Atletas em cadeiras de rodas foram proibidos de participar na Meia-Maratona de Lisboa. A organização está a ser acusada de discriminação.
O Maratona Clube de Portugal, organizador da Meia-Maratona de Lisboa, emitiu um comunicado a explicar a “não participação de concorrentes em cadeiras de rodas, cadeiras de bebés e outros equipamentos nas provas”.
O facto dos atletas com cadeiras de rodas serem proibidos de participar na prova que se realizou este domingo motivou queixas por parte da Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa.
“Hoje o impensável aconteceu. Quando as cadeiras da Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa estavam a descer das carrinhas, para os utentes e voluntários participarem na Mini Maratona, como já é tradição da associação há mais de 20 anos, o Diretor de prova, no local, deu indicação à PSP para o impedir, dizendo que estavam proibidas as cadeiras de rodas na prova”, lê-se numa publicação da página Iron Brothers Triathlon, no Instagram.
“No século XXI isto é absolutamente inadmissível e é uma violação gritante do princípio da igualdade. É uma discriminação vergonhosa de pessoas com deficiência, quando andaram a publicitar a prova como inclusiva”, lê-se ainda no texto divulgado.
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A organização da Meia-Maratona de Lisboa explicou que a decisão foi motivada por questão de segurança, “devido a incidentes graves ocorridos em edições anteriores”.
“Estas regras foram comunicadas no regulamento das provas e na Sport Expo, que lamentamos se não estiveram claras o suficiente”, frisou o Maratona Clube de Portugal, em comunicado.
“Recordamos que enquanto organizadores de provas, fomos pioneiros na inclusão e, que entre 1998 e 2018, organizámos em Lisboa, em conjunto com a Meia Maratona, 20 edições da prova de deficientes motores em cadeiras de rodas com atletas semi-profissionais de todo o mundo. Não obstante, somos os primeiros a lamentar o transtorno causado aos participantes que hoje se viram privados de participar. Já entrámos em contacto com a Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa e mostrámos a nossa disponibilidade para procurar em conjunto uma forma em que possamos contar com a participação dos seus associados, salvaguardando a segurança de todos o participantes”, justificou ainda o Maratona Clube de Portugal.
Elsa Farinha, que acompanhou os atletas da Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa, lamentou a situação e disse garantiu que será feita queixa.
“Encontrámos um agente da PSP e explicámos a situação. ‘Mas se estão inscritos e têm dorsais podem participar’… Foi o que acabámos por fazer. Não houve passagem da ponte porque a organização acha que cadeiras de rodas são um acessório (só pode), mas fizemos os quilómetros seguintes. E se da organização só posso dizer que foram uma vergonha, só posso enaltecer os vários agentes da Polícia Segurança Pública que fomos encontrando pelo caminho. A todos eles um muito obrigada. E sim, com certeza que será feita a devida queixa”, escreveu Elsa Farinha, no Facebook.
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