Um novo artigo teoriza que a natação não era incluída para travar a participação de pescadores nos jogos, seguindo a linha elitista da competição.
Apesar de os antigos gregos serem nadadores prolíficos, a natação nunca chegou a fazer parte do programa dos Jogos Olímpicos originais, realizados entre os séculos VIII e IV a.C.
Esta omissão histórica tem deixado os historiadores perplexos, tendo em conta que a natação era uma habilidade muito apreciada pelos gregos.
Na Grécia Antiga, ser incapaz de ler ou nadar era um insulto comum, o que realça a importância da competência na natação. A exclusão da natação levou os académicos a especular sobre as possíveis razões por detrás desta decisão.
Uma teoria apresentada por alguns historiadores é que os desportos olímpicos tinham de ter relevância militar e a natação não se enquadrava neste critério.
No entanto, esta explicação é fraca, uma vez que os relatos históricos de Heródoto descrevem soldados gregos a nadar para fugir durante as guerras persas e nadadores a entregar mantimentos durante a Guerra do Peloponeso, escreve o IFLScience.
Um novo artigo do investigador Edward Clayton, publicado na Athens Journal of Sports apresenta uma hipótese alternativa e sugere que a natação foi excluída devido a considerações sociais e de classe e que a participação de pescadores ou trabalhadores que nadavam como parte do seu trabalho diário teria entrado em conflito com a natureza elitista dos Jogos.
Clayton explica que os trabalhadores, designados por “banausoi”, eram vistos como não tendo a “arete” — a excelência da alma, uma qualidade que se acreditava ser inerente à classe aristocrática — necessária para competir como verdadeiros atletas.
Aristóteles e outros pensadores acreditavam que as atividades realizadas para obter ganhos económicos degradavam tanto o corpo como a alma. Por conseguinte, qualquer desporto que pudesse ser dominado por estes trabalhadores não podia ser considerado para os Jogos Olímpicos.
Além disso, os gregos antigos acreditavam que a beleza física era um reflexo da arete, e mostrar essa beleza era uma componente essencial dos desportos olímpicos. Este facto é evidente na tradição de os atletas competirem nus, permitindo que a sua excelência física fosse plenamente apreciada. A natação, no entanto, obscurecia a visão dos competidores.
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