griezmann engoliam Ounahi e Amrabat – e iam ditando os ritmos com mestria. O segundo golo ia aparecendo, mas o poste travou uma bomba desferida por Giroud aos 17 minutos.
Desconfortáveis, os magrebinos abriam crateras no espaço entrelinhas – uma das especialidades que travou a Croácia, Bélgica, Espanha e Portugal – e não conseguiam manter a fortaleza que apresentaram nos encontros anteriores.
A situação começou a ser corrigida quando Saïss se lesionou e foi substituído por Amallah. A zona intermédia começou a ganhar tracção e reforços, porém, antes da resposta final, pertenceram aos campeões as melhores ocasiões: aos 36 minutos, Mbappé primeiro e depois Giroud ficaram perto de marcar, e cinco minutos volvidos Varane cabeceou e ficou a centímetros de ampliar a vantagem.
Marrocos ripostou, quando El Yamiq rematou de bicicleta e permitiu a Lloris – contou com o precioso auxílio do poste direito – estragar a festa que os milhares de adeptos marroquinos já se preparavam para fazer. No período de descontos, Hakimi e Ziyech rondaram o alvo adversário.
A vantagem era francesa, mas o resultado estava longe de estar fechado.
Aurélien Tchouaméni encheu o campo e foi o melhor em cena na primeira parte com um remate, dois passes para finalização, 37 acções com a bola, três recuperações de posse, quatro passes progressivos e um GoalPoint Rating de 7.0.
Com alguns sobressaltos para acompanhar a velocidade estratosférica de Mbappé, Marrocos manteve o ímpeto com que terminou a etapa inicial e foi em busca do empate, obrigando os franceses a defender durante longos minutos.
Atitat acelerava pela esquerda e Hakimi fazia o mesmo no flanco contrário, criando várias as situações, sendo que a mais clara ocorreu quando Konaté negou o golo a En-Nesyri aos 54 minutos.
A França sofria e Deschamps foi obrigado a intervir e fê-lo da melhor forma quando Marcus Thuram substituiu Giroud. O avançado entrou para ocupar o lado esquerdo, acelerando no processo ofensivo e ajudando a defender sempre que Hakimi subia no terreno, algo que Mbappé não fazia.
O jogo ficou mais equilibrado e a estocada final ocorreu em mais uma alteração certeira. Kolo Muani entrou para a vaga de Dembélé e, segundos depois, na primeira vez que tocou no esférico, dilatou a vantagem e colocou a França a caminho da final.
No período de desconto Koundé, em cima da linha, impediu o golo a Abde e, segundos depois, todo o “staff” francês irrompeu em êxtase para o interior e festejou a presença no jogo de todas as decisões, para desespero dos milhares de fãs afectos à turma marroquina.
Melhor em campo: Antoine Griezmann
A “performance” do camisola 7 neste Mundial tem sido de excepção e merece ser destacada. Ao talento e criatividade que o consagraram têm incorporado um “plus” nas missões defensivas e têm sido fulcrais na estratégia de Deschamps. Em suma, no decurso desta partida voltou a ter uma exibição de alto calibre, com uma ocasião flagrante criada, oito passes progressivos recebidos, 48 acções com a bola, duas das quais na área marroquina, recuperou a posse em nove ocasiões, contabilizando ainda dois desarmes, duas intercepções, três alívios e sofreu quatro faltas. Número que merecem que tiremos o “chapeaux” ao maestro francês que foi o MVP da partida, com um GoalPoint Rating de 7.4.
Destaques da França
Tchouaméni 7.3
Alguém tem sentido a ausência de Kanté? O culpado é o médio do Real, que tem assumido a responsabilidade e está a ser um dos esteios da França na competição. Esta quarta-feira voltou a ser gigante com um remate, dois passes para finalização, cinco passes super progressivos, três conduções progressivas, dez recuperações de posse e quatro intercepções.
Konaté 7.2
Face à ausência de Upamecano, o central do Liverpool foi chamado e justificou a confiança com um acerto de 91% no capítulo do passe (42 certos em 46 feitos), três passes longos certos em cinco, duas variações de flanco, dois desarmes, cinco intercepções (máximo no jogo), cinco alívios e dois passes/cruzamentos bloqueados.
Marrocos
Jawad El-Yamiq 6.4
Foi a melhor unidade dos marroquinos, com um remate enquadrado – ia marcando um golaço -, registou um acerto de 95% no capítulo do passe – cinco falhados em 92 feitos -, 101 acções com a bola (mais ninguém atingiu estes números), quatro recuperações de posse e um corte decisivo.
Hakimi 5.0
O amigo Mbappé levou a melhor no duelo particular que protagonizaram. Dos números que apresentou esta quarta-feira, destaque para um remate, dois cruzamentos, quatro acções com a bola na área adversária, oito recuperações de posse, 17 perdas de bola, cinco maus controlos de bola e três dribles consentidos.
Resumo
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