Tratado luso! Portugal venceu e convenceu frente à Turquia, conseguindo um resultado claro de 3-0, o apuramento para os oitavos-de-final do EURO 2024 e o primeiro lugar do Grupo F.
A formação das “quinas” entrou com uma estratégia clara, de controlo do jogo, passe curto, ataque pela certa e muita paciência. E resultou. Os turcos acabaram por se desorganizar, marcaram até um autogolo caricato e nunca tiveram argumentos para contrariar uma equipa que sabia o que queria, ditava os ritmos do jogo em seu benefício e não deixou dúvidas quanto ao desfecho.
Sem espinhas
A primeira ocasião pertenceu a Cristiano Ronaldo, ao segundo minuto, num remate de primeira que Altay Bayındır agarrou. A primeira flagrante foi turca, com Kerem Aktürkoğlu (6′) a desperdiçar um xG de 0,41.
A estratégia de Portugal passava por controlar o meio-campo, acalmar o jogo de vertigem da Turquia com passes e muita calma, mas os turcos iam criando situações pelo seu flanco direito, aproveitando o facto de Rafael Leão ajudar pouco Nuno Mendes, com o lateral, a sentir dificuldades para travar quem lhe aparecia pela frente.
Só que a paciência lusa acabou por dar frutos. Mendes e Leão, no ataque, são letais, combinaram bem, a bola chegou a Bernardo Silva na área e este atirou forte para o 1-0, decorria o minuto 21. E aos 29 o 2-0 num lance caricato, com Samet Akaydin a atrasar para o seu guarda-redes, mas a falhar e a fazer autogolo. Primeira parte tacticamente perfeita.
O segundo tempo trouxe rapidamente o 3-0. Rúben Neves fez um passe fantástico que isolou Cristiano e este, nada egoísta, ofereceu um tento fácil a Bruno Fernandes. Um tratado de Portugal frente a uma Turquia sem argumentos para aplicar a intensidade habitual do seu jogo e, a partir daqui, a turma das “quinas” passou a controlar o jogo e o esforço. Apuramento para os oitavos-de-final e primeiro lugar garantidos.
O Jogo em 5 Factos
CR7 assistências – Com a assistência deste jogo para o tento de Bruno Fernandes, Cristiano Ronaldo chegou aos sete passes para golo em campeonatos da Europa, máximo desde que há registos (1968).
xA que é o máximo – Ronaldo, aliás, passou a liderar em Expected Assists (xA) num só jogo neste EURO, tendo atingido 1,01, acima dos 0,92 do romeno Dennis Man ante a Ucrânia.
Poucos remates enquadrados – Apesar do 3-0 final, a verdade é que Portugal apenas enquadrou três dos seus disparos, tantos quanto a Turquia. Os seis finais são o segundo valor mais baixo num jogo deste EURO.
Eficiência elevada – Portugal criou somente 1,8 Golos Esperados (xG), mas marcou por três vezes. É certo que um deles foi autogolo, mas com este registo, os lusos tiveram uma eficiência de 1,2, terceiro valor mais elevado da prova.
Turcos fora da área lusa – A formação das “quinas” esteve muito sólida a defender, o que manteve os turcos fora da sua área. Esse facto nota-se em duas estatísticas importantes: dos 11 remates realizados pela Turquia sete foram realizados de fora da área; Portugal somou 31 acções com bola na área contrária, os turcos menos de metade (13).
Melhor em campo
Jogo de craque por parte de Bernardo Silva, que ainda não somava qualquer acção para golo em Mundiais ou Europeus. O jogador do City fez esteve a um nível altíssimo, e não apenas pelo golo que marcou. Trabalhou muito, combinou com os colegas e decidiu quase sempre bem. O GoalPoint Rating de 8.1 é fruto, igualmente, de uma ocasião flagrante em quatro passes para finalização (máximo), nove passes progressivos (valor mais alto), sete progressivos recebidos, oito acções com bola na área contrária e muita magia.
Destaques de Portugal
Bruno Fernandes 6.9
Belo jogo do médio, em especial na segunda parte. Voltou a marcar (o 3-0), foi, com Ronaldo, o mais rematador, com quatro disparos, fez seis passes progressivos, duas conduções super progressivas e ganhou oito de 13 duelos individuais.
Diogo Costa 6.8
Das poucas vezes que a Turquia importunou o guardião luso, este esteve em bom plano. Diogo Costa fez três defesas e evitou quase um golo (0,7, defesas – xSaves).
Cristiano Ronaldo 6.5
Assim sim. Ainda não marcou, mas está a jogar como quase nunca o vimos pela selecção, completamente para o colectivo e nada egoísta. O capitão fez uma assistência, tornando-se o jogador com mais passes para golo na história dos EUROs (7), fez quatro remates, três passes para finalização, somou oito acções com bola na área (um dos máximos), completou dois de três dribles e ganhou dois de três duelos aéreos ofensivos.
Nuno Mendes 6.3
O lateral-esquerdo começou por ter muitos problemas, uma vez que não tinha a devida ajuda de Rafael Leão, mas foi subindo de produção. Esteve na origem do 1-0, errou só quatro de 49 passes e acumulou excelentes 12 acções defensivas, com destaque para quatro desarmes.
Pepe 6.2
Saiu perto do fim sob um enorme aplaudo das bancadas, entre portugueses e turcos. Pepe fez um jogo de grande nível, com apenas dois passes errados em 59, mais 82 acções com bola e registou sete alívios.
Rúben Dias 5.8
Sem complicar e sem comprometer, Rúben Dias registou o máximo de passes certos (83) e tentados (89) e o valor mais elevado de acções com bola, nada menos que 103, mais 21 que o segundo.
Vitinha 5.7
O médio do PSG não esteve tão exuberante quando no último jogo, mas foi muito importante, terminando com 92% de eficácia de passe e nove recuperações de posse, um dos máximos.
Rafael Leão 4.8
O atacante parece um pouco desligado da dinâmica da equipa. Esteve envolvido no lance do 1-0, é certo, e acumulou quatro conduções progressivas, mas perdeu sete de 11 duelos, realizou um só remate (desenquadrado) e não teve êxito em nenhuma das quatro tentativas de drible. Viu o segundo amarelo do torneio por simulação e está fora do último jogo da fase de grupos.
Resumo
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