E faz bem em não escrever. Muitos recomendam aos atletas períodos de abstinência sexual antes de competições desportivas, mas a ciência apoia Gaúcho.
Energia, reação, estímulo, resposta e, às vezes, agressividade.
O mais famoso pugilista do mundo, Mike Tyson, guardava todos estes para o ringue e não os teve no quarto durante muito tempo, disse numa entrevista a Graham Bensinger há oito anos atrás.
O pugilista confessou que chegou a acreditar, no início da carreira, que a abstenção sexual melhoraria a sua performance na (outra) hora H e por isso não fez sexo durante cinco anos — e não estava sozinho.
Muitos acreditam que a acumulação de toda a energia sexual através da abstinência é mais tarde libertada durante a competição, elevando as hipóteses do atleta de sair vencedor.
O rei do “joga bonito”, Ronaldinho Gaúcho, não concordava. Durante o seu auge, no Barcelona, “fazia frequentemente sexo mesmo antes dos jogos”, confessou à revista Playboy em 2013.
“Não era um problema, mas sim um benefício. Deixava-me mais feliz antes de entrar em campo”, confessou. E safou-se de boa.
O brasileiro saiu do Barcelona em 2008 e no ano seguinte chegou ao comando dos blaugrana um grande treinador que tinha uma regra inquebrável: nada de ‘brincadeira’ após a meia-noite em vésperas de jogo.
Pep Guardiola fazia mesmo tudo por Messi: a abstinência de madrugada ajudava La Pulga a fintar lesões musculares, argumentava o técnico espanhol.
Vamos à verdade: Guardiola tem razão?
A ciência comprova que o atual técnico do Manchester City está errado. O sexo tem efeitos altamente positivos para o corpo e para a mente — e pode até melhorar o desempenho desportivo.
A atividade sexual não só estimula a o sistema cardiovascular e a circulação sanguínea, como também pode aliviar o stress, a dor e, para muitos, ajudar a adormecer, conduzindo a uma boa noite de descanso antes da competição.
É tudo uma questão de hormonas, como descobriram, em 1966, o casal de cientistas William Masters e Virginia Johnson, que dividiram a resposta sexual em quatro fases.
A primeira fase é a excitação, recheada de adrenalina, que aumenta a pressão arterial, e de dopamina, que traz euforia ao momento. A testosterona e o estrogénio entram em ação para mostrar o desejo sexual.
Na segunda fase, de planalto, a oxitocina — também conhecida como a “hormona do carinho” — entra em ação e atinge o seu pico de atividade no orgasmo, altura em que a prolactina traz um sentimento de saciedade.
Esta última é a única que pode ser, eventualmente, uma ameaça à performance do atleta. “Permanece elevada até uma hora depois do sexo”, confessa o psiquiatra e psicoterapeuta Michael Siebers à DW. O seu efeito calmante parecia não piorar a performance de Ronaldinho, mas não somos todos iguais.
Alguns estudos verificaram também que o sexo pode enfraquecer ligeiramente os músculos das pernas e, assim, deixar os atletas que tiveram sexo antes de competir mais lentos ou mais fracos.
Sexo produz “canábis” — e isso pode ser bom
É preciso lembrar: o sexo é uma atividade física só por si e, por isso, aumenta a aptidão física.
Mas é na mente que o sexo pode ter os efeitos mais positivos para o desempenho desportivo.
Endocanabinoides, substâncias semelhantes à canábis produzidas naturalmente pelo nosso corpo, são muito possivelmente ativadas não só durante a atividade física, mas também durante o sexo. Trazem uma sensação de euforia que nos faz “sentir menos medo, menos dor e maior sensação de calma”, explica o especialista.
[sc name=”assina” by=”Tomás Guimarães, ZAP” url=”” source=”” ]
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