Pedro Pichardo ficou a dois centímetros do ouro olímpico nos Jogos Olímpicos Paris 2024. A medalha de prata sabe a pouco para o anterior campeão olímpico da modalidade que se queixa da falta de apoios em Portugal.
O atleta originário de Cuba que escolheu representar Portugal foi o segundo melhor do triplo salto com um salto de 17,84 metros.
O pódio foi preenchido por completo por saltadores que nasceram em Cuba – embora Cuba não tenha ganho nenhuma medalha. O espanhol Jordan Díaz (17,86) ficou com o ouro e o italiano Andy Díaz (17,64) com o bronze.
A prata soube a pouco a Pichardo que depois de não ter conseguido revalidar o ouro olímpico conseguido em Tóquio, em 2020, admitiu até terminar a carreira.
“Os últimos anos têm sido complicados”, também com “problemas” no Benfica, o clube de que faz parte. “Infelizmente, em Portugal, não temos apoio das instituições”, queixou-se ainda Pichardo. “O Governo também só olha para o futebol“, acrescentou.
“Nós somos atletas que temos que estar aqui, mas não temos apoio nenhum”, continuou o atleta.
“Em Portugal, é só futebol”
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, esteve no Stade de France a assistir à prova de Pichardo. E o saltador disse que o governante devia ver se o Governo consegue “dar apoio aos atletas fora do futebol”.
“Eu sei que em Portugal, é só futebol, mas somos também atletas, precisamos também de um bocadinho. Não estamos a pedir muito, mas um bocadinho daquilo que dão ao futebol, acho que um bocadinho para nós é suficiente”, realçou ainda Pichardo.
O atleta ainda agradeceu o apoio da Câmara de Setúbal e da Federação Portuguesa de Atletismo, mas lamentou que “as coisas não têm corrido bem”, notando que a pista onde treina em Setúbal, “não está em boas condições”.
“A Câmara de Setúbal liga para o clube para pedir apoio para andar a emendar os buraquinhos. A tábua não está boa, a caixa de areia não está boa, o ginásio não está”, notou, salientando que “é complicado”.
“De segunda a sábado, todos os dias aquele treino, com falta de apoio, com falta de condições, também não é fácil”, concluiu.
“Que a directora do Benfica me deixe em paz”
O atleta também falou da sua situação no Benfica, notando que espera reunir-se com o Presidente Rui Costa “para encontrar soluções”. “E espero que a directora do clube me deixe em paz“, atirou.
As más relações entre Pichardo e a directora do departamento de Atletismo do Benfica, Ana Oliveira, são antigas e terão levado o atleta a evitar treinar nas instalações do Benfica.
Mas os desentendimentos com o clube envolvem também um sentimento de falta de apoio, nomeadamente no âmbito da polémica com Nélson Évora.
“Nem parece que sou atleta do clube”, chegou a desabafar Pichardo.
No meio disto tudo, especulaou-se que Pichardo poderia trocar o Benfica pelo Sporting. Mas o atleta assegura quer “ficar no Benfica, mas com melhores condições” – “e que a directora me deixe em paz”, reforçou.
“Vou treinar, vou competir pelo clube, mas não quero ter contactos com a directora“, salientou, notando que Rui Costa lhe garantiu que vão “reunir depois dos Jogos Olímpicos”.
Aos 31 anos, Pichardo disse ainda que está “velho” e que já não tem “a mesma emoção do começo” quando vai treinar. “Eu preciso ir treinar com uma boa estrutura”, destacou, sublinhando que tem “conquistado resultados para ter uma estrutura”, mas desabafando que “em Portugal, está difícil”.
“Ouro perdido” por erros próprios
Mas Pichardo também admitiu que cometeu “vários erros” na final do triplo salto em Paris.
“Acho que foi um ouro perdido. Perdi por dois centímetros e nos primeiros saltos estava a saltar a 20 centímetros da tábua. Bastava só saltar na tábua e acho que ganhava, mas, infelizmente, nesta competição não se podem cometer erros e eu cometi vários”, apontou.
“No final, paguei e perdi a medalha de ouro”, referiu ainda, assumindo que “custa muito”. “Mas é a vida”, concluiu.
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