O futebol português está viciado em casas de apostas e a criar vício aos portugueses

FC Porto e SC Braga são patrocinados pelas casas de apostas Betano e Moosh, respetivamente

4,4 milhões euros por dia – é o dinheiro que os portugueses gastam diariamente em apostas desportivas. O futebol é quem mais promove este cenário. 72% dos clubes da primeira liga têm como patrocinador principal nas suas camisolas uma casa de apostas.

Os portugueses gastam 4,4 milhões de euros por dia em apostas desportivas. O cálculo foi feito pelo Jornal de Notícias, com base no relatório do Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ).

Só no primeiro semestre do ano, entraram 799 milhões de euros nos cofres das 13 empresas com licença de jogo legal em Portugal – empresas essas que patrocinam a maioria dos clubes da primeira liga de futebol.

De acordo com o Público, Portugal lidera a lista das ligas – do top 10 da UEFA – mais dependentes das casas de apostas.

Não é de espantar, já que uma dessas casas dá o nome à própria Liga – Betclic. Já nas duas edições anteriores foi a Bwin a dar o nome ao campeonato (como já tinha sido de 2005 a 2008).

Das 18 equipas do principal escalão do futebol português, 13 disponibilizam a frente das camisolas para dar o nome a uma casa de apostas.

O Placard patrocina seis equipas (Boavista, Chaves, Famalicão, Farense, Moreirense, Vitória), a Solverde três ( Estoril-Praia, Rio Ave e Vizela), a Betano duas (FC Porto e Sporting), a Moosh uma (SC Braga) e a ESC Online uma (Casa Pia).

Futebol promove o vício

Tal fenómeno leva, segundo pôde apurar o Público, a que as pessoas se sintam mais confortáveis a apostar – “quanto maior for a publicidade televisiva e desportiva”.

“Devem ser criados ambientes protetores. A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece o vício em jogo a dinheiro como uma doença, e, nesse sentido, associar operadores de apostas à prática desportiva não é saudável (…) Pode ser tão grave como outros vícios com substâncias”, explicou, ao matutino, Raúl Melo, especialista em psicologia clínica do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD).

“Há que abrir este debate importante, para que as diferentes entidades protejam, efetivamente, as pessoas mais frágeis e informem os outros utilizadores destas plataformas”, considerou o especialista.

Em 2022, os apostadores gastaram quase 1,5 mil milhões de euros em apostas desportivas, havendo, neste momento, 3,8 milhões contas registadas.

O futebol é, de longe, a modalidade em que mais se aposta.

Itália – que recentemente teve um escândalo de apostas com jogadores da seleção – e Espanha já proibiram os patrocínios de casas de apostas, na dianteira das camisolas dos clubes de futebol.

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