50 anos e milhões de “carteirinhas” depois, a Panini não nos traz os cromos do Euro 2024. Guerra aberta por trás das cortinas: há duas cadernetas — e ambas vão estar incompletas para sempre.
Tudo a postos para mais um Campeonato da Europa, que arranca esta sexta-feira na Alemanha, e a novidade mais drástica está provavelmente nos bastidores.
Colada para sempre na mente de muitos nós está uma imagem nostálgica da nossa infância, que remete para as coleções de cromos da bola, das quais o Europeu sempre fez parte.
Era, para muitos miúdos e graúdos, uma verdadeira excitação rasgar aquelas “carteirinhas”, na esperança que nos saísse um craque ou outro que ainda não tínhamos colado na caderneta, depois de lhe tirar o papelinho traseiro com a ponta da unha do polegar.
As centenas de “carteirinhas” compradas, as trocas de cromos repetidos com os colegas da escola e as listas que fazíamos com os números dos cromos que faltavam para acabar a caderneta — um objetivo que às vezes parecia impossível de alcançar — preenchem essas memórias. Todas elas com um nome no cabeçalho: Panini.
No entanto, por trás da cortina, uma feia e azeda guerra de licenças e direitos de imagem veio estragar a alegria das coleções de cromos.
Cadernetas incompletas para todos
A empresa italiana, à frente dos cromos do Euro há quase 50 anos — era a fornecedora oficial da competição desde a edição da Jugoslávia, em 1976 — perdeu os direitos de imagem para a norte-americana Topps.
O problema é que, apesar de a Topps ter conseguido garantir o fornecimento oficial da competição, a Panini manteve as licenças de seleções sonantes, entre as quais Inglaterra, Espanha, Alemanha e Itália.
O resultado? Uma caderneta do Euro 2024 incompleta para todos — e não é por falta de cromos raros para a completar.
“O antigo parceiro do torneio [Panini] bloqueou certas partes da coleção, em detrimento dos fãs, atira à Newsbeat um representante da Topps, impedida de incluir vários jogadores na coleção deste ano.
“Ao contrário do antigo parceiro, temos um compromisso com os fãs e acreditamos que oferecer-lhes autocolantes e cromos, de antigos e novos jogadores, pode continuar a deixar toda a gente entusiasmada para o torneio”, diz, citado pela BBC.
Como a Topps finta as regras
Uma das soluções encontradas pela empresa é a utilização da bandeira dos países em falta na coleção, em vez das suas federações. Nos cromos, não podem aparecer os equipamentos das equipas sem licença: só aparecem as caras dos jogadores.
No entanto, há casos em que a Topps nem sequer tem licença para usar a imagem do jogador, que deixa, assim, de constar no plantel da sua seleção nacional. A alternativa são cromos “lendários” (com jogadores lendários).
Panini não desiste
Enquanto a Topps tem quase todas as licenças, a Panini não pode usar a imagem oficial do Euro — não é a caderneta oficial da competição. No entanto, continua a oferecer uma caderneta ao Público, a FIFA World Class 2024.
Abrindo na página da seleção portuguesa, por exemplo, encontramos os “cromos P.”. Licenciados, só Brasil, Alemanha, Argentina, França, Uruguai, Inglaterra e Espanha.
[sc name=”assina” by=”Tomás Guimarães, ZAP” url=”” source=”” ]
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