Tem pouco a ver com o que se passa em campo. Tem muito mais a ver com o seu cérebro, explica especialista.
É frequente: a pessoa fica nas nuvens quando a sua equipa preferida ganha, seja em que modalidade for. Mas fica furiosa quando perde; que ninguém fale com ela.
Porquê?
Foi essa a pergunta que Francisco Zamorano colocou. Um biólogo do Chile que quis entender estas reacções extremas.
E não, não tem a ver com a qualidade da equipa ou com o desenrolar do jogo. Tem muito a ver com o cérebro.
O especialista começa por explicar que os “super-adeptos” até ficam com a sensação de que são jogadores, como se estivessem ali em campo.
“O futebol dá-te algum tipo de valor que tu não tens“, admite, citado na Discover Magazine.
Zamorano – o biólogo, não o futebolista – utilizou uma ressonância magnética nele próprio. E analisou as suas reacções durante jogos do Colo-Colo (que apoia) e o adversário Universidade do Chile.
Descobriu que algumas partes do cérebro só eram activadas quando o Colo-Colo marcava um golo; quando sofria, não ficou com grande sensação de perda.
Mas, obviamente, o estudo tinha de se expandir. 62 adeptos de futebol foram submetidos a ressonâncias magnéticas: entre partes do cérebro mais ou menos activas, quando as equipas dos super-adeptos marcavam, as suas secções de “recompensa” do cérebro eram activadas.
Quando a equipa sofria um golo, em alguns adeptos foi activada a teoria da mente: as regiões do cérebro que nos ajudam a pensar em nós mesmos e nos outros. Quando esta secção do cérebro está mais envolvida, isso geralmente significa que a pessoa fica mais introspectiva; está a lidar com a tristeza ou os sentimentos negativos do momento.
Isto acontece contra equipas “normais”. Mas o que acontece quando o golo é marcado por um grande rival? Uma desactivação do córtex cingulado anterior dorsal – que liga sentimentos e emoções com o resto do cérebro; regula a nossa capacidade de não agir de acordo com as nossas emoções, “desliga” os sentimentos das áreas de racionalização do cérebro.
Provavelmente é isto que acontece com os hooligans, que “claramente perdem o auto-controlo” e tornam-se violentos.
O perigo de uma ligação forte com o desporto – traduzindo, a obsessão por uma equipa – é a possível e provável influência muito forte na identidade da pessoa. As equipas no desporto são muitas vezes um símbolo de nacionalismo ou orgulho cívico.
E faltam ferramentas mentais, quase tratamentos certos, para lidar com a perda.
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