Há 5 teorias de equipa que podem decidir o vencedor do Euro 2024

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O torneio de futebol masculino do Euro 2024 da UEFA é um evento que celebra a grande habilidade e o atletismo.

Mas é também uma oportunidade para as equipas nacionais demonstrarem a importância da liderança e do trabalho de equipa na sua busca pelo sucesso.

Conceitos como a confiança, a harmonia e a capacitação estarão em evidência.

Enquanto os golos são marcados e os jogos são ganhos e perdidos, eis cinco teorias de construção de equipas que podem dar pistas sobre quem acabará por triunfar.

1. Os melhores jogadores

Uma teoria há muito estabelecida sobre o trabalho em equipa (de 1920) é o “efeito Köhler“, que descreve uma tendência para os membros de uma equipa terem um desempenho ao nível médio do grupo. Isto significa que os membros com baixo desempenho são motivados a melhorar – mas também que os membros com alto desempenho podem acabar por descer de nível.

Para contrariar este efeito, é crucial manter os padrões, e a responsabilidade por isso recai muitas vezes sobre as maiores estrelas. Jogadores como Cristiano Ronaldo (Portugal), Kevin De Bruyne (Bélgica), Kylian Mbappé (França) e Harry Kane (Inglaterra) não devem adaptar-se ao nível médio da equipa, mas sim motivar os seus colegas de equipa a atingir níveis mais elevados.

Os grandes nomes não só devem concentrar-se no seu próprio desempenho, como também devem ser mentores dos seus companheiros menos experientes, sobretudo quando as coisas se afiguram difíceis.

2. Dar poder aos jogadores

Outro conceito a ter em conta é o “efeito Ringelmann“, que se baseia numa experiência de 1927 com um cabo de guerra. Esta experiência demonstrou que a adição de mais participantes a uma equipa acabava por reduzir os níveis de esforço individual, devido à diminuição da responsabilidade e da visibilidade.

Este é um risco potencial para as equipas de futebol, onde os jogadores são por vezes acusados de se “esconderem” – ou de não estarem presentes – durante os jogos. Em vez disso, os treinadores podem procurar dar poder aos seus jogadores e dar-lhes um forte sentido de responsabilidade.

Alguns treinadores parecem querer dar aos seus jogadores um papel na decisão sobre a forma de abordar os jogos e os treinos. Como explicou o treinador da Inglaterra, Gareth Southgate:

“Gosto que os jogadores tenham responsabilidade – que pensem no que lhes estamos a pedir para fazer; que tenham uma opinião sobre a forma como lhes pedimos para jogar e a forma como lhes pedimos para treinar.”

O objetivo aqui é desenvolver as capacidades de liderança dos jogadores, para que eles se apropriem das suas próprias decisões e do seu desenvolvimento pessoal.

3. Confiança

A investigação identificou a confiança como um elemento-chave do desempenho de uma equipa. Quando um líder de equipa e os outros membros confiam nas competências e capacidades uns dos outros, isso aumenta a confiança e a cooperação – e o desempenho da equipa.

No mundo do futebol, Ronaldo e Mbappé destacaram-se individualmente e demonstraram grande confiança nas suas próprias capacidades. No entanto, é possível argumentar que só alcançaram o sucesso na seleção nacional quando começaram a confiar em outros jogadores, como o português Éder, que marcou o golo decisivo na final do Euro 2016, e Olivier Giroud, que marcou vários golos cruciais para a França.

Quando os treinadores e os melhores jogadores confiam nos seus colegas de equipa, a confiança dos membros da equipa aumenta e estes retribuem essa confiança com um maior empenho e motivação.

4. Valores

Uma teoria de gestão popular defende que as decisões e o comportamento dos líderes devem basear-se nos seus valores pessoais, a fim de criar uma cultura de equipa favorável e motivadora. Uma adaptação desta abordagem antes do Euro 2020 foi feita pelo selecionador dinamarquês Kasper Hjulmand, que conversou em profundidade com cerca de 30 pessoas de várias origens, incluindo políticos, empresários, artistas e atletas. Hjulmand disse que queria compreender melhor os valores da sociedade dinamarquesa, como a diversidade, a tolerância e o respeito.

“Tudo começa com quem somos” foi o ponto de partida de Hjulmand quando se tornou selecionador da Dinamarca. Esta abordagem ajudou-o a criar uma filosofia de futebol que foi particularmente útil durante o último Euro, quando um dos seus principais jogadores, Christian Eriksen, sofreu um ataque cardíaco em campo. Confiar em valores partilhados e no apoio mútuo ajudou certamente a equipa a lidar com essa experiência chocante e até a chegar às meias-finais.

5. Inimigos e conflitos

Outro fenómeno de team building ocorre quando os membros de um grupo se unem contra um inimigo comum. No caso do futebol internacional, este inimigo pode ser a crítica dos especialistas ou as intermináveis críticas nas redes sociais sobre a seleção de jogadores e as tácticas. A investigação sugere que, por vezes, as críticas podem ser uma força unificadora, uma vez que os membros da equipa formam laços mais fortes como reação a esta negatividade externa.

Mas mesmo os laços mais fortes podem quebrar-se sob imensa pressão. As equipas com fraco desempenho sofrem frequentemente de conflitos pessoais, que podem levar a desentendimentos e a uma cultura tóxica.

Os treinadores do Euro 2024 terão de trabalhar arduamente para criar um bom ambiente nas suas equipas e para o manter à medida que as expectativas aumentam. No entanto, para a maioria das equipas e dos seus adeptos, o evento acabará por terminar com algum grau de desilusão.

É nesta altura que os desafios da liderança e da construção de equipas são talvez maiores – quando os treinadores e os jogadores tentam recuperar e manter os seus níveis de confiança e motivação, enquanto iniciam o longo processo de qualificação para o próximo grande torneio internacional.

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