Auditor diz que portugueses “querem marcar território” no Brasil (e leva recado de António Oliveira)

António Oliveira, treinador do Coritiba.

O auditor brasileiro Rubens Dobranski está a ser acusado de xenofobia após ter dito que os treinadores portugueses “querem marcar território” no Brasil.

A partida entre Athletico Paranaense e Coritiba, disputada há cerca de um mês, ficou marcado por uma briga entre os jogadores das duas equipas. Houve agressões, invasões de campo e adeptos detidos.

Na conferência de imprensa após o jogo, o treinador do Coritiba, o português António Oliveira, pediu uma punição severa para os envolvidos. Ao todo, nove jogadores foram suspensos. O treinador português também acabou expulso.

“Sou o primeiro a reprovar este tipo de atitude. Nada justifica este comportamento. Tem que ser banido do futebol. Tem que ter rivalidade, sim, mas de forma sadia, que possamos viver a emoção do jogo com respeito”, disse o técnico.

António Oliveira foi ouvido no Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná no julgamento sobre as cenas de pancadaria no jogo referido. O treinador do Coritiba foi absolvido, mas a sua interação com o auditor Rubens Dobranski marcou o julgamento.

“Já tive a oportunidade de assistir jogos em Portugal, no estádio da Luz. Fui ver jogos do Benfica lá em Portugal algumas vezes e estou preocupado porque os técnicos portugueses, que estão trabalhando atualmente no Brasil, parece que estão querendo marcar território. É o caso do treinador do Palmeiras, que chuta baldes de água, microfones, é sempre advertido com cartão amarelo. E, se não me engano, o senhor, quando chegou aqui ao Coritiba, não sei se foi na 4.ª ou na 5.ª rodada, foi suspenso por três cartões amarelos e já cumpriu essa pena, correto?”, pergunta o auditor.

O treinador de 40 anos confirmou e o auditor prosseguiu: “O senhor não acha que está a ser muito ‘reclamão’ com os árbitros aqui do Paraná?”. António Oliveira ainda solta um riso antes de responder à altura.

“Eu na vida não olho a culturas, a raças, a nacionalidades. Mas o doutor acabou de dizer que os portugueses estão a tentar marcar território, mas isso é uma opinião do doutor, não é a minha, respeito-a muito mas não é a minha, cada um é como cada qual”, começou por dizer.

“Não olho a religiões nem a cores, cada um tem a sua índole e educação. Eu tenho a minha e a minha forma de viver o jogo, estou no Brasil desde janeiro de 2020, este é o meu quarto clube e tenho orgulho enorme em ter representado os dois maiores clubes desta cidade”, acrescentou.

Entretanto, a Cáritas Brasileira Regional Paraná denunciou o auditor ao Ministério Público do país por xenofobia. Em declarações ao Globoesporte, Dobranski disse que “não houve a intenção de ofender nenhuma nacionalidade”.

O Athletico-PR e o Coritiba emitiram um comunicado em conjunto para manifestar que “repudiam veementemente as falas xenofóbicas proferidas pelo auditor”.

Através das redes sociais, o Palmeiras também divulgou uma mensagem a repudiar a situação.

[sc name=”assina” by=”Daniel Costa, ZAP” ][/sc]


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