O candidato à presidência do FC Porto levantou dúvidas sobre a venda do Porto Comercial, que acredita que vai desvalorizar o valor global do clube.
Num comunicado contundente, André Villas-Boas expressou preocupações sobre a venda potencial de uma parte significativa da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do clube, uma manobra que pode desvalorizar o valor global do FC Porto.
“O FC Porto já está a ser vendido, vocês é que ainda não viram. Naturalmente, para vender parte da SAD haveria de lançar tema à Assembleia Geral. O que esta direção fez foi vender 30 por cento da Porto Comercial. Receitas comerciais são de 40 a 50 M€. Desvaloriza valor global do FC Porto, porque 30 por cento das receitas já estão isoladas para outro lado”, acusa o candidato à presidência do clube.
Em resposta a estas preocupações, Villas-Boas enviou uma carta à direção do FC Porto, solicitando esclarecimentos sobre estas decisões, e estipulou um prazo de oito dias para receber uma resposta, após o qual planeja mobilizar os acionistas e comunicar diretamente com a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e a SAD do FC Porto.
Villas-Boas criticou a ideia de “vender o FC Porto” como uma estratégia falhada, enfatizando a importância de preservar os valores, a cultura e o legado que distinguem o clube, escreve o Correio da Manhã.
“Os sócios estão a passar ao lado da conversa. Vender o FC Porto não é o caminho. O caminho é perceber a vantagem competitiva que tem enquanto clube de associados. Temos valores, temos cultura, temos história e legado. Um clube de um proprietário não tem este valor, esta cultura”, aponta.
Villas-Boas acredita ainda que este modelo de gestão negligencia o projeto desportivo em favor de interesses financeiros e tem confiança de que é possível encontrar soluções financeiras sustentáveis sem comprometer os interesses do clube.
“Pode ser um caso de polícia”
Villas-Boas também levantou recentemente questões sobre a transparência e gestão do clube, especialmente em relação à alienação de terrenos para a Academia da Maia. Esta questão ganhou destaque após a Câmara Municipal da Maia ter aprovado a venda em hasta pública dos terrenos, ato que foi seguido por declarações controversas do vereador socialista Francisco Vieira de Carvalho sobre a posse e o valor dos mesmos.
Villas-Boas, reagindo às dúvidas levantadas, não poupou críticas à gestão atual, referindo-se a um “chorrilho de mentiras” sobre a posse dos terrenos pela direção do FC Porto e apontando contradições nos comunicados oficiais do clube, que inicialmente diziam que o terreno seria alugado e que agora dizem que será comprado, refere o JN.
“Quando soltei o que sabia sobre a Academia da Maia, o FC Porto dedicou-me um comunicado. Agora falou o vereador da Câmara e a coisa está quente. Pode tornar-se num caso de polícia mais depressa do que na Academia do FC Porto”, aponta.
Villas-Boas abordou também a relação do clube com os Grupos Organizados de Adeptos (GOA), incluindo os Super Dragões, garantindo que não são todos criminosos. Mesmo assim, o candidato quer regulamentar a venda de bilhetes
“Ao longo destes 20 anos, os GOA tomaram conta da bilhética do FC Porto, de quase três setores de uma bancada do Dragão e deixou de haver igualdade de acesso aos associados e adeptos. Quantos passavam horas na fila e era ultrapassados por elementos das claques, que depois saíam de lá com molhos de bilhetes. Isso não é justo”, refere.
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