Dortmund contrata Nmecha – pode não ter sido boa ideia

Felix Nmecha apresentado no Borussia Dortmund

Sucessor de Jude Bellingham já era alvo de críticas dos adeptos do Borussia, semanas antes deste anúncio. É acusado de ser homofóbico.

O Borussia Dortmund anunciou nesta segunda-feira que Felix Nmecha é reforço para a próxima temporada.

Visto como o sucessor de Jude Bellingham, que saiu para o Real Madrid, o jovem alemão de 22 anos assinou contrato até 2028.

O médio-ofensivo cresceu na formação do Manchester City e terá custado 30 milhões de euros ao Borussia.

“Sinto-me mais confortável no centro. Procuro trabalhar muito para a equipa, com e sem bola. Quero jogar com confiança, ter sempre a bola, ser criativo e lutar pela equipa”. Foi assim que o jogador se apresentou.

Mas o ex-Wolfsburgo também abordou outro assunto: as várias críticas ao que publica nas redes sociais, onde é acusado de ser homofóbico.

A criança trans

Há duas semanas o jornal Zeit já destacava “a questão da fé” de um cristão Felix.

O futebolista costuma colocar salmos da Bíblia em publicações nas redes sociais, dizendo publicamente que é um cristão devoto.

Mas também partilha publicações “duvidosas”, como uma de Matt Walsh, autor e homem da rádio que se apresenta nos EUA como um “fascista teocrático”. E não é para criticar ou brincar – é para apoiar algumas ideias.

Um vídeo em particular, publicado por Matt Walsh, originou confusão há uns meses. No vídeo, um pai conta a história do seu filho transexual, que não estava a dormir bem e que um dia confessou que se sentia uma menina, não um menino.

Walsh desvalorizou a situação: “Wow. Uma criança que não dorme bem? Alguma vez tinham ouvido falar disso?”, acrescentando que aquele pai queria mesmo um filho transexual e está a aproveitar-se da situação para publicidade própria.

O novo jogador do Borussia, na altura, partilhou o vídeo e escreveu: “Se não virmos o que há de errado nisto…”.

Logo na altura, choveram as críticas ao jogador e adeptos do Wolfsburgo queriam mesmo a sua saída imediata do plantel.

Na mesma semana, Felix assegurou que não concorda com a maioria das ideias de Matt Walsh porque “ele goza com as pessoas”.

Mas: “Acredito que a Bíblia é a Palavra de Deus e acredito que toda a gente encontra a sua verdadeira identidade numa relação com Ele (incluindo eu). Aproximem-se de Jesus e não se arrependerão”.

“Orgulho” e valores do Borussia

As dúvidas dos adeptos do Borussia Dortmund – quando a contratação ainda não era oficial – aumentaram quando o jogador partilhou um vídeo sobre a iniciativa do Mês do Orgulho na comunidade LGBTQI+. Nessa publicação a palavra “orgulho” aparece associada ao diabo.

“Alguém que partilha este tipo de coisas não se encaixa nos valores do nosso clube“, disse Sebastian Kropp, adepto do Borussia.

De facto, o Borussia Dortmund tem um código de valores. Entre eles: “O Borussia é a casa de todos, independentemente de sua idade, aparência, género, identidade e orientação sexual, cultura, fé, cor de pele, nacionalidade ou origem social”. E vai sempre “lutar por uma sociedade sem racismo, antissemitismo, hostilidade LGBTI+, sexismo, violência e discriminação”.

Um clube de fãs chegou mesmo a enviar uma carta à direcção do Borussia para exigir que este jogador nunca fosse contratado.

Mas Felix Nmecha foi mesmo contratado. E vai certamente ser confrontado por adeptos que enchem o estádio em qualquer jogo.

Para já, as primeiras palavras sobre o assunto: “Acho que algumas coisas foram tiradas do contexto. Sou cristão, amo todas as pessoas e não discrimino ninguém. Espero que os adeptos me dêem a chance de me conhecerem“.

[sc name=”assina” by=”Nuno Teixeira da Silva, ZAP” ]


Comentários

Um comentário a “Dortmund contrata Nmecha – pode não ter sido boa ideia”

  1. Está bom de ver que agora, os tais adeptos defensores da igualdade e do amor universal entre todos, se vão dedicar a ostracizar e fazer “bullying” a este jogador. São uns santos magnânimos, defensores do faz o que eu digo não faças o que eu faço. Movimento “woke”, a elevar os níveis da hipocrisia ignorância e “terraplanismo” de género a alturas nunca antes vistas.

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