A FIFA está a ser pressionada para banir o gesto do sinal da cruz dos jogos de futebol. Um clérigo muçulmano, com grande influência no mundo árabe, assume publicamente a sua discórdia com o gesto, que é associado à religião cristã.
Mohammed Alarefe, conceituado líder muçulmano saudita, deixou no seu perfil do Twitter, onde tem milhares de seguidores, uma pergunta – que é na realidade uma forma de alertar a FIFA para a importância de não ferir a sensibilidade dos adeptos árabes.
“Vi videos de atletas, de jogadores de futebol a correr, a disparar, e quando ganham, fazem o símbolo da cruz nos seus peitos, e a minha pergunta é se as regras da FIFA não o proíbem”, escreve Alarefe, segunda a tradução do The Daily Mail.
رأيت مقاطع لرياضيين " كرة قدم، سباق جري، رمي سهام، .. "
إذا فاز أحدهم أشار لصدره إشارة الصليب!
سؤالي:
أليس نظام فيفا يمنع الإشارات الدينية؟— د. محمد العريفي (@MohamadAlarefe) May 5, 2017
Esta espécie de pergunta pode ser vista como uma forma de pressionar a FIFA, numa altura em que o futebol mundial depende fortemente do dinheiro investido por bilionários do Médio Oriente.
Vários grandes clubes europeus são propriedade de xeiques árabes, como são os casos do Manchester City, que foi comprado por Mansour bin Zayed Al Nahyan dos Emirados Árabes Unidos e membro da família real de Abu Dhabi, e do Paris-Saint Germain, que é detido por Nasser Al-Khelaifi do Qatar.
Além disso, vários outros emblemas têm patrocinadores do Médio Oriente, nomeadamente o Real Madrid que tem como primeiro parceiro comercial a Emirates, a companhia aérea do Dubai, que em Portugal assinou em 2015 um patrocínio milionário com o Benfica, no qual os encarnados recebem da transportadora 8 a 10 milhões de euros por época.
Recentemente, o clube de Cristiano Ronaldo anunciou que vai retirar a tradicional cruz cristã do emblema das camisolas vendidas em alguns países do Médio Oriente.
A decisão foi tomada no âmbito de um acordo comercial com uma marca dos Emirados Árabes Unidos, que vai fabricar, distribuir e vender os equipamentos oficiais do clube espanhol neste país, na Arábia Saudita, no Qatar, no Kuwait, no Bahrein e em Omã, todas nações maioritariamente muçulmanas.
Mohammed Alarefe, que além de líder religioso é também professor de Religião na Universidade Rei Saud, em Riade, na Arábia Saudita, com a sua enorme influência no país e em todo o mundo árabe, acaba de lançar a “semente da pressão” sobre a FIFA, com vista a banir símbolos religiosos cristãos do futebol.
Só falta saber o que pensa Alarefe dos sinais religiosos muçulmanos que são feitos por alguns jogadores, nomeadamente quando se ajoelham para agradecer um golo, fazendo os típicos gestos da oração islâmica.
@MohamadAlarefe حتى اللاعبين المسلمين يحتفلون على طريقتهم الخاصة ، الفيفا تجمعنا 💙💙. pic.twitter.com/Jj67pDnBQz
— فانسي ⓫. (@SirFanciful) May 5, 2017
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