Villas-Boas tomou posse – e traz trunfo que “largou tudo” para salvar o FC Porto

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O presidente do FC Porto, André Villas-Boas

É o início de uma nova era no FC Porto: André Villas-Boas é, oficialmente, o novo presidente do FC Porto (e traz um trunfo forte para salvar as contas do clube).

42 anos depois, o FC Porto tem um novo presidente.

André Villas-Boas tomou posse, esta terça-feira, 10 dias depois de derrotar Jorge Nuno Pinto da Costa nas eleições.

“Hoje damos início a uma nova era na história do clube”, vincou o novo líder máximo ‘azul e branco’, durante o seu discurso.

A cerimónia começou ao final da manhã, no Estádio do Dragão, no Porto, e consumou a entrada em funções dos novos corpos gerentes para o quadriénio 2024-2028, eleitos em 27 de abril.

“De mim, de toda a minha equipa, garanto-vos empenho, dedicação e amor ao FC Porto. Estamos aqui apenas e só para o servir, com entrega de corpo e alma, trabalho e uma visão que nos transportará para a modernidade, sabendo que o caminho será duro”, notou.

André Villas-Boas sucedeu a Pinto da Costa como presidente da direção do FC Porto, ao passo que António Tavares rendeu José Lourenço Pinto à frente da Mesa da Assembleia Geral e Jorge Guimarães deu lugar a Angelino Ferreira no Conselho Fiscal e Disciplinar.

… e a “peça fundamental” que largou tudo

O administrador da SAD do FC Porto de AVB vai ser – José Pereira da Costa – que era, desde há uma década, diretor financeiro (CFO) da NOS.

Pereira da Costa larga agora esse cargo de topo para tentar endireitar as contas dos azuis-e-brancos – onde, de acordo com a CNN Portugal, vai abdicar de receber prémios, até a situação financeira estar mais estável.

À mesma estação televisiva, uma fonte que trabalhou com o gestor diz que Pereira da Costa é a única pessoa capaz de salvar o FC Porto: “Se ele não conseguir resolver, dificilmente encontrarão alguém que o consiga fazer”.

“[Pereira da Costa] é alguém que se dá muito bem com as equipas, quer laterais, quer diretas. Gosta de cooperar, gere muito bem consensos, tem muita capacidade de obter resultados, não é de conflito, é de gestão“, acrescenta.

André Villas-Boas fala, citado pela CNN, na aposta do novo administrador como “algo nunca visto no futebol português”.

Os objetivos são vários, mas com o clube em falência técnica desde 2016, a nova direção vê como urgente a redução do passivo.

Como detalha o ECO, até 31 de dezembro de 2023, o passivo total do clube era de 499 milhões de euros, com uma dívida financeira superior a 310 milhões.

Mas “atual” direção não agiliza

A SAD de Pinto da Costa está a demonstrar resistência em fazer a passagem de dossiers para André Villas-Boas.

Face aos prazos impostos pelo Código das Sociedades Comerciais e pelo Código do Mercado dos Valores Mobiliários, apenas depois da tomada de posse dos novos órgãos sociais do clube é que poderá ser agendada a convocação de uma Assembleia Geral de acionistas, com 21 dias de antecedência mínima, para a investidura da nova composição da SAD.

Villas-Boas apelou ao bom senso da administração da SAD do FC Porto para que a transferência de poderes seja agilizada: “Faço um apelo ao bom senso da administração da SAD do FC Porto. A vossa renúncia jamais seria considerada como ato de fuga, mas como um ato nobre que vos elevaria“.

“O clube não tem dois presidentes. Tem um só presidente eleito pela vontade expressa dos sócios numa mudança. Atrasar o inevitável é adiar a construção de um clube mais forte e estou seguro de que é isso que vossas excelências desejam”, defendeu.

O mais provável é que o novo presidente tenha de continuar à espera para ter posse dos dossiers do clube, até 28 de maio, retardando a resolução dos mesmos, bem como a preparação da próxima época desportiva.

Pinto da Costa continuará presente

A tomada de posse foi presenciada por Jorge Nuno Pinto da Costa, que, por ter liderado um dos órgãos sociais no último mandato, vai ocupar por inerência o assento que lhe está destinado no Conselho Superior, tal como Lourenço Pinto, em consonância com os estatutos do clube.

“Não existem palavras para descrever e agradecer tudo o que fez pelo FC Porto. O presidente dos presidentes não é metáfora! É memória, respeito e gratidão. Sobretudo, é obra, vitória e glória. [Reúne] Uma folha de serviços única, que traz consigo um pensar vivo e presente: ‘Este é o FC Porto que vos deixo, cuidem dele’. Assim o irei fazer, Jorge Nuno Pinto da Costa. O seu legado é eterno e será sempre respeitado”, prometeu Villas-Boas.

O antigo treinador tornou-se o 34.º presidente da história do FC Porto a 27 de abril, ao totalizar 21.489 votos (80,28%) para se superiorizar nas eleições dos órgãos sociais dos ‘dragões’, quebrando uma sequência de 15 mandatos e 42 anos de Pinto da Costa, que acumulou 5.224 (19,52%), com o empresário e professor Nuno Lobo a somar 53 (0,2%).

O ato eleitoral mais concorrido de sempre do clube contou com a participação de 26.876 associados no Estádio do Dragão, tendo havido também 73 votos em branco e 37 nulos.

A inédita eleição de André Villas-Boas, de 46 anos, dita o fim do ‘reinado’ presidencial de Pinto da Costa, de 86 anos, que foi empossado pela primeira vez em 23 de abril de 1982, tornando-se, desde então, o dirigente com mais títulos e longevidade do futebol mundial.

Ao longo de 15.355 dias, e entre todos os escalões, o FC Porto de Pinto da Costa arrebatou 2.591 títulos em 21 modalidades – 68 dos quais no futebol sénior masculino, incluindo sete internacionais.

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