Ataques em França e na Bélgica, ameaças de bomba, evacuações. Paris vai ser mesmo “o lugar mais seguro”? E passagem por 1972, com… Israel-Palestina.
Este artigo começou a ser escrito antes das evacuações em diversos aeroportos em França.
Na manhã de hoje, quarta-feira, os aeroportos em Lille, Nice, Lyon, Toulouse, Beauvais e Nantes foram evacuados devido a ameaça de atentado.
Não sabíamos que isto ia acontecer precisamente no dia da publicação deste artigo – mas não era difícil prever algo do género.
Há apenas dois dias, na segunda-feira à noite, um atentado terrorista em Bruxelas, na Bélgica, matou duas pessoas.
Voltando a França, na semana passada, um professor foi assassinado por um jovem islâmico, que protagonizou um ataque terrorista numa escola.
Estes dois ataques terão algo em comum: a guerra em Israel.
A investigadora Cátia Moreira de Carvalho, especialista em terrorismo e radicalização, lembra que a defesa da causa palestiniana é “um dos denominadores comuns a vários grupos terroristas islâmicos, que justificam a violência para defender os muçulmanos, incluindo a Palestina nessa justificação”.
E, além da guerra em Israel, o que origina estes ataques? Conflitos sociais internos, dentro do país em causa.
“Em Portugal não é muito visível mas, noutros países, há conflitos sociais por resolver”.
O risco de ataques terroristas na Europa “nunca foi zero, sempre existiu. Mas a guerra em Israel está a acordar esses tais conflitos sociais adormecidos na Europa”, continuou Cátia, na rádio Observador.
Por isso, agora a ameaça é mais elevada. Aliás, além das evacuações dos aeroportos, também o Palácio de Versalhes já foi evacuado (três vezes) nos últimos dias.
São ameaças: “Não é garantia de que algo vai acontecer mesmo na Europa, mas a ameaça é maior agora”.
Como se trava? É complicado, porque aparentemente estes ataques recentes são actos isolados – e isso é um problema para as autoridades porque, se fossem ataques de células terroristas, seria mais fácil travar.
“Sem querer criar pânico, enquanto sociedade devemos estar mais alerta”, comentou Cátia Moreira de Carvalho.
E os Jogos Olímpicos?
Obviamente, os adeptos de desporto – e não só – já terão pensado nos Jogos Olímpicos 2024, que serão em… Paris. Daqui a apenas 9 meses.
A capital de França, que já em 2015 foi o palco do atentado no jornal Charlie Hebdo, teve por estes dias 7 mil soldados especiais pelas ruas, depois do referido ataque na escola.
A sequência de ataques e ameaças em França e na Bélgica estará a criar dúvidas nas pessoas interessadas – ou que já têm mesmo bilhete – nos Jogos Olímpicos de Paris.
No final de Junho, numa entrevista à agência Associated Press, o organizador Tony Estanguet assegurou que Paris será “o lugar mais seguro do mundo” no dia da cerimónia de abertura (26 de Julho).
Deixou mesmo o convite: “Se quiseres estar seguro, anda até Paris para ver a cerimónia de abertura”.
E refira-se que a cerimónia não será como o costume, dentro de um estádio: diversos monumentos vão ser palcos desse momento, com um percurso de 6 quilómetros ao longo do rio Sena, e com centenas de milhares de espectadores.
Houve uma edição dos Jogos Olímpicos marcada por um atentado terrorista: Munique, 1972. O ataque matou 17 pessoas (a maioria israelitas) e foi da autoria de um grupo… da Palestina.
[sc name=”assina” by=”Nuno Teixeira da Silva, ZAP” ]
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