O pirata informático é acusado de usar as credenciais da própria Diretora-Geral da AT para entrar no sistema, onde acedeu a mais de 100 diretorias partilhadas.
Rui Pinto terá conseguido entrar no sistema informático da Autoridade Tributária (AT) diretamente a partir das credenciais do email da própria Diretora-Geral, Helena Alves Borges.
O pirata informático terá tido acesso à Direção de Serviços de Investigação da Fraude e de Ações Especiais (DSIFAE), o serviço mais sensível da autoridade que lida com os casos mais sigilosos e que, de acordo com o Jornal de Notícias, tem a cargo um inquérito sobre negócios do futebol de 500 milhões de euros e como principal alvo o superagente Jorge Mendes, também alvo de espionagem por parte de Rui Pinto.
Segundo o Ministério Público (MP), “o arguido conseguiu atingir 122 acessos a diretorias partilhadas contidas nos servidores da Direção de Serviços de Prevenção e Inspeção Tributária, Serviços Centrais, Direção de Serviços de Aveiro e IVA”.
Rui Pinto terá tido acesso às centenas de conteúdos de março de 2017 até, pelo menos, 31 de outubro de 2018, e foi a partir daí que conseguiu ler emails trocados entre vários clubes com a entidade.
“O arguido manteve acesso a estrutura informática da AT pelo menos até 31 de Outubro de 2018, tendo acedido, exfiltrado e guardado nos seus dispositivos vários documentos e mensagens contidos em caixas de correio eletrónico de colaboradores e em estruturas internas do sistema informático”, sublinha o MP.
Segundo o MP, confirma-se as suspeitas: os alvos principais terão mesmo sido o SL Benfica e a Gestifute, de Jorge Mendes, mas o Sporting, Olhanense e Rio Ave também estão entre os “investigados” pelo hacker, que terá pesquisado mensagens relativas a investigações com referências a jogadores de futebol, agentes e empresários.
Do Benfica, terá tentado encontrar um relatório sobre a “compra de bilhetes sem recibo nem fatura”.
Hacker conhece sentença na quinta-feira
Rui Pinto vai conhecer a decisão do julgamento do processo Football Leaks no próximo dia 13, no qual responde por 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada.
Por cima deste processo, o Ministério Público (MP) acusou agora o criador do Football Leaks de cometer, entre 2016 e 2019, um total de 377 crimes relacionados com o acesso aos emails não só do SL Benfica — entre outros clubes —, mas também da Liga, empresas, advogados, juízes, procuradores, Autoridade Tributária e Rede Nacional de Segurança Interna.
Segundo o despacho de acusação, avançado esta sexta-feira pela Sábado e a que a Lusa teve também acesso, estão em causa 202 crimes de acesso ilegítimo, 134 de violação de correspondência, 23 de violação de correspondência agravado e 18 de dano agravado, num total de 377 crimes imputados a Rui Pinto.
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