Presidente do SC Braga tem ligações ao ex-dirigente da Liga investigado por tráfico humano

António Salvador e Mário Costa terão criado empresa de gestão de jogadores dez meses antes de surgir a Bsports com os mesmos objetivos, mas sem o nome do presidente bracarense associado.

O presidente do SC Braga, António Salvador, terá fortes ligações ao agora ex-presidente da Assembleia-Geral (AG) da Liga de Futebol, Mário Costa, segundo apurou reportagem da CNN.

Indiciado pelos crimes de tráfico de pessoas, auxílio à emigração ilegal e falsificação de documentos, Mário Costa terá criado com o presidente dos minhotos uma empresa de gestão de jogadores apenas dez meses antes da fundação da academia Bsports, altura em que o seu nome terá desaparecido de todas as sociedades de alguma forma ligadas à academia.

Segundo a reportagem, existem outras cinco empresas que a investigação ligou a Mário Costa.

A dona da marca Bsports, Prodígio Fenomenal, é uma delas, acompanhada da Protagonista Versátil, Shadow Believer, Believe2Win e EssentialBelive. Todas elas são participadas entre si e o pai de Mário Costa — Fernando Jorge Costa, também arguido — é ou foi titular ou gerente de todas elas.

Uma dessas empresas — a EssentialBelive — é sócia da Enjoy Oppurtunity, empresa de António Salvador, que por sua vez afirma que a ligação empresarial é, segundo se recorda, “uma parceria na internacionalização, nomeadamente nos países da CPLP”

O filho do presidente dos bracarenses, Diogo Rodrigues, gere alegadamente uma terceira empresa, titular da EssentialBelive e da Enjoy Oppurtunity — a Solid Virtuosity Sports Consulting, companhia de “consultoria” e “marketing desportivo”, mas também responsável pela “organização de jogos amigáveis e estágios” e “gestão de imagens e jogadores”.

Segundo António Salvador, esta empresa “não chegou a iniciar atividade”, tendo o seu filho renunciado à sua gerência em março de 2018.

A Bsports terá sido criada mais tarde com os mesmos objetivos da Solid Virtuosity, mas sem o nome de António Salvador associado a qualquer parte.

Apesar de o nome de Mário Costa não surgir associado a nenhuma destas cinco empresas, o pai do ex-dirigente foi administrador único da EssentialBelieve de 2018 a 2021, ano em que passou a ser gerida por Fábio Moura, sob o novo nome de Trivial Star.

Fábio Moura terá comprado uma sociedade com o nome Britalar a Salvador, tendo começado aí a relação do presidente bracarense com Mário Costa, que terá feito o plano de reestruturação da antiga construtora.

Aliás, terá sido o presidente dos minhotos, de acordo com fonte da Bsports não identificada pela CNN, a introduzir Mário Costa no mundo do futebol e a propor o dirigente para presidente da Assembleia Geral da Liga Portugal, em 2016.

António Salvador, no entanto, nega qualquer relação de negócios com o ex-dirigente da Liga.

Pedro Proença, segundo o Exclusivo da CNN, desconhecia a existência da academia sob a alçada de Mário Costa — uma atividade incompatível com o seu cargo como presdiente da AG da Liga.

“Está aí mais um que raptaram”

“Está aí mais um que raptaram”. Kelly Coiate, ex-formando da Bsports, terá ouvido estas palavras quando chegou à academia de Mário Costa. “Não temos coragem de falar porque estávamos ilegais”, recorda o jovem, que conseguiu fugir da academia em dezembro.

O SEF e o Ministério Público (MP) terão, segundo o JN, relatos de alguns dos atletas menores estrangeiros, que afirmam serem trancados com cadeados, à noite, sem acesso à casa de banho.

Os jovens estariam a viver amontoados em camaratas e terão sido sujeitos a várias medidas disciplinares na academia do dirigente da Liga Portugal.

Alegadamente impedidos de ir à escola, as aulas dos alunos teriam lugar na academia, mas incidiam apenas em matéria de desporto e nutrição, segundo o entrevistado da CNN.

O jovem alega que os passaportes e documentação pessoal seriam confiscados no primeiro dia de chegada à academia, imediatamente no portão das instalações.

O jovem diz que lidava pessoalmente com Mário Costa, a quem dizia não querer ficar mais na academia após perceber que a sua situação não estava regularizada junto do SEF. Entre promessas de contratos e integração em novas equipas, Mário Costa “não aceitava” a sua saída.

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