O Ministério Público está a investigar as contas bancárias de vários elementos ligados à arbitragem por suspeitas de que receberam subornos do Benfica. Um dos suspeitos é o antigo árbitro de campo Hugo Miguel, actual VAR.
O Correio da Manhã (CM) assegura que o MP “já levantou o sigilo bancário de Hugo Miguel” para analisar as entradas e saídas de dinheiro das suas contas.
Estarão também a ser investigados outros nomes com ligações à arbitragem, tais como os antigos árbitros da Primeira Liga Bruno Paixão, Bruno Esteves e Jorge Ferreira, de acordo com o mesmo diário.
Ferreira Nunes, antigo vice-presidente do Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que era o responsável pela classificação dos árbitros, também estará sob a mira do MP.
O CM lembra que Ferreira Nunes admitiu em tribunal que foi à Alemanha ver um jogo do Benfica com o Borussia Dortmund, na Liga dos Campeões, com bilhete e estadia pagos.
O antigo dirigente do CA terá recebido o convite de Paulo Gonçalves, ex-assessor jurídico do Benfica que foi, recentemente, condenado por corrupção no processo e-toupeira.
O ex-árbitro Adão Mendes é outro dos elementos investigados pelo MP, segundo o CM. O seu nome já aparece no caso dos emails do Benfica, tendo admitido em tribunal que tratava Luís Filipe Vieira por “primeiro-ministro” e que pediu favores a Paulo Gonçalves sobre um caso relacionado com o filho que, na altura, era árbitro.
Além disso, há email onde Adão Mendes se refere a árbitros e ao Benfica como “padres e missas”, como recorda o CM. “Os padres eram os árbitros e as missas eram os jogos”, esclarece.
O antigo observador de árbitros da Liga Nuno Cabral é outro dos suspeitos depois de ter assumido, também em tribunal, que é adepto dos encarnados e que recebeu bilhetes de Paulo Gonçalves para ver jogos no Estádio da Luz, na Holanda e em Itália, com as viagens pagas.
As contas de Pedro Guerra, ex-funcionário do Benfica e actual comentador da CMTV, também estarão a ser investigadas, segundo o CM.
Esta investigação às contas bancárias resultou de dados apurados em escutas telefónicas realizadas ao empresário César Boaventura que está em prisão domiciliária no âmbito da Operação Malapata.
12 jogos sob suspeita
As suspeitas implicam também vários jogadores num esquema de corrupção desportiva que visaria ajudar o Benfica a conquistar títulos.
O MP estará a investigar 12 jogos, entre 2016 e 2019, como avançou a TVI.
Em seis desses jogos, o MP suspeita de subornos a jogadores adversários enquanto nos outros seis, se investigam possíveis incentivos a adversários de FC Porto e Sporting, para que derrotassem estes dois rivais.
Esta investigação às contas bancárias relaciona-se com as suspeitas da operação “Saco Azul” que já levou a deduzir acusações contra a Benfica SAD, Luís Filipe Vieira e o administrador Domingos Soares de Oliveira devido a crimes de fraude fiscal.
Neste processo, o MP contou cerca de 1,6 milhões de euros pagos a uma empresa num esquema de facturação falsa. Mas não foi possível apurar para onde foi esse dinheiro. O MP suspeita que o valor pode ter sido usado nos subornos referidos.
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