Foi esta a melhor final olímpica em Paris? Quase impossível pedir mais emoção

Tatsuru Saito desolado depois de perder com Teddy Riner

Surpresas, escândalo na modalidade, reviravolta histórica e um sorteio que calhou exactamente como os franceses queriam.

O judo não é propriamente a modalidade com mais praticantes e seguidores em Portugal. Mas já começou a chamar a atenção ao longo deste secúlo (também) por causa dos Jogos Olímpicos.

As medalhas de Nuno Delgado, Telma Monteiro, Jorge Fonseca e agora de Patrícia Sampaio começaram a despertar a atenção de mais portugueses.

Muitas dessas pessoas terão visto – ou terão pena de não ter visto em directo – a final de judo por equipas em Paris 2024, que fica para a história.

No pavilhão estavam os dois países mais fortes na modalidade: França e Japão. Aliás, foi a repetição da final de Tóquio 2020, edição que marcou a estreia deste formato por equipas.

Nessa altura, a “jogar em casa”, o Japão foi derrotado por esclarecedores 4-1. Quase um escândalo nacional, que agora os japoneses queriam reverter na casa dos franceses.

E parecia mesmo que ia acontecer, neste sábado. Murao derrotou Ngayap Hambou (como se esperava) e Takayama venceu Dicko (primeira surpresa).

Um inesperado 2-0 para o Japão e “só” faltavam mais duas vitórias, numa final à melhor de sete.

Depois, o histórico e essencial Teddy Riner cumpriu o guião e levou a melhor sobre Saito. 2-1, a França reduziu.

Tsunoda voltou a colocar o Japão com vantagem de dois combates ao, sem surpresa, derrotar Cysique. 3-1. Faltava apenas uma vitória para os japoneses, que ainda tinham três oportunidades para ficar com a medalha de ouro.

Com outras palavras: parecia ganho para o Japão. É que a seguir quem apareceu em cena foi o japonês Hifumi Abe, bicampeão olímpico, tetracampeão mundial; um “super-campeão” que quase de certeza ia ganhar (até porque é raro perder um combate).

Problema: não ganhou. Foi preciso recorrer ao “ponto dourado”, foram quase 10 minutos de combate, mas o francês Gaba – com alguma ajuda dos árbitros, que poderiam ter atribuído um terceiro castigo ao judoca da casa – surpreendeu todos e ganhou. Quase um escândalo na modalidade.

A perder por 3-2, Agbegnenou tinha que vencer para a França ainda seguir na luta pelo título. E conseguiu. Derrotou Takaichi.

Com 3-3 no marcador geral, foi preciso realizar um sétimo combate.

Antes da final, já se sabia que estes seis combates estavam divididos por categorias de peso: -90kg, +90kg e -73kg (homens), +70kg, -57kg e -70kg (mulheres).

Seis categorias, sete combates. Como se define o último duelo? Por sorteio.

Os franceses queriam, obviamente, que a categoria sorteada fosse +90kg masculinos porque “sabiam” que o recordista Teddy Riner iria ganhar.

O que ditou o sorteio? +90kg. Pavilhão louco, a adivinhar o que aconteceria a seguir: Riner venceu mesmo Tatsuru Saito e despediu-se dos Jogos Olímpicos como herói nacional. Outra vez.

Surpresas, escândalo na modalidade, reviravolta histórica, equilíbrio, cinco dos sete combates decididos no “prolongamento” – e um sorteio que calhou exactamente como os franceses queriam. E Hifumi Abe a chorar, sentindo-se responsável por este desfecho.

A França venceu o Japão por 4-3 e ficou com a medalha de ouro no judo por equipas, nos Jogos Olímpicos Paris 2024.

A final acabou quase uma hora e meia depois de ter começado…

[sc name=”assina” by=”Nuno Teixeira da Silva, ZAP” ]


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