A FIFA admitiu esta quinta-feira que o Mundial de futebol do Brasil poderá não ser o mais “verde”, mas terá a estratégia de sustentabilidade “mais exaustiva” da história do campeonato.
“Os atrasos nos estádios e a pressão decorrente da necessidade de se construir os estádios de maneira apressada pode levar a certos abusos, como o desrespeito a condições de trabalho e itens de sustentabilidade previstos, que acabam pode deixar de ser prioridade”, afirmou o chefe do departamento de Responsabilidade Social e Sustentabilidade da FIFA, Federico Addiechi.
Cinco dos 12 estádios construídos ou reformulados para o Mundial ainda serão inaugurados, a pouco mais de quatro meses para o arranque do evento, a 12 de junho, em São Paulo. Entre os recintos prontos, apenas a Arena Castelão, em Fortaleza, o primeiro a ser inaugurado, em dezembro de 2012, conseguiu obter a certificação ambiental exigida.
O argentino Federico Addiechi adiantou, em conferência de imprensa, que os cálculos das emissões do Mundial2014 “coincidem” com os das análises prévias que se fizeram na África do Sul, em 2010, e que apontam para a geração de 2,7 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2).
Na África do Sul, após a conclusão do campeonato, baixou-se o cálculo das emissões para 1,6 milhões de toneladas de CO2, depois de se verificar que houve menos espetadores do que se esperava.
Addiechi declarou não poder comentar com precisão os cálculos feitos no último Mundial de futebol, porque quem os realizou foi o governo sul-africano, que não os cedeu à FIFA.
O responsável do organismo que supervisiona o futebol ao nível global garantiu que no Brasil, tal como acontecera com o Mundial feminino da Alemanha, em 2011, as previsões “são precisas”, uma vez que “a FIFA e o comité organizador local têm acesso aos dados”.
No caso do Mundial do Brasil, que se realiza entre 12 de junho e 13 de julho, cerca de 80 por cento das emissões correspondem a viagens de avião, ditadas pela distância entre os vários palcos da prova, embora esse fator seja compensado com o facto de a matriz energética brasileira ser “mais limpa” do que a da África do Sul.
Metade da energia consumida no Brasil, incluindo os combustíveis, é proveniente de fontes renováveis. Além disso, cerca de 80 por cento da energia elétrica é produzida por centrais hidroelétricas.
O Mundial do Brasil é o primeiro da história da competição em que a FIFA e o comité organizador local decidiram incrementar uma estratégia conjunta de sustentabilidade ambiental.
É também a primeira vez que os organizadores se comprometeram, de forma voluntária, que os 12 estádios que vão receber partidas do Mundial2014 terão certificados de sustentabilidade ambiental, englobando o aproveitamento de escombros na construção das infraestruturas, poupança de água e energia e instalação de placas solares fotovoltaicas e sistemas de captura de chuva.
“Esta é a primeira estratégia de sustentabilidade. Não é perfeita, mas pode ampliar-se. Fazer estas coisas é sempre difícil e gostaria de fazer mais, mas é a estratégia mais exaustiva que se fez até agora. É muito melhor do que fizemos no passado”, concluiu o responsável da FIFA.
A partir do Mundial da Rússia, em 2018, os certificados de sustentabilidade serão um requisito obrigatório para os estádios e a FIFA obrigará à incrementar outros elementos “verdes”.
/Lusa
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