Seja ou não José Mourinho, é preciso ter em conta que Fernando Gomes não é – nem pode ser – eterno na federação.
A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) procura um novo seleccionador nacional.
Fernando Santos deixou o cargo, depois de mais de oito anos como treinador da selecção e após mais de 100 jogos (um recorde).
A FPF, no comunicado que confirma a saída do técnico, indica somente que “iniciará agora o processo de escolha do próximo selecionador nacional”. De resto, silêncio para já. O que seria de esperar.
A maioria da imprensa repete: José Mourinho é o preferido para ser o próximo seleccionador nacional.
Mas há entraves. Vários. A começar pela prioridade do próprio Mourinho, que provavelmente acha que ainda não está na altura de deixar a rotina de treinar um clube, para passar a orientar uma selecção (embora o próprio tenha admitido, ainda nos tempos do Real Madrid, que aceitaria logo o cargo – mas se estivesse livre).
O treinador tem contrato com a Roma até Junho de 2024. E já assegurou que está na capital italiana para cumprir “um projecto de três anos” – chegou em 2021, por isso prevê ficar mesmo até 2024.
Outro possível plano da FPF é contar com José Mourinho, mas só a partir do Verão de 2023.
Até lá, Portugal ainda terá dois jogos em Março, na qualificação para o Europeu 2024, perante adversários teoricamente acessíveis (Liechtenstein e Luxemburgo). Com mais dois jogos já em Junho, frente a Bósnia e Islândia.
Rui Jorge pode deixar temporariamente a selecção sub-21 para passar para a selecção principal, antes da – eventual – chegada de Mourinho.
Outros treinadores também aparecem como possibilidade, mas todos têm igualmente contrato com um clube: Jorge Jesus, Abel Ferreira, Leonardo Jardim e Luís Castro.
Os técnicos livres que estarão na lista são Bruno Lage e André Villas-Boas.
Fernando Gomes vai sair
Mas há um aspecto que deve ser recordado quando se fala sobre o futuro seleccionador de Portugal: o futuro presidente da Federação Portuguesa de Futebol.
Há dois anos Fernando Gomes foi eleito presidente para o seu terceiro e último mandato, até ao Verão de 2024. Os estatutos da própria FPF não permitem que o actual presidente lidere a federação depois de 2024.
Ou seja, independentemente da escolha, o contrato que será assinado terá duas possíveis direcções: ou o treinador aceita um contrato de apenas um ano e meio (até ao Euro 2024), ou um contrato mais longo implica “entrar” no mandato do novo presidente.
“E isso não é ético, não é correcto. Fernando Gomes pode estar a contratar um treinador que não entra no projecto do novo presidente, que poderá ter um projecto diferente, outras ideias”, lembrou Pedro Henriques, antigo árbitro e agora comentador na rádio Observador.
[sc name=”assina” by=”Nuno Teixeira da Silva, ZAP” ]
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